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A cidade de Palmas é muito nova, tem apenas 21 anos, é considerada uma cidade planejada. Infelizmente a noção de planejamento que a maioria dos brasileiros tem é construir cidades para carros e não para pessoas.

Palmas é plana e beirava o Rio Tocantins onde ele foi represado e construído um grande lago. A leste temos a Serra do Carmo a poucos quilômetros da cidade, a separando do Parque do Jalapão.

Palmas é cortada por avenidas, as LOs (leste, oeste) e NSs (norte, sul) com poucos semáforos e diversas rotatórias, a parte que eu considero mais crítica. Até porque as rotatórias são infraestruturas de Traffic Calming, para reduzir a velocidade dos carros, mas aqui são usadas para dar mais fluidez, o resultado já devem imaginar.

Mesmo assim é ótima para pedalar, até pela planitude da cidade. Há poucas ciclovias, mesmo assim vi muitos ciclistas nas ruas, a maioria gente simples, usando a bike como meio de transporte. Infelizmente o número de motos também é grande, o resultado é o grande número de acidentes, poluição (do ar e sonora) e muito desrespeito, principalmente nas rotatórias.

Pra variar, não há nenhum incentivo por parte do governo com o objetivo de aumentar o número de deslocamentos não motorizados. Grande parte das avenidas não tem calçadas e o transporte coletivo se resume a poucas linhas que não atendem os bairros. De onde estou, teria que andar mais de 1 kms só para chegar num ponto de ônibus.

Na TV vi uma entrevista do prefeito, onde ele anunciava a construção de prédios para as secretarias da prefeitura. Uma das maneiras de justificar os gastos era afirmar que a obra criaria “várias vagas de estacionamento”, como se todos os cidadãos de Palmas fossem obrigados a andar de carro.

Mesmo assim a cidade é muito boa para a bicicleta, não apenas como transporte mas principalmente como lazer. Saí com meus anfitriões para 3 passeios de bike durante minha estadia, o primeiro foi um pedal noturno onde subimos até o Limpão. Uns 10 kms de pedal, a cerca de 200 metros acima do nível da cidade, de lá temos uma bela vista de Palmas.

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No dia seguinte uma trilha diurna, a trilha das Araras, um pedal com cerca de 20 kms, com morros, down hills, muita pedra e com vários mirantes.

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A noite seguimos da trilha até o Corpo de Bombeiros onde realizamos mais outro pedal.

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Tem todas as tribos aqui, mas a maioria curte mesmo um MTB e entrei em mais um pedal noturno intercalando áreas urbanas com as trilhas próximas ao lago, com direito a várias travessias de riachos. Tem muito mais fotos no álbum do Facebook, confiram.

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A única coisa que senti falta é um pouco mais de motivação para a criação de uma cultura da bicicleta na cidade. Palmas tem tudo para ser uma cidade das bicicletas mas ela é ainda vista mais como um brinquedo do que um estilo de vida.

Creio que se a galera daqui investir nessa linha, além de aumentar o número de ciclistas, eles poderão forçar até uma mudança de direção nos rumos da cidade.

Até porque esse planejamento que fomenta apenas o transporte individual motorizado, em breve irá levar a cidade ao caos comum a maioria das capitais que visitei, daí será mais difícil reverter o quadro.

Adorei a cidade de Palmas, muito bela, com uma galera muito da paz e com ótimo astral. Sigo hoje pro Jalapão já com saudades da cidade e espero poder retornar em breve, principalmente para participar da Expedição do Jalapão que rola a mais de 10 anos, todo o Carnaval.

Valeu galera, cuidem da sua cidade e acompanhem o restante da minha trip por aqui. Agradeço a todos pela recepção, principalmente Artur e ao Lucas me receberam na cidade, ao Rodrigão que deu um talento na minha bike e ao Didi e o Dunga que me levaram para vários picos. Adorei passar esses dias com vocês.

Essa é minha “Vida de Viajante”, rodando pelo país, guardando recordações das terras onde passei e dos amigos que lá deixei. Até breve e que venha o Jalapão!