Os verdinhos (Desafiantes) misturados entre os Experientes no 2º DBM
Chegou o momento de mandar rodar as camisetas e precisava enviar a grade com os tamanhos (que vocês preencheram), foi quando surgiram números interessantes. Antes dos números, obviamente que mandei rodar camisetas para as 300 vagas e usei uma proporção da média dos inscritos para definir a quantidade exata de cada tamanho de camisetas. Quem já se inscreveu e pagou, com certeza receberá a camiseta no tamanho exato que solicitou, já os que deixarem para última hora, correm o risco de não ter mais o tamanho que gostariam, mas é um risco.
Das 300 vagas, já temos cerca de 180 inscritos, o suficiente para viabilizar o Desafio sem importar o número final de inscritos, mas como ainda restam em torno de 26 dias para o encerramento das inscrições e como Masters e Praieiros poderão se inscrever durante os treinos, tenho certeza que todos os kits serão vendidos até o dia do Desafio.
Quem me conhece sabe bem que a minha maior luta é a de massificar o uso da bicicleta e para isso procuro atuar de diversas formas, seja realizando ações indiretas, tentando interferir nas políticas públicas, ou com ações diretas, trabalhando na doação de bicicletas, como Bike Anjo, escrevendo dicas e posts em meu blog que encorajem as pessoas a pedalar, ou mesmo realizando ações como o Desafio Bicicletas ao Mar, que nada mais é do que uma forma que encontrei para numa única ação, ajudar um grande número de pessoas e trabalhar para criar facilidades aos ciclistas, de forma que ele ganhe a experiência necessária para prosseguir no mundo da bike com suas próprias pernas.
Quero até dar uma resposta a algumas pessoas que condenam a minha opção de viver da bicicleta e consequentemente ganhar dinheiro com isso, como se ganhar dinheiro realmente fosse um crime. Já ouvi inclusive pessoas dizerem que acham um absurdo ganhar dinheiro ensinando algo que a pessoa é capaz de fazer sozinho. Por essa lógica devemos entender que é um crime realizar trabalhos como consultoria ou mesmo ser professor, já que por essa tese as pessoas não podem cobrar para ensinar.
Estou cobrando para realizar o Desafio, primeiro porque isso me consome muito tempo, acabo me dedicando exclusivamente a ele desde o momento que o lanço e quando coloco no papel o que eu ganhei pelos 4 meses de dedicação, garanto que qualquer um dos inscritos (e a maioria dos não inscritos) dificilmente optaria por largar seu trabalho para receber a quantia que acabo recebendo.
Mas depois que fiz minha viagem do Projeto Biomas, descobri que não preciso de mais do que cabe em minha bicicleta para viver com dignidade, ou seja, não preciso de muito dinheiro para sobreviver. Infelizmente eu vivo numa sociedade capitalista onde sempre haverá um custo para viver e enquanto não tenho dinheiro para comprar minha fazendinha numa área que já foi floresta amazônica, para tentar recuperá-la e viver apenas do que a terra me dá, tenho que pagar minhas contas. Aliás são muitas contas que se pensar muito em todas elas entraria em desespero, mas enquanto a estabilidade não chega vou administrando da melhor forma possível.
Vou até contar uma piada, um cobrador ligou para um devedor e passou a ofender e ameaçá-lo, então o devedor disse ao cobrador – “Por favor, me trate com respeito, senão serei obrigado a retirar seu nome do sorteio” – o cobrador disse – “Como assim?” – o devedor respondeu – “Todos os meses, quando recebo meu pagamento, coloco o nome de todos meus credores num saco. Vou retirando os nomes e os sorteados vão recebendo até meu dinheiro acabar. Se você não recebeu até agora é sinal que você está sem sorte, portanto se continuar me tratando mal, aviso que sequer colocarei seu nome no próximo sorteio”.
Ainda não cheguei nesse ponto, mas é claro que busco ter uma vida digna, sem cobradores no meu pé e recebendo mensalmente um dinheiro que me garanta o mínimo de conforto e tranquilidade. Sei que no começo de qualquer profissão temos todas as dificuldades do mundo e atualmente sou como um recém-formado que está procurando seu lugar ao sol. Mas acredito que quando você faz algo que ama (e com competência), uma hora você encontra o caminho das pedras e o dinheiro não passará de conseqüência. Desde meus 18 anos já tive três profissões distintas e em todas elas passei por esses momentos complicados, se das duas últimas vezes consegui me estabilizar, não será diferente dessa vez.
Essa fase também não me impede de doar meu raro tempo a projetos sociais que até me fizeram deixar de ganhar dinheiro (como a Campanha Bicicletas de Natal), mas essa entrega dificilmente irá mudar em minha vida, mesmo quando estiver estabilizado. Pelo contrário, com tranquilidade financeira tenho certeza que conseguirei me dedicar ainda mais para a causa da bicicleta da forma que mais gosto.
Para o Desafio também busco isso, quero fazer com que esse seja um sucesso e no próximo, conseguir o apoio necessário para ajudar um número maior de pessoas a vencerem o Desafio, inclusive aqueles que não tem hoje condições de pagar pelo que cobro. Mas um passo de cada vez, primeiro tenho que realizar esse Desafio e batalhar para colocar todos esses 100 novos ciclistas nas ruas. Sei que quanto mais pessoas pedalando, teremos mais políticas públicas e mais segurança para todos. E um dos sintomas de mais segurança é justamente o maior número de mulheres pedalando.
Na Holanda, por exemplo, a maioria das pessoas que usam a bicicleta diariamente são mulheres e pessoas com mais de 50 anos. Não temos números em São Paulo, mas as estatísticas com acidentes com ciclistas apontam que menos de 5% das vítimas são mulheres e isso se deve porque elas estão em menor número nas ruas.
Vou colocar alguns números para e com base neles fazer algumas reflexões.
A galera Desafiante, definitivamente está mais pilhada, os praieiros costumam crescer próximo da data do Desafio já que eles só querem aproveitar a estrutura para chegar a praia, mas e os Masters? Será que a galera está marrenta, já venceu uma vez o Desafio e estão se achando? Hehe
Os Masters estão mais tranquilos, confiantes até demais. Mas esses tenho certeza que irei pilhá-los quando detalhar os trajetos que faremos na semana que vem, como só repetiremos nos treinos um dos trajetos já percorridos nos Desafios anteriores, assim que divulgar os detalhes de cada um dos treinos, vai ter gente se inscrevendo por achar os treinos mais interessantes que o próprio Desafio.
Agora vamos para as próximas pizzas que mostram a diferença de sexos entre os inscritos.
A maioria ser de homens já é algo previsível, mas ainda assim percebo um aumento no número de meninas (longe do ideal), que além de tornarem nossos pedais mais bonitos (por motivos óbvios já que nunca vi um homem bonito pedalando), acabam tornando o pedal menos “Clube do Bolinha”, algo que acho meio chato. Agora vamos ver as pizzas da divisão de sexos por categoria.
Nessa categoria as mulheres estão vindo fortes, onde as percebo mais pilhadas. Medos, incertezas, ansiedade, isso mais do que esperado, mas são as mulheres que sempre me surpreendem e impressionam, são elas que me deixam menos preocupados. De certa forma elas acabam motivando os homens incitando uma competição sadia, “se ela consegue eu tenho obrigação de conseguir”. Tá, é coisa machista mas isso vem do instinto do bicho homem e como pedal é 80% cabeça, tudo que pode ser feito para ajudar a vencer nossos bloqueios eu acho bem vindo.
Aqui começo a sentir mais falta das garotas que já venceram os Desafios anteriores, cadê vocês meninas?
Nos praieiros elas estão apanhando feio, mas acredito que esse número vai crescer até o dia do Desafio e devemos ter uma proporção próxima a dos Desafiantes.
Tenho notado um aumento no número de mulheres pedalando, mas ainda considero esses números pequenos. Claro que isso reflete em diversos fatores que vão desde a falta de segurança no trânsito como até o assédio que sei incomodar muito as mulheres, seja assédio por parte dos motoristas como até mesmo entre os ciclistas. Já abomino o assédio podre por parte de alguns motoristas, mas quando ele vem de ciclistas…
Por isso eu procuro criar nos eventos que organizo uma atmosfera de respeito, união e ajuda mútua. Cobro e sempre cobrarei dos ciclistas solidariedade com o próximo o tempo todo e isso acaba contaminando o grupo, pelo menos foi isso que aconteceu nos Desafios anteriores e tenho certeza que todos que participaram sentiram a mesma coisa.
E pra encerrar o post deixo uma convocação. Garotas, vamos mudar esses números? Tenho certeza que vocês são mais capazes do que imaginam. Ajudem a tornar nossas ruas mais bonitas, pedalem, se imponham e façam valer os seus direitos, pois no que depender de bicicreteiros como eu, vocês terão toda ajuda do mundo até se sentirem seguras para pedalarem por conta própria.
André Pasqualini
Uma vez um técnico de informática me contou algo que se passou com ele: após terminado o serviço e ter resolvido o problema do cliente, na hora do pagamento, o cliente exclama: “Mas tudo isso só pra apertar um botão?”, no que o técnico responde: “não, não, este é o valor pra ter a sua disposição quem sabe qual o botão a ser certo, apertar o botão foi de graça.” É isso, tem muitos autodidatas por aí, muitos que querem aprender apenas experimentando, mas se quer usufruir do conhecimento alheio e esta é a profissão desta pessoa, bem, vamos respeitar.
Quanto a estatística, estou entre os 15% dos praieiros, embora viva em Minas e aqui não tenha mar!
Um dos posts mais interessantes que já li no Blog, André. Ele sintetiza muitas das boas ideias que norteiam suas ações. Quanto às críticas… só te lembro que infelizmente vivemos em uma sociedade que, em sua maioria, critica gays, pobres, negros, mulheres e todos aqueles que estejam, por qualquer motivo, à margem dos padrões estabelecidos, mas que normalmente são vanguarda na luta por ideais que, a meu ver, tornariam o mundo melhor. Não haveria de ser diferente com uma pessoa que largou o padrão “casar-ter filhos-comprar um carro caro-um emprego em grande empresa-uma casa no Morumbi” para se dedicar à bicicleta. É revoltante ouvir essas críticas, sim, mas há uma minoria que tem a mesma visão de mundo que você, que no fim das contas são as pessoas que vão fazer a diferença. São aqueles que chegarão em Santos com lágrimas nos olhos, coração acelerado, dando risada à toa e correrão pra te cumprimentar!!
A propósito… domingo me senti o máximo por subir a Augusta em uma tacada só, na coroa do meio, acompanhando o Márcio de pertinho. o/ Pequenas vitórias a cada dia…
Não se preocupe com os que criticam, pois isso é fácil fazer. Propor uma ideia como você faz, e muito bem por sinal, são pouquíssimos.
Acho justo que você cobre e ganhe pelos seus projetos. Muitos fazem igual e dizem que não leva um centavo. Pelo seu texto fica claro seu objetivo de viver desse ganho (bike) e acho válido essa sua intensão. Você não está prejudicando ninguém, alias só tem feito o bem.
Gostaria de participar das suas loucuras mas o trabalho acaba consumindo boa parte do meu tempo, mas fico sempre na torcida, e tento colaborar como posso, para que seus projetos dêem certo.
Conheço um Master que fez o desafio e está com medo de fazer de novo… o Giovani Almeida.
Vou tentar convencê-lo que ele consegue de novo e logo logo ele se inscreve…kkkkkkk
Brincadeiras a parte, o post é muito interessante e entra em uma questão que estava lendo estes dias em outro post no face: a questão do assédio.
Isso é sério, e não apenas para mulheres que pedalam, mas qualquer tipo de mulher: jovem, velha, alta, baixa, andando ou pedalando.
Infelizmente a cultura que passam para os meninos há anos, é que eles devem sempre olhar para a bunda das meninas que passam (aliás, não consigo imaginar algo mais ridículo do que isso) e soltar um ‘galanteio’, muitas vezes, bem escroto. Se ele não o fizer, não é macho.
Ninguém diz a eles que a mulher que passou é uma mãe, irmã, filha ou esposa de alguém. Ele não pensa que este mesmo galanteio é ouvido pela mãe, irmã, filha e esposa dele.
Isso começa a acontecer com as mulheres desde bem jovens, pois são as jovens que mais sofrem na rua, por se sentirem mais frágeis (e despertarem maior interesse extamente por isso), começam a ficar com medo de ir simplesmente na esquina comprar um pão na padaria. Acredito que este problema divide as mulheres em dois grupos: as que se fecham em casa ou dependem de compania para fazer qualquer coisa, e aquelas que decidem sair mesmo assim e ou fingir que não escutam (o que não é tão simples, pois acho que todas ficam chateadas mesmo assim) ou responder e ‘arrumar encrenca’ muitas vezes (o que uma hora cansa).
Sei que existem outros fatores para uma maior participação das mulheres no pedal, mas este ponto que comentou do assédio é geral, pedalando ou não, infelizmente.
O que importa é esta construção mesmo de grupos e pessoas como como vocês que farão o cenário mudar
Sou uma das desafiantes pilhadas com medos, incertezas e muita ansiedade hahahaha, vou cooperar para o aumento de bikes cor-de-rosa nos passeios!!!
Carolina, apesar de ser homem, me senti na pele de vocês quando certa vez fui assediado “por um homem!” Apesar do meu instinto e minha testosterona dar uma força nessas horas, caso fosse necessário usar a força, por mais forte que eu seja, sempre haverá alguém mais forte do que eu e depois fiquei imaginando diversas situações que poderiam ter ocorrido na ocasião se a pessoa passasse dos limites. Naquele momento estava numa estrada pouco movimentada, sozinho com o fulano e com ou sem uma arma, uma grande merda poderia ter acontecido (no meu livro a Vida em Ciclos eu falo dessa experiência)
Foi inevitável não fazer um paralelo com o que grande parte das mulheres sofrem e essa deve ser uma luta de todos e não apenas suas. Mas pode ter certeza que se fechando em casa jamais iremos resolver os problemas, por isso que quero ver muitas garotas pedalando com a gente, pois é a coragem de vocês que irá inspirar e fazer com que mais mulheres tomem as ruas das nossas cidades. 😉
Cara, não sei (nem quero saber rsrs) pq algumas pessoas tem raiva e te criticam por cobrar pela descida, também não tenho procuração para te defender, mas se tem gente disposta a pagar siga em frente, não está cometendo nenhum crime.
Torço pelo sucesso da Pasquatur e que tenha cada vez mais pessoas pedalando pela cidade depois de se encantar com as cicloviagens.
Sobre o comentário da Eloisa, sinto uma falta danada na minha esposa nos pedais, até dei uma parada pq ela reclamou que tinha sido trocada por uma magrela hehe.
André, já dei uma pedalada com outros grupos por ai e assino embaixo do seu texto: o clima entre o grupo do Desafio é de amizade total. Nunca vi tanto respeito com as meninas como aqui. Nos outros grupos existem cantadas das mais toscas e inclusive a massa masculina de ciclistas mexendo com as meninas na rua sem parar. Ai vem aquele papo “ah, é brincadeira pô”, mas fala sério… é cansativo e ofensivo, isso sim.
A gente se diverte, só isso. Ali no Desafio a gente quer saber mesmo da nossa superação.
O que sinto falta são das mulheres dos rapazes que são comprometidos. A maior parte é casado mas as mulheres não aparecem 🙁
Estou ansiosa para o Desafio!!!! Não vejo a hora de começar!!!