7º dia de pedalada, as pernas já pediam um descanso, mas iriam esperar pois no mesmo dia tínhamos um vôo as 18h45 nos esperando. Acordamos cedo e conseguimos sair do hotel as 7h00, um verdadeiro milagre.
O tempo parecia que não iria colaborar, muitas nuvens, céu cinza que deixava o visual meio melancólico. Tivemos que contornar a represa de Palmeiras para seguir o circuito. Estar na companhia do Bona foi um alento a nossa viagem, um excelente guia que nos explicava uns detalhes da paisagem que passariam despercebido pela maioria das pessoas.
Esses arbustos acima próximos do são os famosos mates que fazem o tradicional chimarrão. São arvores nativas que conseguem nascer sem a influência do homem.
Nessa outra foto um exemplo de desrespeito as leis ambientais. Repare que há vários Eucaliptos, árvores introduzidas para corte e entre elas diversas árvores nativas que em tese deveriam ser protegidas.
A prática comum é plantar os Eucaliptos ou Pinus entre as árvores nativas e na hora de derrubada nenhuma se salva, vão todas para o chão, deixando o terreno livre para o plantio de qualquer árvore como nessa outra foto acima. Detalhe que o terreno é em aclive e o Eucalipto deixa o solo frágil, muito mais suscetível a erosões como os que ocorreram em 2008 na região.
Infelizmente não vimos no trajeto muitos animais silvestres, algo que me incomodou bastante mais pela falta de sorte, já que comumente ouvíamos os gritos dos Bugios durante as pedaladas. Na foto acima uma tentativa de captar o áudio dos Bugios que estavam a quilômetros de distância.
O Sol começou tímido mas depois apareceu de vez para alegria da minha humilde câmera fotográfica. A partir do 10º quilômetro, as descidas começam a ficar mais freqüentes, o que fez nossa média de velocidade subir de forma considerável para a alegria das nossas aros 29.
Não demorou e logo estávamos no bairro Milanês onde há várias fábricas de moveis em vime. Visitamos uma dessas fábricas onde vimos os artesões trabalhando com uma velocidade que não perdoava a minha máquina fotográfica.
Não sei o que me ocorreu mas acabei sendo atingido pelo vírus do consumismo. Primeiro vi uma bandeja de café da manhã linda e resolvi comprar para dar de presente a uma pessoa muito querida. Logo depois vi um banquinho de balanço em formato de cavalinho e já imaginei meu filho brincando nele. Mas como levar se não estou de carro? Sem problemas, dá-se um jeito.
Mala pronta, chegou a hora da piramba, mas dessa vez era para baixo. Quase 10 kms só de descida e poucas paradas para fotos pois afinal quem não gosta de soltar o freio e despencar a mais de 50 km/h?
No final da descida mais forte encontramos um rio (acho ser o Rio dos Cedros) onde há uma ponte de madeira no estilo das pontes da Alemanha. Nessa ponte antigamente passavam carros e atualmente há uma ponte de concreto ao lado e essa é exclusiva para pedestres.
Viramos a esquerda e continuamos descendo, agora de forma mais suave, sempre acompanhando o rio até cruzarmos novamente e seguirmos em direção do Rio Cunha, onde há a única subida do dia.
Essa podemos dizer que é a mais difícil subida da viagem, não por sua extensão, mas pela inclinação. Você tem que subir mais de 200 metros em 2 quilômetros, mais de 10% de inclinação, com picos de até 24%. Como disse um ciclista que encontramos na nossa saída, se você cuspir pra frente ele volta na testa.
Já com quase 400 metros de altitude, apesar de haver um pouco mais de subida, o pior já havia sido superado, nessa hora a Cintia, nossa ilustre acompanhante de Timbó, estreante nas pedaladas, curtiu com merecimento esse refresco proporcionado pela pequena mina d’água que escorria pela pedra.
Pedalamos um pouco por um platô para novamente despencar por quase 10 quilômetros de maravilhosas descidas.
No caminho mais um local marcado pelas tragédias de 2008. Uma casa que foi varrida por um grande deslizamento vitimando mais duas pessoas de maneira trágica. Segundo o Bona, a defesa civil já havia pedido para os moradores verificarem se o riacho estivesse com lama que isso seria sinal de deslizamento. O marido havia saído para verificar, deixando mulher e filha dentro de casa.
Quando ele estava fora ocorreu o desastre, a terra venho e arrasou a casa. No detalhe uma foto do que havia onde hoje há esse pequeno memorial.
Voltamos para a estrada e de mais longe dá para ver melhor no meio da mata, o local onde ocorreu o desmoronamento.
Chegamos em Benedito novo e de lá faltariam cerca de 10 quilômetros para o final da viagem. Seguimos acompanhando o rio de mesmo nome até chegarmos na área urbana de Timbó.
Lá conhecemos um dos primeiros “bicicreteiros” de Timbó, um senhor que inclusive tinha a primeira bicicleta que chegou na cidade.
Depois pedalamos mais 5 quilômetros e não demorou para chegarmos no marco zero do Circuito Vale Europeu finalizando assim a viagem.
Aí estão os relatos dessa maravilhosa viagem, assim que possível eu monto um post com um guia com todas as dicas para percorrer o Circuito Vale Europeu, mas se você não quer esperar vai a principal dica. Antes de viajar, mande uma mensagem para o fale conosco do site do Circuito e avise sua chegada.
Com certeza o pessoal do Vale das Águas irá dar todo apoio necessário para fazer uma das mais belas cicloviagens da sua vida.
Veja as fotos desse dia no Facebook do Bicicreteiro.