O que é a Rota Márcia Prado

Uma rota cicloturística criada por ciclistas de São Paulo que liga a cidade de São Paulo com a cidade de Santos. Márcia Prado é a ciclista que foi morta em plena Avenida Paulista em janeiro de 2009, no local de sua morte há em sua homenagem, até os dias de hoje, uma Ghost Bike na calçada da avenida Paulista, entre as Alamedas Campinas e Pamplona.

O trajeto é inspirado no roteiro percorrido por um grupo de ciclistas, que buscavam mapear uma rota alternativa a Rodovia dos Imigrantes para chegarem a Santos. A rota iniciava na Estação Grajaú da CPTM, passa pela Apa Ilha do Bororé ainda em São Paulo, regiões rurais de São Bernardo do Campo, atravessa o Parque da Serra do Mar pela Estrada de Manutenção da Imigrantes, pela cidade de Cubatão, chegando na cidade de Santos. Abaixo um vídeo feito em homenagem a Márcia Prado (de capacete vermelho) com o registro da viagem realizada por ela 3 dias antes da sua morte.

Os eventos relacionados a Rota Márcia Prado

Há dois eventos regulares que são realizados pela Rota Márcia Prado, um é a descida anual organizada pelo Instituto CicloBR que geralmente ocorre na segunda ou terceira quinzena de dezembro. Para maiores informações basta entrar em contato com o Instituto.

O outro evento regular é o Desafio Bicicletas ao Mar, idealizado pelo autor desse blog e organizado com a ajuda dos próprios participantes. A ideia do Desafio é criar uma oportunidade para preparar ciclistas iniciantes que desejam percorrer a rota sem maiores problemas. Para saber quando ocorrerá outro Desafio mande um email para bicicreteiro@gmail.com e peça para ser incluído no mailling, acompanhe pelo ou participe do grupo de discussões do Desafio no Facebook.

O trajeto da Rota Márcia Prado

Apesar de haver vários trajetos, o que utilizamos oficialmente para o Desafio Bicicletas ao Mar se inicia na Ciclovia da Marginal Pinheiros, passa por dentro do Parque da Serra do Mar e segue por Cubatão até Santos. No link abaixo você encontra detalhes do trajeto.

http://www.bikely.com/maps/bike-path/desafio-bikes-ao-mar-rmp

Como realizar a descida por conta própria

Se você possui um equipamento de GPS pode baixar os tracks e seguir a rota, mas não aconselhamos que a rota seja feita sozinha, por ciclistas inexperientes, ou que não tenham realizado a descida anteriormente. Mas se você irá fazer a Rota de qualquer maneira, há duas sugestões.

A primeira é percorrer a rota exata que utilizamos no Desafio, mas para isso é necessário solicitar a autorização junto ao Parque da Serra do Mar no email abaixo.

pesm.itutingapiloes@fflorestal.sp.gov.br

Há uma opção de percorrer a rota sem passar pela portaria do parque, saindo na balança da Imigrantes, depois do último túnel. Apesar de ser um trajeto mais rápido, não é recomendável para ciclistas iniciantes pois o ciclista terá que passar por uma complicada saída mais adiante onde há acessos para a Praia Grande, Guarujá e Santos. Para seguir pelo acesso de Santos o ciclista tem que passar pelos dois acessos. Se você não está acostumado a pedalar por rodovias, evite usar essa rota abaixo. Caso você opte por percorrer essa rota, não deixe de pedir a autorização ao Parque por email. Abaixo uma opção de rota partindo do Jabaquara, sem passar pela portaria do parque.

http://www.bikely.com/maps/bike-path/desafio-bike-ao-mar

No resto do texto tentei esclarecer as dúvidas mais comuns dos ciclistas iniciantes com dicas que servem tanto para quem quer percorrer a Rota Márcia Prado, como para aqueles que desejam iniciar na prática do Cicloturismo.

Bicicleta e acessórios

Tipo de Bicicleta indicada para a Rota Márcia Prado

Vale lembrar que dá para realizar a rota com qualquer bicicleta, seja Speed, dobrável e até fixa, já vi todo tipo de bicicleta realizando o trajeto. Mas quando falamos a um público iniciante, temos que levar em conta que eles ainda não tem o condicionamento e a perícia de um ciclista mais experiente, portanto quanto mais adaptada ao terreno a bicicleta for, menos dificuldades o ciclista iniciante terá.

Você, ciclista iniciante, não se compare a um ciclista experiente. Você ainda esta conhecendo seu corpo, descobrindo seu ritmo, portanto precisará de toda ajuda possível do equipamento para facilitar o seu pedal.

Minha bike já foi bonita assim…

A bicicleta ideal é a que chamamos de “hibrida”, também conhecida como “touring”. Bicicleta aro 700, com pneus híbridos. Esses pneus tem uma banda de rodarem lisa na parte que fica com mais contato no solo e pequenos cravos nas laterais que darão mais segurança em curvas nas estradas de terra.

Outro pneu recomendado são os lisos, sem cravos, mas com ranhuras que se assemelham  com os pneus de chuva para carros de corrida. Essa bicicleta aro 700 é a que considero ideal, mas uma MTB (Montain Bike) com pneus de asfalto podem funcionar bem. Veja mais detalhes quando falo apenas sobre pneus.

Uma bicicleta speed para ciclistas com pouca experiência os fará sofrerem nos trechos de terra (cerca de 22 quilômetros), portanto vá de speed apenas se você já tem alguma experiência em pedalar na terra. Além disso muito cuidado com o limo no início da descida da serra, não dá para soltar o freio.

Dá para descer a Rota Márcia Prado de Speed?

Para responder pedi ajuda dos meus amigos Nemax e da Abia, um casal de amigos que desceram a primeira edição da Rota Márcia Prado de Speed e na lama, veja o que eles escreveram.

Sim!
Nas palavras da Abia:
– É tenso no começo, muito tenso, daí você vai relaxando e vira brincadeira de criança. 
É claro que ela se refere ao trecho após a travessia da segunda balsa, onde já pedalamos por várias vezes em circunstâncias distintas, com muita lama e outras com muita pedra e poeira, sempre de speed.
Dá pra percorrer com qualquer tipo de bicicleta, é obvio que existe equipamentos mais adequados em relação ao terreno, mas já presenciamos todo tipo de bicicleta e ciclistas vencendo esta rota.

Bagageiros

Nas costas, no máximo mochila de hidratação, num pedal curto uma mochila não incomoda tanto, mas depois de umas 6 horas sobre a bicicleta, tenho certeza que a mochila que tinha 3 quilos no início do pedal estará com 30. Isso sem falar no suor, pois com uma mala nas costas você irá transpirar mais e perder mais líquidos. Portanto se possível instale um bagageiro na bicicleta e amarre sua mala nele.

Pneus

No asfalto usamos pneus de? Asfalto!

Na terra usamos pneus de? Terra!

Vamos derrubar o mito de que pneu de terra dá mais segurança no asfalto, pneu de terra no asfalto deixa o pedal mais pesado, gera maior desgaste no ciclista (algo terrível para o ciclista iniciante) e não é mais seguro, principalmente pela falta de aderência nas curvas.

O trajeto terá cerca de 22 quilômetros de terra mas a maioria do trajeto é no asfalto. O ganho que você terá nos trechos de terra serão insignificantes perto do prejuízo que você terá no asfalto.

Outro detalhe, os trechos de terra que teremos não serão de longas subidas, areiões ou trechos muito cascalhados, onde é necessário uma boa tração. Como a maioria irá empurrar as bikes nos morros mais fortes, não vejo motivos para alguém usar pneus “cravados” nessa viagem, mas qual pneu usar?

Híbridos (o ideal)

Esse pneu tem uma banda de rodagem ideal para o asfalto e pequenos cravos que serão fundamentais nas curvas na estrada de terra. Esse da foto é 700x42c. Para quem tem bicicletas aros 700, (ou mesmo speeds) recomendo usar pneus com a largura mínima de 700x38c ou um pneu de Cyclecross. Pedalar com um pneu 700x23c (comum em Speeds), o ciclista terá que ter muito cuidado. Se você não tem muita prática na terra, evite usar esse pneu.

Slicks ou de asfalto (sugerido para aros 26 ou MTBs)

Essa é uma boa sugestão para possui uma MTB aros 26. Vi muitos ciclistas de MTB usando caríssimos pneus de terra no asfalto. Sinto dó ao ver alguém jogando dinheiro fora, pois o asfalto deteriora rapidamente esses pneus. Logo que perdem seus cravos, acabam virando “slicks” passam a furar constantemente.

Minha recomendação é trocar por um pneu por um Slick como da foto acima, ou um hibrido como da foto anterior. Mas prestem atenção nas medidas, pois as numerações de aros 26 são diferentes das aros 700. Esse da foto é um pneu 26×1.25 que eu considero ser a largura mínima que o ciclista (principalmente o iniciante) deve usar.

Há no mercado alguns pneus híbridos, como esse aqui na Decatlhon, que tem a medida 26×1.95. Essa é a maior medida que eu recomendo, um número maior vai deixar sua bike parecendo uma moto.

Câmara de ar

Se você trocar o pneu, obrigatoriamente terá que trocar a câmara de ar. Compre uma câmara da mesma medida que seu pneu, mas preste atenção ao tipo do bico (válvula). Antes de comprar a câmara, olhe sua bicicleta e veja se o bico da sua é Americano (igual ao de carro) ou Presta. Veja na imagem abaixo a diferença entre ambos. No caso do Presta, você terá que carregar um adaptador.

Sempre leve, no mínimo uma câmara reserva. Se executou a troca e teve que comprar duas câmaras novas, compre uma terceira e a deixe como reserva.

Fita Anti Furo

Uma excelente pedida, fita anti-furo tem que ser item obrigatório para todos os cicloturistas. A compra do kit pneus slick, câmara de ar e fita anti-furo, com um pouco de pesquisa não custará mais de 100 reais e será uma excelente aquisição.

Calibragem do pneu

Todo pneu indica a calibragem mínima e a máxima. A lógica é quanto menor o pneu, maior a calibragem. Sempre antes de calibrar observe na lateral do pneu a informação com o máximo de PSI que você deve colocar.

Freios

Sua pastilha está no fim? Troque por novas antes da viagem e se possível leve um jogo de pastilhas reservas. São baratas, não ocupam tanto espaço e podem ser úteis. Numa situação normal uma pastilha pode durar anos, mas a combinação chuva, lama e descida pode fazer a pastilha literalmente “derreter” em poucas horas.

Se pegarmos lama no trecho de terra, antes da descida, o contato da terra com as pastilhas pode fazer seus freios desaparecerem e ao chegar no alto da serra você não terá mais freio algum, tornando a descida muito perigosa.

Portanto se seus freios ainda estão bons, mesmo assim leve dois pares de pastilhas reservas. Se no alto da serra você estiver sem freio devido a lama do trecho de terra, você pode trocar e iniciar a descida com mais tranquilidade.

Ergonomia

Altura do SELIM (banco da bicicleta)

Nenhum ciclista com a altura correta consegue colocar os dois pés no chão ao parar de pedalar. Se você consegue, com certeza a altura do seu banco não esta correta. Ao parar a bicicleta TEMOS QUE DESCER DA BICICLETA. Ciclistas mais experientes param próximo a guias, se seguram em postes, pois eles sabem que não conseguirão colocar os dois pés no chão (as vezes nem um pé é possível)

Para ajustar a altura do Selim, esqueça aquela coisa do ossinho da bacia. Suba na Bicicleta escorado numa parede, coloque o calcanhar na base do pedal e gire para trás. Se sua perna não esticar totalmente é que o banco esta baixo. Se seu pé escapar você tem que abaixar a altura do banco. Acesse esse link com mais informações de como achar a altura ideal do Selin.

Achou a altura ideal? Hora de saber qual a posição ideal do pé no pedal. Se seu banco estava muito baixo, provavelmente você pedalava com o meio do pé, já se seu banco estava muito alto, você devia pedalar próximo dos dedos do pé. A posição ideal é alinhar o Metatarso (aquele osso debaixo do dedão) com o eixo do pedal como na foto abaixo. Tirei uma foto descalço só para mostrar qual é a parte do pé que deverá forçar o pedal. Nada de pedalar com o meio do pé, com o calcanhar ou mesmo descalço!

Posição do Guidão

No cicloturismo a postura do ciclista tem que ser mais ereta do que seria numa bicicleta de estrada, muito próximo das bicicletas urbanas. Em muitos casos é necessário alterar a mesa deixando mais curta e colocando uma regulagem de altura. Se o corpo do ciclista estiver mais inclinado ele ganhará mais desempenho aerodinâmico mas forçará a lombar, o que não é ruim desde que ele tenha essa região fortalecida.

Uma boa dica é colocar um guidão de cicloturismo, ele tem várias opções de pegada, podendo deixar o ciclista numa postura mais confortável ou mais aerodinâmica, dependendo da sua necessidade. Abaixo um modelo desse guidão só que infelizmente é difícil achar esses modelos no Brasil já que nossos fabricantes ainda não dão muita atenção aos cicloturistas, mas temos que forçar essa demanda para termos as mesmas condições que um cicloturista europeu tem.

Acessórios e vestuário

Roupas

Tem vergonha de andar com aquela bermudinha coladinha? Se quiser se aventurar cada vez mais nesse mundo do ciclismo vá se acostumando com a ideia. Roupas de ciclistas, principalmente a bermuda, colaboram inclusive com seu desempenho pois mantêm os músculos aquecidos e evitam lesões. Sem falar que é infinitamente mais confortável pedalar com roupas de ciclistas do que com roupas comuns. Se não fossem, não veríamos tantos ciclistas usando essas roupas.

Eu quando uso bermudas ou calças não uso roupas intimas pois o atrito da costura da cueca na virilha pode causar assaduras. Caso o ciclista não abra mão da roupa íntima, sugiro usar aquelas cuecas “boxer”. Para as meninas já não sei, portanto vou esperar os comentários delas aqui no blog para publicar aqui nesse guia.

Eu costumo usar calças e camisetas de manga longa para ciclismo da Curtlo. São de excelente qualidade, possuem sistema Dry Fit e além de me dar conforto, não me deixando ensopado, me protegem também do sol.

Em minhas viagens eu usava uma papete com clip, quando pegava uma chuva, ou avistava uma cachoeira, tirava as luvas, óculos, boné e entrava com roupa e tudo na água. Ao sair, tirava a camiseta, dava uma pequena torcida, colocava novamente no corpo e em minutos ela estava sequinha. A calça demorava um pouco mais para secar, mas nunca mais que meia hora.

Iluminação

Apesar do Cicloturista sempre se programar para pedalar de dia, nunca estaremos imunes aos imprevistos, por isso temos que estar preparado para tudo. Iluminação traseira sempre e quanto mais potente melhor, principalmente quando vamos pedalar em estradas com carros em alta velocidade, nessa situação precisamos ser vistos da maior distância possível. Há piscas poderosos que sinalizam o ciclista a distâncias superiores a um quilômetro.

No caso de iluminação dianteira, esses piscas que usamos na cidade em quase nada serão úteis numa cicloviagem. Portanto todo bom cicloturista tem que adquirir uma boa iluminação noturna, o que nem sempre significa gastar muito. Ultimamente o mercado está sendo inundado com essas “lanternas de polícia”, com regulagem de foco. Ocorre que existe um adaptador para o guidão da bicicleta, além dela ter a função pisca. Hoje é possível comprar uma dessas lanternas na faixa de 50 reais, a dica é sempre carregar uma bateria reserva para não ficar sem luz no meio da viagem, já que essas lanternas geralmente duram de duas a três horas.

Capacete

Apesar de odiar capacete, principalmente nessa viagem do Desafio Bicicletas ao Mar, lá estarei eu com minha casca de ovo na cabeça. Não irei impedir ninguém de descer sem o capacete, mas recomendo demais o uso do capacete e vou explicar porque.

Capacete dificilmente irá ser útil no caso de uma colisão, um atropelamento, como ocorreu com amigos nossos recentemente nas ruas da cidade. Mas o capacete é muito útil em caso de quedas e em passeios em grupos, possibilidade de quedas são reais.

Tem aquele ciclista que nos ultrapassa na descida em curva e se engancha conosco, é o limo da descida da serra, uma freada sem razão do ciclista da frente e por aí vai. Quedas fazem parte do ciclismo, ciclistas profissionais depilam as pernas não para ter maior aerodinâmica, mas para ter uma cicatrização mais rápida, já que as quedas fazem parte da sua vida e os pelos atrapalham essa recuperação. Um bom ciclista não apenas aprende a conviver com as quedas como aprende a cair.

Provavelmente teremos quedas nesse passeio, mas temos que ter o cuidado para que essas quedas não prejudiquem nossa viagem. Mais a frente darei dicas de como pedalar em grupos e como evitar esses tipos de acidentes, enquanto isso coloque um bom capacete na cabeça.

Luvas

Luvas sempre! Eu considero a luva até mais importante do que o capacete, pois na maioria das quedas, a primeira coisa que vai ao chão são nossas mãos. Já vi pessoas sofrerem quedas bobas, mas serem obrigadas a abortarem o pedal porque machucaram a palma da mão e não conseguiam mais segurar o guidão. Já rasguei diversas luvas em tombos e sempre que necessário pedalo com luvas.

Ferramentas

Numa viagem em grupo, quase sempre haverá alguém com aquela ferramenta que tanto precisamos, mas se você não gosta de contar com os outros, aqui vai a relação do que carrego na minha bolsa de guidão.

1 Jogo de ferramentas multiuso com chaves Alen, fendas, Philips e até sacador de corrente
1 Alicate multiuso Letherman
1 Chave de alinhar roda
1 Chave de boca numero 15 (na viagem levarei um do 8 ao 15)
1 Chave inglesa
1 Kit de reparos com espátulas de nylon (nunca de ferro), lixa, cola e remendos (as estrelinhas)
1 Caneta
1 Óculos de sol
1 Chaveiro Trena (não ocupa espaço e as vezes é útil)
1 Lixa colando uma lixa de parede num cabo de vassoura
1 Lixa de furadeira (ambas eu uso para lixar a câmara para remendar um pneu
1 Protetor Solar
1 Chave de fenda
1 Presilha de calça refletiva

Numa viagem mais longa eu levo um número muito maior de ferramentas, mas isso é o básico para o dia a dia.

Protetor Solar

Eu uso sempre protetor solar, evito ao máximo deixar partes do meu corpo exposta e todos devem tomar esse cuidado, principalmente os iniciantes. Há risco de insolação, desidratação por excesso de exposição ao sol. Como estamos pedalando e recebendo aquela brisa, nem sempre percebemos o quanto nosso corpo está quente ou nossa pele queimando, portanto muito cuidado.

Uma boa sugestão é o uso de Manguitos e Pernitos, assim o ciclista pode tirar e colocar durante o pedal sem maiores dificuldades.

Hidratação

Eu não me acostumei com mochilas de hidratação, mas se você se acostumou ótimo, recomendo. Minha dica é colocar uma garrafa pet de 500 ml de água no congelador e no dia do pedal, coloque essa garrafa aberta, de cabeça para baixo dentro do saco de hidratação (nem todos tem uma abertura que caiba a garrafa, verifique isso) e o encha de água. Isso pode manter a água geladinha por mais de 3 horas.

Tem espaço para duas caramanholas (garrafinhas) na sua bicicleta? Então coloque. Há garrafas térmicas que funcionam bem, por isso são mais caras. A dica aqui é também deixar a garrafa com água no congelador um dia antes do pedal. Conforme o gelo vai derretendo você terá água gelada por mais tempo.

No caminho da Rota Marcia Prado há vários pontos onde o ciclista pode comprar água. Evite tomar água de procedência duvidosa.

Dentro do Parque da Serra do Mar há um ponto de água potável ao lado do túnel, se necessário  abasteça ali.

Sintomas de desidratação

Começa com segura na boca. Se você começar a sentir dor de cabeça, febre, espasmos musculares, significa que a coisa tá feia. Depois disso vêm as câimbras até o travamento total, portanto fique atento. Se tiver qualquer sinal desses sintomas, comunique um Bike Anjo, não deixe os sintomas evoluírem para falar com alguém. Se identificado no início, uma simples coca-cola pode ajudar.

Há nas farmácias uns flaconetes de soro com glicose para reidratação. Compre um desses ou se não achar compre saches para preparar na hora, isso não é difícil de encontrar.

Gels funcionam para repor os sais, leve apenas dois saches, tome um por volta das 10h00 da manhã e outro depois das 15h00. Não tome mais do que dois saches.

Alimentação

No dia anterior a viagem abuse dos Carboidratos, muita batata, massas, mas coma também frutas e verduras. Evite comer um churrasco um dia antes, nada de alimentos muito pesados e sem exagerar no álcool. Só vou permitir uma lata de cerveja ou uma taça de vinho, não mais que isso. Não invente moda, procure comer o que seu corpo esta acostumado pois nada pior do que realizar uma viagem tendo “piriri” a todo momento.

Leve frutas secas e castanhas, vá na zona cerealista e faça a festa (até porque vou abusar de vocês). Se estiver com fome pare e coma algo, seja uma barrinha, uma fruta, uma castanha, um doce de amendoim, uma bananinha passa. Se acabou a água peça para alguém ou pare e compre, nunca pedale muito tempo com sede, principalmente o ciclista iniciante, lembre-se que você está conhecendo seu corpo numa situação muito diferente da que você esta acostumado.

E se chover?

O cicloturista que tem medo de chuva, jamais será um cicloturista de verdade. No cicloturismo aprendemos a lidar com as intempéries da natureza e a chuva, na grande maioria das vezes ela mais ajuda do que atrapaha.

As roupas de ciclistas são preparadas para receber água e secar rapidamente. Eu uso capa de chuva apenas quando está muito frio. Capas estilo ponchos não são boas em cicloviagens, pois como a velocidade é maior e constante, o ciclista fica parecendo o Batman.

Nesse caso o ideal são os “corta-ventos”, muito bons para o frio pois protegem o peito do ciclista. Quem assiste o Tour de France já deve ter visto os ciclistas, ao começar a descer uma montanha, além de vestir o corta-vento, eles colocam também jornal no peito para isolar do vento. Os mendigos se cobrem de jornal não por acaso.

Voltando a falar da chuva, se tem algo que não pode molhar, coloque em sacos estanques. Roupas vão para a mochila (que vai presa no bagageiro e não nas costas) dentro de sacos de supermercado.

Para essa viagem sugiro que você tenha na mala uma muda de roupa, um chinelo (ou um tênis reserva), uma sunga (ou biquíni para as meninas) e uma toalha. Na praia você pode se trocar nos banheiros públicos e usar as duchas para tirar o suor ou mesmo a lama do corpo.

Minha  bolsa de guidão tem uma capa para proteger da chuva, algumas boas bolsas de guidão já vem com uma capa também.

Dicas para pedalar em grupos

Em eventos como o DBM e a tradicional Descida da Rota Márcia Prado, não se pedalam em uma massa compacta, como a rota é sinalizada a massa se dispersa e formam-se pequenos grupos, cada um no seu ritmo.

No trecho urbano, pedalem sempre ocupando uma faixa de rolamento liberando as demais para os carros realizarem as ultrapassagens. Nas avenidas iremos usar a faixa da esquerda sempre, assim evitaremos os conflitos com os motoristas de ônibus. Se fechar o semáforo, pare e espere abrir, evite cortar o sinal vermelho.

Podem andar lado a lado, mas os iniciantes procurem sempre andar próximo a guia e deixem os mais experientes andarem entre vocês e os carros.

Nas descidas JAMAIS andem lado a lado. Muito cuidado na hora de descer, pedalem em fila e sempre com uma distância segura do ciclista a frente. Se for ultrapassar (somente quando realmente houver necessidade) faça sempre pela esquerda e avise o ciclista a frente que você esta o ultrapassando com um aviso simples e sem gritar para não assustá-lo e fazer com que ele se jogue para cima de você. Observe também se a frente do ciclista da direita não há um buraco que o obrigue a desviar para a esquerda, pense sempre a frente. Evite ultrapassar o ciclista nessa situação e JAMAIS ULTRAPASSE UM CICLISTA NUMA CURVA.

Quando chegar numa subida, nunca pare na metade para esperar a massa se agrupar, vá até o final da subida e espere lá em cima, se possível num recuo onde os ciclistas podem se agrupar em segurança. Assim que chegar o último ciclista, dê um tempinho para ele também descansar. Não vamos esquecer que um dia éramos nós os últimos a subir e ficávamos incomodados quando não deixavam a gente descansar um minuto sequer no topo de uma subida.

Dentro do Parque, descendo a serra, todo o cuidado tem que ser redobrado. Ali a chance de quedas é maior ainda e evite ao máximo ultrapassar um ciclista pois lá dentro raramente há retas. E sempre desça na sua mão, pois é comum alguns carros subirem no sentido contrário.

Deixem alguém da família de sobreaviso SEMPRE

Principalmente aos marinheiros de primeira viagem, avise alguém da família sobre a viagem, diga o trajeto e os deixe de sobreaviso. Como não teremos carros de apoio, em caso de impossibilidade de continuar a viagem, você terá que ser resgatado por algum conhecido. Portanto sempre tenha em mãos um plano B.

O Retorno do litoral

A melhor forma de retornar é usando as empresas de ônibus. São 4 empresas e elas tem saída ao lado do Canal 1. Basta comprar a passagem, colocar a bicicleta no bagageiro dos ônibus (que sobem praticamente vazios) e subir no bus. Leve um desses elásticos (chamamos também de aranha ou cordinha) para prender sua bicicleta junto a estrutura do bagageiro. Veja o site das empresas que fazem esse percurso.

http://www.viacaoultra.com.br

http://www.rapidobrasil.com.br

http://www.viacaocometa.com.br/pt/

http://www.expressoluxo.com.br/

Espero ter ajudado os ciclistas com esse pequeno guia que não serve apenas para quem vai descer a Rota Márcia Prado, mas também deve ser útil ao ciclista que pretende se aventurar no Cicloturismo. Em caso de dúvidas use o campo de comentários logo abaixo pois se a dúvida for interessante eu incluo no texto principal.

André Pasqualini