A História

Primeiro DBM - Desafio Bicicletas ao Mar

Dia do Desafio do 1º DBM em 2012, cerca de 150 ciclistas

Em meados de 2011, eu (André Pasqualini) levei um grupo de amigos, todos iniciantes no mundo do pedal, pra pedalar pela Ciclovia da Marginal Pinheiros em São Paulo. Durante o pedal contei várias histórias sobre aquela ciclovia, mas quando disse que dali partia uma Rota Cicloturística (a Rota Márcia Prado) que levaria o ciclista até a cidade de Santos o que eu vi? Uma sequência de olhos brilhando seguida por um sentimento conjunto de frustração do tipo “Isso não é pra mim”, foi quando lancei o Desafio:

“Escolham uma data com um mês de antecedência que eu os treino e TODOS chegarão na praia”

Passaram alguns meses até que em março de 2012 me passaram uma data, 15 de abril de 2012. Agora eu tinha um mês para transformar aquele grupo de pedalantes de ciclofaixas em cicloturistas. Como já estava na roça pensei – “Quem treina três treina cem” então soltei aqui mesmo nesse blog um post convidando o pessoal para treinar e chegar na praia no dia 15 de abril.

Depois de divulgado agora era um compromisso, criei um evento no Facebook onde combinava treinos todos os domingos e logo no primeiro treino apareceram uns 30 ciclistas. A maioria bem iniciantes e lá fomos nós ensinar como calibrar um pneu de bicicleta corretamente, descobrir a altura do banco e por aí vai.

Treino dominical pelas (na época escassas) Ciclovias e Ciclofaixas de São Paulo, em abril de 2012

Treino dominical pelas (na época escassas) Ciclovias e Ciclofaixas de São Paulo, em abril de 2012

A cada domingo eu aumentava um pouco a dificuldade dos treinos. Outro amigo, impossibilitado de participar dos treinos de domingo, pediu para treiná-lo as terças e quintas de noite. No começo era um treino individual que não demorou a ser mais um grupo com dezenas de ciclistas pedalando pelas noites paulistanas.

Quando chegou o fatídico 15 de abril de 2012 encontrei cerca de 150 ciclistas me esperando pra levá-los até a praia. A minha sorte é que treinei tão bem aqueles iniciantes que graças a eles conseguimos levar todos em segurança até a praia.

“Meu desafio começou no primeiro desafio, eu sofri demais. Cheguei ao final com um palmo de língua pra fora e decidido a voltar e chegar como eu vi alguns, cansados mas vivo. Depois de recuperado larguei o meu carro, passei a pedalar 45km todos os dias, emagreci uns 15kg, fui para Sorocaba que foi um sonho maior que o de ir ao mar, pois vivi minha infância toda em Sorocaba e chegar lá de bike foi maravilhoso. Ontem consegui descer sem ficar parando de poste em poste, não bebi toda a água de todos os bares do caminho, cheguei em Santos 2 horas mais cedo que da outra vez e inteiro. Hoje cedo me deu vontade de vir de carro trabalhar, mas não me entreguei, pois já tenho outro desafio em mente, perder mais 30kg e chegar lá sem por o pé no chão.

Eli Aguero

Nem bem acabou o primeiro Desafio e foi criado um grupo no Facebook que já deu início as discussões do 2º DBM que ocorreria ainda em 2012. No próprio grupo nasceu a ideia de se cobrar um valor de inscrição. Cobrar pra ajudar o pessoal a pedalar nunca me agradou, mas aceitei desde que ela não fosse obrigatório. Cobramos R$50,00 que dava direito ainda a uma camiseta e nessa edição cerca de 280 ciclistas chegaram à praia.

Na estrada de Manutenção, já em Cubatão, no Desafio do 2º DBM

Na estrada de Manutenção, já em Cubatão, no Desafio do 2º DBM

Já o 3º Desafio foi a prova de que é possível realizar um evento com centenas de ciclistas de forma organizada e segura. Essa edição teve mais de 300 inscritos e para aumentar o Desafio, durante os treinamentos ocorreu a interdição da Estrada de Manutenção da Imigrantes devido a um desastre natural ocorrido em fevereiro de 2013.

Estrada da Manutenção em 2013, depois de uma série de deslizamentos

Estrada da Manutenção em 2013, depois de uma série de deslizamentos

Como a descida para praia deveria ocorrer de qualquer maneira, o trajeto do dia da descida foi alterado para a Rodovia Oswaldo Cruz que liga as cidades de Taubaté até Ubatuba. Cerca de 120 ciclistas participaram dessa descida sendo que metade deles realizou uma verdadeira Cicloviagem partindo de São Paulo até Taubaté e no dia seguinte de Taubaté até Ubatuba.

Além da criação dos Guias, nesse DBM ocorreu a participação de dois hand-bikes que chegaram à praia

Além da criação dos Guias, nesse DBM ocorreu a participação de dois hand-bikes que chegaram à praias

Nessa edição nasceu também a categoria dos Guias, que foi criada para atender uma demanda dos ex-desafiantes que não queriam ficar de fora das futuras edições dos DBMs. O interessante da categoria de Guias é que eles não precisam ser experts no mundo da bike mas sim “experts em DBMs”. Quem melhor para orientar e dar aquela força para um Desafiante senão alguém que a poucos meses passou por situação parecida? Outra novidade foi a participação de dois “hand-bikes” (cadeirantes que usam uma bicicleta especial) e para a felicidade do grupo ambos conseguiram chegar à praia.

O 4º e 5º DBM foram realizados testes para a montagem de grupos menores e onde foi inserida a Avaliação dos ciclistas. A ideia era boa, mas na prática não funcionou muito bem. Também foi criada a categoria de Tutor, ciclistas mais experientes que são responsáveis por definir os trajetos dos treinos noturnos e principalmente motivar seus Desafiantes a chegarem à praia.

Bica com água potável na Estrada de Manutenção, dentro do Parque da Serra do Mar

Bica com água potável na Estrada de Manutenção, dentro do Parque da Serra do Mar

Meu coração esta aberto desde o primeiro contato que fiz com essa turma, foi quando encontrei com Marcelo Nahoum na bicicletada e comentei minha vontade de descer. Ele me passou o contato e dai já me joguei. Desde no meu primeiro passeio fui incentivada, estava com grande receio de não conseguir completar o percurso e atrapalhar toda a turma, mas ai um anjo disse: – você consegue o passeio é tranquilo e me passou tanta confiança e lá fui eu.

Dai comecei a conversar com um e com outro e com outro e fluiu uma troca de energia tão gostosa que os treinos passaram-se a se tornar encontros, diversão garantida e overdoses de incentivos, não posso negar que fiquei apavorada com a 1ª. ladeira e que até precisei empurrar a bike, mas mesmo assim fiquei feliz, foi minha primeira volta fora do percurso Ibira – Villa Lobos, daí pra frente, vi que realmente havia sido contaminada pela “biketeria” e quero viver muito mais experiências como essas, pois cada uma terá sua magia e superação.

Não da pra citar nomes, mas queria deixar meu agradecimento a cada um que fez parte desde grupo tão bonito e que me ensinou que uma LADEIRA é somente uma forma de chegar ao TOPO e ver coisas BELAS… Não posso conter minha emoção neste momento, foram muitos momentos bons, de união e solidariedade. QUERO MAISSSSS !!!!!!

Renata Finoti

Esses são alguns dos breves relatos de alguns Desafiantes, para ler mais relatos clique nesse link aqui

Encarando as subidas de São Roque, último treino antes do dia do Desafio

Encarando as subidas de São Roque, último treino antes do dia do Desafio

 Já o 6º DBM em 2015 houve outra novidade um pouco forçada. Para percorrer a Rota Márcia Prado e acessar a Estrada de Manutenção da Imigrantes somos obrigados a percorrer um pequeno trecho de Imigrantes. Depois de incontáveis ações da Ecovias para impedir que a gente pedalasse pela rodovia, conseguimos uma autorização para vencer o trecho de Serra do Mar pelo Caminho do Mar, também conhecida como Estrada Velha de Santos.

O problema é que o Parque estava concedido à iniciativa privada que cobrava pela realização de eventos, aí não teve mais jeito e a cobrança de inscrição passou a ser obrigatória.

Dentro do Pouso Paranapiacaba, no alto da estrada Caminho do Mar

Dentro do Pouso Paranapiacaba, no alto da estrada Caminho do Mar

Desde o início me incomodei com a cobrança de inscrições, pois como cicloativista, acredito que devemos tirar do caminho dos ciclistas iniciantes tudo que for complicador. Já basta nossas cidades para desestimular alguém a pedalar, o dinheiro não pode ser mais um, mas o próprio DBM tinha custos que precisavam ser bancados de alguma forma.

Como a descida pela Estrada de Manutenção dependia de uma obra com ciclovias e passarelas ali perto da Interligação, eu não ia esperar a obra ser realizada pra poder organizar um novo DBM (*atualização, a obra deve ter início em 2023) então passamos a fazer o trecho de descida pela Estrada Velha de Santos pagando o que fosse necessário.

Após a 6ª edição o Parque retornou para a Fundação Florestal que ainda manteve a cobrança de acesso nas 7ª e 8ª edições. Foi quando descobri que se eu realizasse um evento gratuito a Fundação me liberaria de taxas e finalmente realizei o sonho de organizar um DBM 100% gratuito. Foi a 9ª Edição que rolou em março de 2019 levamos  quase mil ciclistas pra praia! Depois veio a Pandemia e o DBM voltou foi para a geladeira.

Dentro do Pouso Paranapiacaba, no alto da estrada Caminho do Mar

Já em 2021, com a pandemia sob controle, o Parque Caminhos do Mar estava novamente sob concessão, agora pela empresa Parquetur, firmamos uma nova parceria e conseguimos organizar as edições 10, 11 e 12 do DBM, sendo que a última para quase 2 mil ciclistas.

Durante essas últimas edições consolidamos o sistema de treinos categorizados, os mais fáceis, de categoria 4 que evoluem até a categoria 1 mais difíceis. Temos uma rede com mais de 1300 ciclistas só nos nossos grupos de whatsapp e cerca de 60 Guias voluntários que sempre que podem puxam treinos dentro de cada categoria.

E a história vai sendo construída, já se passaram dez anos do DBM e se depender dessa galera ele esta longe de acabar, e enquanto não atualizamos a história, veja no banner abaixo quando irá ocorrer a próxima edição e garanta seu lugar!