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Hoje dormi e acordei de bode, a chuva que durou a noite inteira me desmotivou a encarar a estrada de terra que corta o Parque Nacional São Joaquim, se não seguisse pelo parque iria pelo asfalto, algo “normal”. Eu não gosto do normal, mas subir a 1700 metros para ver só neblina não dá.

Saí da cidade e havia uma enorme parede no final da avenida, com certeza teria que subir aquela montanha, Urubici está a 900 metros e comecei a subir, quando estava a quase 1200 cheguei ao lindo mirante da cidade.

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Lá havia uma placa explicando que as montanhas rochosas da região são de arenito Botucatu e com uma camada de Basalto na parte superior. Mas e daí?

Daí que essa região é uma zona de recarga do Aquífero Guarani. Essas montanhas retiram a água das chuvas e da umidade do ar, além de formar rios, abastecem o maior aquífero do mundo, responsável pelo abastecimento de água de milhões de pessoas a quilômetros daqui. Dá para entender a importância de se preservar essa área?

Isso remete direto a viagem que narro em meu livro A Vida em Ciclos, quando mostro as queimadas e a invasão da amazônia de forma cruel por parte dos pecuaristas. Eles lucram milhões destruindo a floresta enquanto o pessoal do sul sofre com aumento de chuvas que deveriam se concentrar na região amazônica.

Quando fiz minha viagem do livro, estava sendo debatido o Código Agrícola Florestal e agora estamos debatendo a Rio+20. Infelizmente não vejo esperanças para reais mudanças.

Pedalando pelas serras catarinenses, me lembrou de um catarinense que conheci próximo ao Jalapão, ele foi importado para trabalhar nas fazendas de pecuária e seu principal trabalho era realizar as queimadas. Aliás, o que encontrei de catarinenses, paulistas e principalmente gaúchos, donos de fazendas de gado na Amazônia não está escrito.

Voltando ao pedal, seguia desanimado mas sempre subindo, o GPS marcou 1500 metros quando finalmente iria descer, como estava quente na subida, comecei a trocar de roupa para não sofrer um choque com o vento gelado, mais uma vez as roupas da Curtlo fizeram toda a diferença.

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De Urubici até a entrada do Parque Nacional são 20 kms sendo 15 subindo e sempre com neblina, quando cheguei em frente a entrada do parque passei a titubear. Mas e lama por causa da chuva? Subir mais 400 metros na terra será de arrebentar, vale a pena arriscar? Eram 13h00, teria menos de 5 horas de sol, daria tempo de chegar de dia em Bom Jardim? Arrisquei e entrei na estrada.

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As núvens estavam altas, conseguia ver o cume de todas as montanhas ao meu redor e segui pedalando, a subida era desgastante, mas quando atingi 1600 metros, que visual.

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Compensou tudo, dentro da área do parque nada de devastação, lindos rios, florestas de Araucárias e descampados nas montanhas com mais de 1700 metros ao meu redor. Subi um pouco mais, sempre agradecendo o Marcos da pousada das Flores, por ter me dado essa dica, o visual é maravilhoso e até o sol começou a aparecer.

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Pedalei alguns quilômetros no topo do morro até começar a descer e desci muito, soltei o freio e cheguei próximo a um rio, depois fui seguindo e descendo com ele, mas sempre subindo e descendo, acompanhando um lindo rio.

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Já estava tarde, precisava pedalar mas queria tirar fotos e a cada foto que eu tirava, significava uns minutos a mais que eu pedalaria no escuro, mas não resisti. Tirei várias fotos, não deixe de ver no facebook as fotos da viagem que publico diariamente, uma melhor que a outra.

Do alto da montanha, com o rio lá em baixo, tirei a última foto do dia, depois disso eu só me concentrei no pedal, faltavam 23 kms e tinha 1h30 de luz natural apenas.

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Pedalei com força e forcei demais, quando não havia mais luz natural, ainda restavam 8 kms até Bom Jardim. O final foi tenso, um sobe e desce constante, na subida beleza, mas na descida era uma tensão só, mas consegui chegar em Bom Jardim as 18h30.

Enquanto jantava, minha perna sofriam espasmos, sinal que elas não estão boas, mas descanso só daqui a dois dias e olhe lá. Amanhã pedalo pela Rota dos Canions, são 86 kms até São José dos Ausentes, já em serras gaúchas. Nem pergunto se vai ter muito morro pois sei que vai, portanto tenho que acordar cedo e curtir o máximo o trajeto que promete, pois a noite estrelada é sinal que o sol voltou.

Não sei se conseguirei conectar de lá para atualizar o blog, mas vou tentar. Enquanto isso peço novamente a ajuda de vocês, colaborem para o Catarse do meu livro, nem estou entrando lá para ver, mas se cada um de vocês ajudar com uma edição digital, que seja, vou conseguir imprimir esse livro e continuarei nessa vida da bike, levando muita informação bacana para vocês.

Vamos lá, R$20,00 não farão falta, conto com vocês e até amanhã.

André Pasqualini