4º. Dia – Diamantina/Milho Verde – 40km

Primeiro marco da estrada

Agora sim, pedal! Muita areia e costela de vaca, mas nada aterrorizante. Antes de chegar a São Gonçalo do Rio das Pedras, passamos por um povoado chamado VAU. De lá existe um atalho para São Gonçalo que vale a pena. Para começar atravessamos o Rio Jequitinhonha, lindo! Depois veio a forte subida, que, com alforges, foi impossível subir. Por não estar no roteiro da Estrada Real, uma moradora gentilmente nos levou até lá.


Ponte sobre o Rio Jequitinhonha, em Vau

Aliás nossa viagem se cercou de gentilezas. O povo mineiro da região é incrivelmente sorridente, solícito, gentil e calmo. Isso me encantou tanto quanto o visual inesquecível que veria pela frente. Passamos por São Gonçalo, cidadezinha encantadora, valeu à pena descer até o Rio onde uma mulher lavava roupas e outra os cachorros.

O solo dos centros históricos da região são formados pelos chamados “pés-de-moleque”, similar à Paraty. É UM SUPLÍCIO PEDALAR  NELE! Fiquei lembrando do paralelepípedo que tanto reclamava e que agora não reclamo mais! Mais alguns Km e chegamos à pacata Milho Verde.

Nos instalamos e decidimos aproveitar uma cachu, já que a vila é famosa por isso. Nos indicaram a mais próxima: a do moinho, a 1,5km dalí. Só não nos falaram é que 1km era de descida BRABA, sem descanso. Beleza. Curtimos a cachu maravilhosa, geladona e subimos para comer MUITO e dormir em paz.

Acomodação em Milho Verde – Ficamos na Dona Lourdes, que fica já na saída da cidade, em direção ao serro. A comida dela é muito famosa, as acomodações  simples, mas por estar vazia pegamos o melhor quarto e pagamos 30 reais cada uma por ele. Com café, sempre.

5º. Dia – Milho Verde/Conceição do Mato dentro 90km

Obras de asfaltamento

Logo no começo da estrada a surpresa desagradável: a estrada de terra sendo preparada para o asfaltamento. Tirei algumas fotos, pois os impactos à paisagem e ao meio ambiente são gritantes. É o progresso cobrindo a poeira da estrada… Para cicloturista é ruim, para a comunidade local talvez nem tanto. Foram 12km de terra e 10 de asfalto.

Chegando ao Serro, uma cidade com um lindo centro histórico, fomos direto procurar o tal do queijo, muito famoso. Acabamos degustando pedaços deliciosos na loja da Cachaça Velha Serrana, que produz o aguardente e o queijo em fazenda alí “pertin”. Comemos PACAS, ficamos até constrangidas, tentamos pagar pelo queijo que comemos mas a vendedora gentilmente não deixou.

Igreja com famosa escadaria no Serro

Saímos do Serro e pegamos a MG010, pulando a cidade Alvorada de Minas. Entramos para Itapanhoacanga – demorei para conseguir pronunciar. Todos dizem Itaponhacanga, é mais fácil! Almoçamos na Val (DELICIA de comida) e seguimos. Atravessamos um morro razoável e retornamos à MG010. A Estrada Real segue por outro caminho, mas decidimos abreviá-lo.

A MG010 é uma estrada larga, com algumas costelas de vaca, longas subidas e descidas de baixa inclinação, mas o problema é quando passam os carros levantando uma fina poeira avermelhada que impregnou TUDO, entrou no alforges e sujou tudo que não estava ensacado.

Tudo sob controle até passarmos, lá pelas 5 da tarde pela entrada de uma grande mineradora, cujos funcionários estavam saindo de seu turno de trabalho a caminho de Conceição, assim como a gente. Resultado: centenas (sério) de caminhonetes e ônibus passaram pela gente levantando aquela poeira. Com a chegada da noite oferecendo perigo a nós duas e rezando para ter as nossas luzinhas enxergadas em meio a tanta poeira, foi muito tenso.

Conceição foi a cidade que menos gostei. Com intenso movimento das caminhonetes Mitsubishi das mineradoras, cidade já grandinha, não muito bonita e que foge do padrão das cidades históricas que estávamos passando. Fica a dica: não pegue a MG010 direto até Conceição, apesar de ser tentador: indo pela Estrada Real o ciclista pega somente os 10km finais para chegar à Conceição. Claro que aos finais de semana o movimento deve ser infinitamente menor!

Caminhão levantando poeirão

Acomodação em Conceição – Devido a tal mineradora, não foi fácil encontrar vaga em pousadas. Por sorte encontramos a novíssima Pousada Ladeira da Santana (31) 9686-3040, pladeiradasantana@hotmail.com, onde o André nos tratou muito bem, nos permitindo lavar TUDO em seu pátio (que tem macaquinhos passando pelas árvores), bici, alforges, capacete, sapatilhas… A poeira da estrada impregnou tudo. Nós inclusive chegamos com a cara toda suja, foi um milagre ele ter nos recebido… Pagamos 45 reais.

Camila Doubek