Ainda não tinha visto nenhuma dela, estava frustrado pois diziam que eu veria muitas no Pantanal e o trajeto acabando e nada, mas enquanto houver pedal há esperanças.

Saí da fazenda São Pedro e no café da manhã conheci o Mauro, dono da fazenda e muito gente boa. Nascido em Coxim e morando atualmente em Curitiba. Ali ele me deu as coordenadas para poder mudar o rumo com destino a fazenda Carvalho, que possue um porto mais próximo do Jofre.

Fiz o caminho como ele disse, “saia pela estrada  fazenda e passando a cancela, ao avistar um areião, pegar a pista da esquerda” e foi o que eu fiz.

No caminho, começo a encarar um areião e  noto uma figura curiosa no final da pista só me observando. Ainda me acompanhou por bons metros até entrar no meio do mato de vez.

Passei umas cancelas e entrei num pasto enorme. De onde eu estava avistava emas e veadinhos pastando. De repente um rasante de uma ave. Era a Arara Azul solitária que passou a menos de 5 metros de mim, me olhando, depois subindo e seguindo pelo horizonte.

Só percebi que era ela quando estava bem perto e bateu a luz do sol. Toda azulada, com um bicão preto, linda. Impossível tirar foto mas ganhei meu dia.

Mais a frente vejo uma fazenda, não havia andado nem 6 quilômetros e não deveria ser a Tarumã, fazenda que está no caminho da Fazenda Carvalho. Cheguei perto e descobri que era a São Gonzalo, ou seja, errei o caminho. Mas de lá partia outra estrada que tomava o mesmo rumo e lá fui eu.

Muito areião intercalando com uns pastos e depois de 2 horas e meia, cheguei na Taruma, bem na hora do almoço. A tática é a mesma de sempre “Será que o senhor pode me arrumar um pouco de água e um canto para eu fazer o meu Miojo?” A resposta é sempre, “almoça com a gente” e lá vai um pratão de comida pra dentro.

Ali soube que a fazenda Carvalho é o Retiro da Uval, que tem sua sede na beira do rio, a 30 kms dela. Ainda há um outro retiro antes da sede, então já planejei pedalar até esse retiro pelo menos e no dia seguinte seguir pro porto, mas primeiro teria que chegar na Carvalho.

Sol rachando, nada de muita novidade e um longo areião de 3 quilômetros antes de cruzar a fronteira da fazenda e a partir dali só alegria, pasto formado e só seguir pela grama.

Essa fazenda é enorme e depois de quase 10 quilômetros apenas dentro dela, de longe avisto a sede, como a visão de um oásis.

Cheguei na fazenda e foi aquele choque de sempre. Diferente das demais fazendas, que já haviam visto o Yanko e seu amigo, nessas nunca tinham visto um ciclista passando por aqui.

Pedi dicas de como chegar no Jofre e pediram para eu esperar o dono e o gerente chegarem, foi o que fiz. Quando eles chegaram, para a minha surpresa, já haviam visto a minha entrevista para a Tv Morena, os primeiros pantaneiros que me viram na TV.

Falei que queria ir no Jofre e o dono disse que no dia seguinte iriam levar várias pessoas de caminhonete até lá, mas pela fazenda São Bento, em frente ao Jofre e se eu quisesse podia pegar uma carona.

Hum… Pegar carona… BORA!

Primeiro porque cansei desse areião e entre empurrar bike e pegar carona, mil vezes a carona.

Em segundo lugar, vou poder descobrir a rota exata para poder sair direto no Jofre, algo que nenhum pantaneiro que encontrei sabia. Portanto essa é uma oportunidade unica.

Adeus Pantanal, apesar de ter sido sofrível, foi muito bom poder cruzar e pedalar mais de 440 quilômetros aqui dentro. Mas ainda tenho que cruzar o rio e tem ainda mais uns 140 kms de Transpantaneira até Poconé quando definitivamente deixarei o Pantanal para trás.