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O que vocês verão abaixo é resultado de uma série de reuniões que tive no início de 2015 com engenheiros da Ecovias e participação do pessoal da Fundação Florestal (quem administra o Parque da Serra do Mar). Depois de várias reuniões chegamos a essa solução abaixo explicitada. Confiram e deem suas opiniões.

Uma proposta para a Rota Márcia Prado

Logo após a Bicicletada Interplanetária em 2008, diversos ciclistas começaram a discutir com todos os órgãos ligados, (Fundação Florestal, Secretaria de Transportes, Ecovias) uma solução para resolver o problema no trecho mais complicado, aquele no qual o ciclista, para acessar o Parque da Serra do Mar, é obrigado a pedalar pela Rodovia dos Imigrantes, um entrave para a consolidação da Rota permanente (e não necessariamente só para o evento).

Todos os estudos realizados, invariavelmente exigiam a construção de alguma infraestrutura, seja um túnel para cruzar a rodovia, passarela, construção de ciclovias, etc, ou seja, qualquer que seja a solução haveria um gasto com infraestrutura.

Desde 2006 tenho discussões com os agentes envolvidos, primeiro como cidadão, a partir de 2009 como Diretor do CicloBR e depois da minha saída em 2011, segui discutindo por conta própria. Finalmente no começo de 2015 consegui um contato com a Ecovias e a partir de então nos reunimos inúmeras vezes para elaborar uma proposta.

O mapa abaixo dá a dimensão do problema, o máximo que o ciclista consegue pedalar por fora das rodovias é no ponto alto, na Estrada do Capivari, a partir de então ele precisa encontrar uma maneira de acessar a Estrada de Manutenção no topo da Serra.

MapaRMPTrechoEcovias

Vale lembrar que toda área sombreada em verde pertence ao Parque da Serra do Mar, uma Floresta em área de proteção integral. Vamos dividir a proposta em 3 situações para facilitar o entendimento.

Parte 1) Acesso a Imigrantes e o trecho até a Interligação.

Pelo trajeto novo, ao final da Estrada do Taquacetuba, ao invés de virar à direita como no trajeto anterior, o ciclista vira a esquerda, na Estrada do Rio Acima, sentido Riacho Grande, dessa forma o ciclista passa por debaixo da Imigrantes (fazendo o trajeto que a Márcia Percorreu em 2009) e segue adiante até virar à direita na Estrada do Capivari, a mesma estrada que o ciclista acessava no primeiro trajeto, só que em sua parte final.

Ali o ciclista segue paralelo a Imigrantes, até o acesso das represas de Furnas, um trajeto com cerca de 4,8 km em estrada de terra.

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Essa estrada nem está no mapa clássico, só é possível ver por satélite. Mas é uma via aberta, sem portões e usada não apenas para a manutenção da represa, bem como da população que quer pescar.

estradaFurnas

Nessa estrada o ciclista passaria pela primeira represa e acessaria uma trilha (que precisa ser criada) no ponto mais próximo dessa estrada com a Imigrantes.

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Seria uma trilha com cerca de 300 metros, que levaria o ciclista até a pista da Imigrantes no sentido Capital. Apesar da trilha ainda não existir, ali domina uma vegetação rasteira, nem seria necessária a supressão de árvores. Basta abrir a picada com um facão e deixar que a passagem dos ciclistas consolide a trilha.

Ao acessar a Imigrantes, aí é necessário criar uma infraestrutura, a melhor sugestão que tivemos foi a construção de uma Ciclovia com cerca de 2 kms pela faixa de domínio. Nem precisa ser uma ciclovia asfaltada, pode ser uma pequena trilha cascalhada, por onde o ciclista pedalaria sem precisar usar o acostamento da via.

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Além da ciclovia (asfaltada ou cascalhada) seria necessária a instalação de barreiras em todo o trajeto. O trecho de faixa de domínio que precisaria de barreira é de 2,6 quilômetros, mas vale lembrar que a maior parte do trajeto já possui a barreira instalada.

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Dessa forma o ciclista venceria esse trecho sem a necessidade de pedalar pela rodovia, até o ponto onde seria instalada uma passarela.

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Parte 2) Uma passarela sobre a Rodovia dos Imigrantes

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Já na Rodovia da Interligação, poderíamos construir tanto um túnel como uma passarela. O túnel poderia servir até mesmo para os animais realizarem a travessia com segurança, mas um dos gestores não considerou uma boa ideia pois também serviria como um atrativo aos caçadores, infelizmente comum nessa região.

Pensamos na construção de uma passarela de madeira, bem mais barata que uma de alvenaria, mas pelo contrato de concessão, as passarelas das rodovias tem que seguir um padrão, por isso uma passarela de madeira foi descartada.

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Parte 3) Trilha dentro do Parque da Serra do Mar

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Essa é a melhor parte, essa trilha já existe e está consolidada, tanto é que existe uma placa em frente ao acesso informando que essa é uma trilha de bicicleta, feita pela própria Ecovias.

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Esse é um trecho de 4,8 kms de pura aventura, ali não tem jeito, o ciclista vai ter que enfiar o pé na lama.

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Essas fotos foram tiradas em 2015 e haviam vários cruzamentos de rio onde deveríamos passar com a a bike nas costas. Mas tive informações de trabalhadores do Parque da Serra do Mar e segundo eles, foram instaladas algumas passarelas, ou seja, atualmente é possível percorrer pedalando todo o trecho de trilha.

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A trilha se encerra próximo ao no início da Estrada de Manutenção e o ciclista já estaria na segurança do Parque. Após esse trecho o ciclista pedalaria apenas por trechos de parque e áreas urbanas.

No trecho de baixada o ciclista poderá percorrer praticamente todo por vias urbanas, no máximo utilizando a pista marginal da Anchieta, uma via de velocidade controlada (60 km/h) e com acostamento, aliás o investimento numa ciclovia nesse trecho não seria nenhum desperdício já que ele é muito usado pelos ciclistas da baixada, abaixo você confere o trajeto completo.

Rota Marcia PradoRota Marcia Prado

Como sabemos que a parte mais complexa é justamente a Imigrantes no planalto, resolvendo essa questão, as demais se tornam de fácil resolução.

Quanto vai custar e quem pode pagar?

O custo total ficaria em torno de R$1.900.000,00, detalhado da seguinte forma.

Passarela: R$1.300.000,00

Ciclovia (asfaltada): R$600.000,00

Pelas minhas conversas, a Ecovias não é contra essa proposta, ela só não vai colocar a mão no bolso.

Penso em 3 possibilidades para levantar esse dinheiro, vamos a elas:

1) Aditivo no Contrato de Concessão da Ecovias

Um simples aditivo ao contrato de concessão para realização dessa obra, como já ocorreu em 2012, ampliando seu contrato até 2025. Ocorre que a obra é pequena perto dos 328 milhões que envolviam a obra que motivou esse aditivo. Aliás pode até ser que essa dificuldade toda não passe de uma estratégia da Concessionária para justificar uma ampliação de contrato. Vale lembrar que o sistema Anchieta/Imigrantes tem um movimento médio diário de 34 mil veículos (números de 2013), o que significa um faturamento diário em torno de R$875.000,00, ou seja, 3 dias de operação pagariam essa obra.

Atualizando: Segundo o próprio site da ecovias, por ano passam 30 milhões de veículos pelo sistema, portanto por dia em média são 84 mil veículos. Considerando um pedágio de R$25,60, o faturamento diário da Ecovias fica em torno de 2,1 milhões de reais, um dia de faturamento pagaria toda a obra.

2) O Governo do Estado seria responsável pela obra

O governo simplesmente arrumaria o dinheiro, repassando pelo menos 2 milhões a Fundação Florestal que seria responsável pela obra. Com ela pronta, a própria Fundação poderia explorar o turismo ecológico e até mesmo trazer retorno financeiro ao parque.

3) Nós ciclistas nos organizaríamos para pagar

Vamos supor que fizéssemos um acordo com a Ecovias que construiria a passarela e cada ciclista que passasse por lá pagasse um “pedágio” de 10 reais. Com um fluxo médio de 400 ciclistas por semana (considerando 200 sábado e 200 aos domingos), daria cerca de 80 mil ciclistas por ano e uma arrecadação por volta de R$800 mil/ano. Em 3 anos teríamos dinheiro suficiente para pagar a obra e teríamos uma rota segura para chegarmos a praia, sem a necessidade de tomar bomba na cabeça.

O ideal é que essa proposta fosse apresentada por alguma entidade que representasse os ciclistas, em 2016, quando era vice-presidente do Instituto CicloBR, sugeri doar essa proposta para que ela fosse apresentada como sendo do CicloBR, nas reuniões que eles tinham com a Ecovias, Defensoria e Governo do Estado. Mas infelizmente o presidente Takeda foi contra. Porque? Perguntem pra ele, pois até hoje eu não sei.

Mas na minha opinião, o melhor é não contar essa Ong e nem com nenhuma outra ong, pois de representação, infelizmente estamos mal das pernas.

Ano que vem fará 10 anos desde a primeira Bicicletada Interplanetária, um protesto que até hoje não trouxe conquistas concretas, mas ao menos foi um pontapé para uma mobilização jamais vista. Até hoje não tínhamos nenhuma proposta para apresentar. Longe dessa proposta estar perfeita, pelo menos temos algo que foi construído em conjunto com a Ecovias. Por mim isso vira um documento escrito a várias mãos, para que a gente possa apresentar as autoridades, estou a disposição da causa.

Deem suas sugestões e vamos usar nosso poder de mobilização para resolver logo essa questão, já passou da hora do governo se manifestar oficialmente sobre o assunto e melhor hora não há.

André Pasqualini