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E dando risada sobre a repercussão da coluna da Barbara Gancia.

Aguardem que a resposta virá a altura, só que num nivel altissimo.

Atualizando, segue o link da resposta da Renata.

Re, orgulho de ser sua amiga!

PS: Como alguns amigos trabalham em empresas anti-bikes que não deixam acessar o conteúdo do blog da Falzoni, vou colar aqui o texto da resposta, mas assim que possivel, entrem no blog dela e deixem seus comentários.

Tempo ao tempo e não ao preconceito

Esse texto segue em resposta a coluna de Barbara Gancia, publicada na revista de Folha no domingo, 8 de agosto de 2010, intitulada “Cicloativíssima”. Leia antes o texto aqui.

Reduzir-me a “medíocre” não me atinge pois essa é uma alcunha, lugar comum, dirigida a todos os visionários que nascem antes de seu tempo.

Sempre fui e sou criticada por não ser homossexual. Sou julgada pelo meu “jeitão” e eu de fato evito essa perigosa tecla, pois não vim a esse mundo para discutir a liberdade da opção sexual, mas sim para praticar – e não discutir – o não preconceito.

O não preconceito a tudo, a opção sexual, a raças, a condição social e, em especial, ao modo como eu escolhi para me locomover nas cidades de todo o mundo.

Eu não somente falo do transporte em bicicleta, eu pratico o transporte em bicicleta. Assim busco um mínimo de sustentabilidade e praticar a tolerância. De fato vou de bicicleta, ou seja eu busco ser verdadeira nas minhas atitudes.

E, todos os dias da minha vida, dou uma revisada na forma como interpreto as coisas ao meu redor, para identificar onde está o meu preconceito sobre qualquer assunto, para analizá-lo e cair fora dessa perigosa armadilha: A opinião pré-concebida sem filtros.

Não professo religião, mas posso dizer que praticar o não preconceito é a minha escolha espiritual.

Todos nós convivemos com esse problema, sofremos o preconceito ao mesmo tempo que o praticamos.

No meu caso eu sofro pela minha opção sexual heterossexual não bater como meu “jeitão”; por ser uma videorreporter e não uma repórter ao lado de um camera man; pela minha preferência de locomoção não condizer com a minha posição social, imagine o que é chegar a um restaurante “chique” de bicicleta!

Escrito assim tudo isso é ridículo. Isso mesmo a idéia pré concebida é ridícula quando identificada e assumida.

Preconceito a parte, ir de bicicleta é um direito constitucional. Assim como ir a pé, de trem, de ônibus e até de carro.

O Brasil vive uma guerra civil, onde 70 mil vidas são diretamente perdidas por ano, nos acidentes de trânsito, sem contar os que morrem por contra da poluição. Destes 70 mil, a esmagadora maioria são pedestres e ciclistas.

Desta forma é necessário entender quais os interesses por trás de quem advoga contra quem defende os direitos de pedestres e ciclistas.

Cada um tire as suas conclusões. Prefiro imaginar que pouca informação e muito preconceito é o caso de minha amiga Bárbara.

Já rodei por 21 países em minha bicicleta. Se falarem que São Paulo é grande, apresento Tokio ou Pequim como exemplos. Se falarem que São Paulo tem subidas, puxo da manga São Francisco como contra argumentação. Fria e chuvosa, apresento Copenhaguem, Perigosa, tiro até o Rio de Janeiro e por aí vai.

Quem pedala, sabe que ir de bicicleta é viável tanto que São Paulo tem 380 mil viagens de bicicleta por dia, (dados antigos do metrô) que inclui uma população inserida em todas as classes sociais. Todos ciclistas com um denominador comum: O bonsenso.

Todas as grandes cidades do mundo caminham para retirar os carros das ruas e combinar soluções que somam transporte público a bicicleta, porque São Paulo será diferente?

A cidade que temos é a cidade que queremos. Aqueles que não acreditam na bicicleta como parte da solução de uma cidade mais justa e de melhor qualidade de vida terão suas bocas caladas com o tempo.

Tempo ao tempo e não ao preconceito.

Pedalar mantém o corpo e a alma jovens. Assim continuo a caminhar nas montanhas, nas trilhas, e dessa forma reciclo minhas idéias. Sou um ser em eterna reciclagem. Pelo menos enquanto eu pedalar estarei reciclando minhas idéias, minhas atitudes e procurando sempre identificar onde reside o perigoso preconceito.

Dou tempo ao meu tempo. Assim me renovo.

Acho que eu, como amiga da Bárbara, vou dar-lhe uma bike de presente, e fazê-la pedalar e assim reciclar suas idéias, pois quem se assume “pequena e mesquinha”, coisa que eu discordo mesmo depois desse texto, somente um bom pedal para sarar!

Pedalar faz bem a auto estima também.

Agradeço aos que saíram em minha defesa e convido todos a levar a Bárbara a pedalar.

E dia 3 de setembro vamos buscar a Medalha José de Anchieta em homenagem a nossa causa.