Pretendia dividir esse post em várias partes, mas não busco com esse post apenas acessos e sim a criação de um pequeno guia dessa que é uma das minhas rotas preferidas. Fica muito perto de São Paulo, passa por regiões bem preservadas e por diversas vezes deserta, onde o homem ainda não conseguiu chegar com seu poder destrutivo, portanto precisamos desbravá-la enquanto há tempo.

Quem sabe um dia eu disponibilize aqui esse mesmo guia em formato pdf para que o ciclista imprima e o carregue durante sua viagem, até porque dificilmente ele conseguirá acessar a internet quando estiver pedalando pelas ilhas. Nessa viagem você passará por ilhas onde não há carros, ou energia elétrica, pedalará por praias desertas, andará de barco, trem e pisará em muita areia. Mas se você é daqueles que só consegue viajar com conforto e serviço de quarto, melhor nem continuar a leitura, até para não ficar com água na boca.

A rota Ilhas do Sul tem início em Ilha Comprida e leva o ciclista até a cidade de Curitiba, passando por cinco ilhas (Ilha Comprida, Cananéia, Ilha do Cardoso, Ilha do Superagui e Ilha das Peças). O trecho inicial é exatamente o trecho que irei faço com os ciclistas na Expedição Ilha Comprida e Ilha do Cardoso, como sei que a maioria dos ciclistas que realizar essa viagem irá realizar o trajeto inteiro em outra oportunidade, já fica aqui o guia.

Pedalei por essa região em minha primeira cicloviagem em 1996, que inclusive está narrada em meu primeiro livro. Nessa aventura, eu e meu amigo Claudio saímos pedalando de São Paulo e fomos até a Ilha do Cardoso. Sempre fiquei com vontade de continuar a viagem até a Baia de Paranaguá, foi quando surgiu a oportunidade de guiar um grupo de alunos de uma escola rural de Botucatu por esse trajeto em 2009. E recentemente, em maio de 2012, voltei para refazer esse mesmo trajeto, agora na companhia da minha principal parceira de viagem. Não farei um relato detalhado como estou acostumado a fazer, desta vez tentarei ser mais objetivo, como um guia deve ser.

Em 1996, comemorando ter alcançado a distância de 300 quilômetros, pela primeira vez em uma cicloviagem

Início em Ilha Comprida

A dica que eu dou é que o ciclista pegue um ônibus na estação Barra Funda e vá até Ilha Comprida, diferente do que fizemos no álbum de fotos acima quando descemos em Iguape. Provavelmente você terá pouco tempo para percorrer todo o trajeto, sugiro que você inicie a jornada da Ilha Comprida, até porque a linha que serve Iguape é a mesma que te leva para a Ilha. A vantagem de iniciar na Ilha Comprida é uma maior possibilidade de hotéis, pousadas e campings, além de iniciar rapidamente o pedal da praia. Partindo de Iguape você terá que pedalar, no mínimo uns 8 quilômetros até a praia.

A empresa de ônibus que te levará até a Ilha Comprida, partindo de São Paulo, é a Intersul. Para encontrar opções de hospedagem na cidade sugiro o Guia de Ilha Comprida. Na hora de escolher por telefone ou email a pousada, dê opção a aquela que fique mais próxima da Avenida Copacabana com a Beira Mar. Pergunte a distância em quilômetros do posto do Corpo de Bombeiros, onde você iniciará sua viagem pela Ilha Comprida.

A Ilha Comprida é uma ilha com cerca de 60 quilômetros de comprimento e 4 quilômetros, em média, de largura. Quando pedalei pela primeira vez, em 1996, após os primeiros 10 quilômetros ela se tornou totalmente deserta. Na época a travessia Iguape – Ilha Comprida era feita de balsa. Com a ponte a especulação imobiliária ganhou força e hoje não será difícil encontrar loteamentos (em área que deveriam ser de preservação total) nos primeiros 20 quilômetros de pedal.

Pedalar por quilômetros de praias, sem acidentes geográficos de difícil transposição, com poucos carros e com tempo bom é algo surreal. Você irá ainda encontrar lindas dunas fixas durante a sua pedalada, algo que eu achava improvável no litoral de São Paulo e até onde eu sei, é o único lugar do estado onde você encontrará dunas.

O vento predominante é rumo ao sul na maior parte do ano, principalmente no verão, portanto a sugestão é que, nessa época, você percorra o trajeto sentido Ilha Comprida – Paranaguá. Já fiz esse trajeto dezenas de vezes, sempre no sentido Norte-Sul e na maioria das vezes eu peguei vento a favor. Ocorre que algumas vezes peguei vento contra e sempre que isso ocorreu estava pedalando no inverno. Portanto, antes de realizar a viagem, vale a pena conferir a direção dos ventos e definir qual o melhor sentido do deslocamento.

Outra consulta que o ciclista deve fazer é em relação as marés, antes de viajar verifique a tábua das marés da região sabendo que as melhores marés são as minguantes e crescentes por ser mais estáveis. Na lua nova e lua cheia, as marés são mais extensas, ou seja, a maior e menor maré são longas, enquanto na lua cheia a maré alta pode tomar a praia inteira, na baixa ela pode se afastar deixando uns 50 metros da praia. Já nas minguantes e crescentes elas sobem e diminuem menos. No link abaixo você pode ver, tanto a direção dos ventos da região como consultar a tábua das marés.

http://www.climatempo.com.br/previsao-do-tempo/cidade/2074/ilhacomprida-sp

Lembrando que as luas cheia e nova não o impedem de pedalar, apenas você terá que se organizar para não ter que pedalar em maré alta. A melhor condição é iniciar a pedalada quando a maré começar a descer. As travessias de barcos também sofrem interferência das marés, na alta, dificilmente algum pescador fará a travessia em alguns trechos.

Voltando ao pedal na Ilha ainda, do corpo de Bombeiros até a balsa de Cananéia, são cerca de 45 quilômetros que dependendo das condições do vento (e do seu condicionamento), podem ser percorridos de duas a seis horas. Depois de muita praia deserta, você começará a ver alguns quiosques e uma barreira impedindo os carros de continuarem, significa que você está no trecho de Cananéia de Ilha Comprida. Você encontrará uma estrada de 4 quilômetros da praia até a balsa, um trecho com muita areia onde você terá dificuldade para pedalar. Em maio de 2012 peguei muita chuva e lama, o que nos forçou a atravessar esse trecho empurrando, foi a pior condição que encontrei. Mas na maioria das vezes que encarei, apesar da dificuldade de tração, não deixa de ser pedalável. Sem dúvida um dos trechos mais complicados da viagem, tirando os problemas que você possa vir a ter com a maré.

Chegada em Cananéia

Ao chegar a Cananéia, assim que cruzar a balsa você deve ir para a direita e caminhar cerca de 300 metros. Irá encontrar um píer com vários barcos que partirão para diversos pontos da Ilha do Cardoso. Quem vai seguir para Paranaguá deve escolher o barco que vai para a vila de Marujá, já o preço vai depender do horário e o dia da semana. Se der sorte e encontrar uma escuna saindo, poderá fazer o trajeto por 30 reais em cerca de duas horas e meia. Mas as escunas só saem nos sábados de manhã e as vezes as 14h00, geralmente quando conseguem formar um grupo de 20 pessoas no mínimo.

Há ainda o barco de passageiros da Dersa que faz uma linha regular, o preço (em out de 2012) é R$45,00 (consultar o valor exato aqui) para turistas, se sua chegada em Cananéia coincidir com a partida do barco, é uma boa alternativa, esse barco também faz o trajeto em cerca de duas horas. Vale a pena ligar para a Dersa e confirmar os horários, pois infelizmente o site da Dersa não informa. Outra dica, se for passar um dia em Cananéia e for dia de semana, vá até a prefeitura, diga que está fazendo um trabalho de pesquisa, (ou conte a verdade, diga que a grana está curta) e veja se consegue uma autorização para usar o barco pagando valor de morador (nesse caso R$5,90). Não é garantido, mas nós conseguimos viajar nesse barco dessa forma em 1996.

Na pior das hipóteses você pode pegar uma voadeira que custa de 200 a 250 reais e cabem até 6 pessoas. Se conseguir encher a voadeira o preço pode ser interessante, mas se você for sozinho terá que arcar com o custo integral dela. O lado bom é que o trajeto será feito em apenas 40 minutos.

Ilha do Cardoso

A Ilha do Cardoso é um parque estadual e há um forte controle sobre suas atividades e uma impossibilidade de haver especulação imobiliária no local. As casas que lá existem são de pescadores que viviam na ilha antes dela se tornar um parque. Apenas os descendentes dos moradores podem construir na ilha, mas como muitos desses descendentes acabam se mudando para os grandes centros, dificilmente haverá uma explosão populacional na ilha.

A vila de Marujá é bem simples, a energia elétrica é de gerador e seus moradores vivem da pesca e do turismo. Há duas pousadas humildes na vila e cada morador pode alugar seu terreno para o Camping com um número limitado de barracas, conforme o tamanho do terreno. Aliás há na ilha um controle sobre o número de turistas que não podem passar de mil pessoas ao mesmo tempo, portanto se sua viagem irá ocorrer em feriados ou no final do ano, é bom fazer sua reserva com antecedência. Como geralmente os ciclistas estão de passagem, dificilmente você terá problemas se resolver ir para a ilha sem reserva.

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Praia do Marujá

Da vila do Marujá é possível realizar vários passeios a pé como a caminhada as piscinas da lage, até o rio Cambriú, ou até a Cachoeira Grande (essa última é necessário alugar guia e barco). A caminhada até o rio Cambriú é fácil de ser feita, basta seguir até a Praia do Marujá, caminhar por dois quilômetros sentido norte até o costão de pedras e atravessá-lo. Até daria para ir de bike, mas o ciclista terá que carregar a bike nas costas por mais de um quilômetro de costão de pedras até uma trilha junto a um despenhadeiro. Só recomendo que a pessoa leve a bike se for um ciclista muito experiente e com um excelente preparo físico.

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Há uma trilha como alternativa ao costão de pedras, já fui com uma bicicleta por ela e na maior parte do trajeto tive que empurrar ou carregar a bike, portanto o melhor mesmo é deixar a magrela na vila e percorrer o trajeto a pé.

Vencendo o costão (ou a trilha) você sairá na linda Praia da Lage e terá que caminhar pelos seus seis quilômetros de extensão. Ao final da praia você atravessará outro pequeno costão de pedras com mais duas praias a Foles Grande e Foles Pequeno, até chegar a praia de Cambriú e encontrar o rio que leva seu nome. Dali em diante não tem como seguir em frente, a não ser que você esteja com uma Bike Anfíbia. Me disseram haver uma trilha bem complicada, que você só consegue acessar em maré baixa (cruzando o rio), saindo na Praia de Ipanema. Mas só sei da sua existência por boatos, portanto o ideal é que sua jornada termina aqui, até porque você terá mais 20 quilômetros de retorno pelo mesmo caminho.

Praia da Lage

O outro passeio é para as Piscinas da Lage, nesse caso o trajeto é o mesmo da praia de Cambriú até a Praia da Lage. Nessa praia há uma trilha que não é sinalizada, para percorrê-la é necessário contratar um guia no Marujá. O problema é a cobrança que eu considero abusiva, cobrar 150 reais para levar o pessoal pela trilha considero um exagero. Aliás tirando as pousadas (de 40 a 50 reais por cabeça) e a comida na ilha (15 a 20 reais o prato feito), o restante, além de sofrer com a lei da oferta e da procura, também  sofre com uma espécie de cartel e todos cobram o mesmo valor. Se tiver um grupo grande e conseguirem rachar o guia, vale a pena o passeio.

Rumo a Ilha do Superagui

Depois de desbravado as trilhas da Ilha do Cardoso, chegou a hora de seguir viagem rumo ao sul, são 20 quilômetros até o Pontal, a partir do Marujá, onde você fará sua travessia para a Ilha do Superagui, já no estado do Paraná. Verifique novamente a tábua das marés para não correr o risco de ficar preso na praia esperando a maré esvaziar. Você tem que se preocupar em chegar ao Pontal em maré baixa, do contrário terá que esperar a maré começar a vazar para fazer a travessia. Com maré baixa e vento a favor, é possível vencer o trajeto em uma hora, mesmo assim reserve duas horas para percorrer o trecho já contando com as intempéries.

Ali se você quiser tirar toda a roupa e realizar a sua versão do WNBR, fique a vontade, pois será um dos trechos mais desertos da ilha. Ao chegar ao Pontal, cruze a vila e vá para o outro lado da canal, ali basta procurar um pescador e negociar a travessia. Dependendo de em quantas pessoas estiverem, eles podem cobrar de 5 a 20 reais por cabeça. Ali o pessoal não tem tendência a extorquir o ciclista como infelizmente ocorre em outros lugares.

Ao cruzar o canal você já estará na Ilha do Superagui, estado do Paraná, são mais 30 quilômetros até a vila do Superagui e mais uma vez você terá que tomar cuidado para não ter problemas com a maré. Em 2009 ficamos preso na areia fofa e tivemos que esperar por duas horas até a maré baixar. Nossa sorte que paramos em frente a uma casa de pescadores, fomos muito bem recebidos, nos deram água, comida e um bom papo. Se você também ficar preso por causa da maré, tente pedalar até um poste ou observadores que podem serem vistos de longe. Se encontrar uma dessas entradas, entre e faça uma visita e muito provavelmente você será bem recebido.

Mais adiante há um rio, uns 25 quilômetros após sua entrada na ilha do Superagui. Em 2009, para realizar a travessia tivemos que realizar um verdadeiro mutirão, o trecho mais raso do rio tinha cerca de 1 metro e atravessamos erguendo as bicicletas, para não molhá-las. Mas essa é uma região constantemente modificada pela força da maré e em 2012 não encontrei aquele rio e sim um enorme lago com uma pequena vertente para o mar, dessa vez conseguimos atravessar pedalando, sem sequer molhar os alforges.

Cinco quilômetros após o rio, você chegará à vila Barra do Superagui, uma vila do município de Guaraqueçaba, no Paraná. A população de toda ilha deve girar em torno de 1500 pessoas. Essa vila é bem servida de infraestrutura, são vários os Campings e algumas pousadas, aqui comi um camarão 7 barbas gratinado mais saboroso da minha vida. Em 2009 ficamos nessa ilha, mas em 2012 logo que chegamos já fizemos a travessia, pois pretendíamos dormir na Ilha das Peças e pegar o barco que nos levaria a Paranaguá logo cedo. Aqui tive que negociar muito a travessia, que apesar ser bem mais fácil que a do Pontal, tentaram cobrar 40 reais por cabeça. Consegui negociar e chegar a 20 reais, o que mesmo assim eu considero um valor alto.

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Nessa ilha, no ano de 1990 foi descoberto o Mico Leão da Cara Preta que só pode ser encontrado na ilha. Tem um morador da ilha que sabe como encontrar esse mico, caso você queira tentar achá-lo, fique na ilha, converse com os moradores e peça para essa pessoa guiá-lo, mas com certeza você terá que pagar e mesmo assim não é garantia de encontrá-lo.

Ilha das Peças

Em 2012, como queríamos pegar o barco regular que faz o trajeto Ilha das Peças – Paranaguá, por isso optamos em seguir direto para a ilha das Peças, já que o barco parte as 7h20 de lá. Mas é possível dormir na Ilha do Superagui, acordar bem cedo, realizar a travessia e percorrer os 10 quilômetros até a vila da Ilha das Peças, chegando antes da partida do barco. Nesse caso você deve estar atento as condições da lua e da maré para verificar se a maré não estará alta por volta das 6h00 da manhã. Me disseram haver barcos que saem do Superagui direto para Paranaguá, mas é preciso verificar isso na hora.

Voltando a travessia, você gastará no máximo 10 minutos para cruzar o canal e desembarcar na face norte da Ilha das Peças, a partir dali você terá que contornar a ilha até a Vila das Peças, num trajeto de 10 quilômetros. Em 2009 gastamos 75 minutos no trajeto devido a necessidade de carregar as bicicletas nas costas num ponto onde encontramos a maré alta, já em 2012 gastamos cerca de 57 minutos até a vila, sem nenhum problema com a maré e com várias paradas para fotos no meio do caminho.

Nas duas viagens tivemos encontro com os botos, tanto mortos na praia (ambos no mesmo local), como com os vivos que encontramos logo adiante, próximo da vila. Era final de tarde e eles estavam atacando um cardume, dava para ver as aves mergulhando para participar do banquete. Há a possibilidade de avistar botos em Cananéia, no trajeto de barco até a Ilha do Cardoso, no Pontal, chegando em Supergui e próximo na Ilha das Peças. Não importa onde você os encontre, sempre será um encontro mágico.

Na vila da Ilha das Peças não há tantos atrativos, sequer encontramos um bar para comer aquele camarão maravilhoso que comi em Superagui. Há algumas pousadas e até locais para camping na vila, mas não considero o lugar mais legal para passar uma noite, portanto se as condições climáticas ajudarem, prefira dormir em Superagui, realizar a travessia do canal bem cedo e pedalar até a Ilha das Peças para pegar o barco para Paranaguá. Se informe também em Superagui sobre os horários que o barco parte de Ilha das Peças no dia. O preço do barco é de 14 reais por pessoa, esse sim um valor mais que justo, até porque a travessia dura pouco mais de uma hora.

A travessia até Paranaguá rumo a Morretes

A travessia é bem bonita, provavelmente você encontrará botos pelo caminho, passará ao lado da Ilha do Mel, do Porto de Paranaguá e entrará na baia da bela cidade com seus casarões seculares. Em 2009, enquanto o pessoal realizou a subida de trem, resolvi subir de ônibus até porque eu queria chegar mais rápido em Curitiba, já que o trem só partiria no final da tarde. Na rodoviária passei um enorme perrengue para colocar minhas bikes no ônibus pois a empresa que faz o trajeto queria cobrar 10 reais pela passagem, mais 15 reais por bicicleta. Um absurdo, até porque o bagageiro subiu vazio. Minha recomendação é que você fuja dessa Viação Graciosa, gaste mais subindo de trem, suba pedalando, faça qualquer coisa, mas não use essa empresa em hipótese alguma.

Naquele dia de 2009, o pessoal da escola até deu sorte, pois não é sempre que o trem vai até Paranaguá (apenas aos domingos). No final de semana de 2012 ele iria apenas até Morretes e como nós chegamos cedo e estávamos a fim de comer o famoso Barreado da cidade, seguimos pedalando por 40 quilômetros até a cidade.

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O trajeto é bem tranquilo, na saída da cidade há até uma Ciclovia, depois você pode seguir pelo acostamento da Rodovia por cerca de 20 quilômetros, até encontrar a entrada para Morretes. O trajeto é na maior parte do tempo plano, há poucos morros apenas no trecho entre a auto-estrada e Morretes, mas nada que complique sua vida. Em 2012 fizemos o percurso de 40 quilômetros de Paranaguá a Morretes em menos de 3 horas.

A chegada em Morretes e a viagem no Trem Turístico

Ao chegar a Morretes você vai atrás do Barreado, há vários restaurantes que o servem, eu já fui duas vezes no Madalozo e gostei, o preço é cerca de 25 reais por cabeça e o prato é único. Eles irão te servir várias coisas, além do Barreado eles servem uns bolinhos de camarão, banana empanada, salada, maionese, vem muita coisa e tudo a vontade, recomendo muito.

Terminamos o almoço por volta das 12h30, como o trem partia as 15h00, ainda tínhamos um bom tempo para curtir a cidade. A estação de trem fica a cerca de 1 quilômetro do restaurante, se não estivesse tão frio, haveria tempo até para dar uns mergulhos no rio que passa ao lado do restaurante.

Chegamos na estação as 14h15 até para termos tempo de colocar as bicicletas no vagão de carga. Há até um Bicicletário tipo “açougue”, onde as bicicletas ficam penduradas pela roda da frente, como minha bicicleta estava com as malas, ela acabou ficando no chão, presa em uma estrutura do trem. Havia várias bikes no vagão, são muitos os ciclistas de Curitiba que descem até Morretes, seja pela rodovia principal, seja pela Estrada da Graciosa, ou por várias trilhas que os levam até a baixada. Diferente de São Paulo, onde os ciclistas tem que caçar opções e na maior parte das vezes realizar a descida de forma clandestina, os curitibanos tem uma gama de opções e em nenhuma delas eles encontram contratempos.

A viagem de trem é belíssima, leva pouco mais de 3 horas e passa por despenhadeiros maravilhosos. O objetivo aqui é contemplar o visual e não velocidade, de qualquer forma é ótimo ter essa opção que definitivamente é a mais escolhida pelos ciclistas, mesmo sendo mais cara que o ônibus. A passagem econômica do trem é 40 reais (mais R$5,00 pela bicicleta), contra os 30 reais do ônibus (15 reais da passagem, mais 15 reais da bicicleta). Outra opção é subir pedalando a estrada da Graciosa, se você tiver tempo e um bom condicionamento, recomendo, vale muito a pena.

Em Curitiba, se você subir de trem, pode seguir direto para a rodoviária (que fica ao lado da estação) e pegar o ônibus. De lá você poderá vir de Itapemirim ou de Cometa, em 2009 vim de Itapemirim e tentaram nos cobrar 15 reais por bicicleta, nessa hora eu dei uma enrolada, falei que era federado, que na ida não me cobraram nada e deixaram de cobrar a taxa extra. Como a Cometa recentemente anunciou que considera a bicicleta bagagem pessoal e que não cobrará taxa alguma, exceto se ocorrer excesso de bagagem, vá de Cometa, nem perca tempo na Itapemirim. Em 2012, a passagem custava cerca de 67 reais.

Feito o guia, fica a dica, desbrave as ilhas do sul do estado de São Paulo e realize uma viagem que não haveria outra maneira de ser feita, senão de bicicleta. Tenho certeza que quem passar por essa experiência entrará para o mundo do cicloturismo para nunca mais sair e repensará totalmente a forma “ultrapassada” que encarávamos o turismo antes da bicicleta entrar em nossas vidas.

Se realizou a viagem seguindo esse guia, conte aqui sua experiência e até mesmo me ajude a atualizar as informações que serão úteis a outros ciclistas.

André Pasqualini