Pra começar, pessoal, estou fazendo tudo pelo celular, leio todos os comentários, tenho vontade de responde-los, mas pelo celular é sempre mais complicado. Mais fácil responder um email que comentário. Mas não deixem de comentar, pois é muito bom ver as mensagens de você.

Voltando ao post, vocês devem imaginar do quanto sou abordado por pedalar uma bike tão bizarra como a minha. Uns fazem elogios, invejam minha iniciativa, dão força mas pra maioria, o que faço é coisa de maluco, não apenas por pedalar, mas sim me arriscar na estrada. Pior que eles estão certos só no que diz respeito ao perigo de nossas estradas, mas não sou nenhum maluco, sou apenas um cara que gosta de pedalar e que quer voltar para casa feliz e ver novamente seu filho e sua família.

Em qualquer país sério, fazer cicloturismo não seria esse martírio como está sendo alguns dias da minha viagem e principalmente o dia de ontem, quando peguei uma estrada péssima, sem acostamento, lotada de motoristas insanos e sem nenhuma fiscalização, ou seja, prato cheio para os fãs do Felipe Massa. Não é a toa que chamam de “estrada da morte”. Aliás, no Brasil o que não faltam são as cachoeiras Véu de Noiva e as estradas da morte.

A lei é clara, ao se aproximar do ciclista, o motorista deve reduzir a velocidade e ultrapassar com segurança, mas nos 50 kms de ontem, só 2 motoristas fizeram isso e com certeza não porque conhecem a lei, mas porque são os raros motoristas que dirigem procurando zelar pela segurança de quem está fora do veículo.

Havia outra alternativa para evitar essa rodovia? Sim, mas infelizmente os ciclistas de Bauru não souberam me explicar o caminho pois sem companhia, tinha grandes riscos de me perder. Tudo seria mais fácil caso nossos governantes se dessem ao trabalho de ao menos sinalizar a rota, mas porque? Ciclista paga pedágio?

Meu amigo estava no Canada e resolveu ir com para outra cidade. Viram o mapa e seguiram pelo caminho mais óbvio, pela rodovia. Na estrada perceberam que os demais motoristas acenavam como se quisessem avisar de algo, sem contar que reduziam muito a velocidade e ainda passavam a metros deles.

De repente encosta uma viatura, desce um funcionário e manda colocar as bikes no carro, de forma até meio rude. Subiram no carro e sairam da rodovia. Quando estavam em “segurança” o agente bem mais simpatico perguntou se eram turistas e eles reponderam que sim, que eram “argentinos” (se é para queimar o filme, que seja dos hermanos). Então o agente abriu um mapa e indicou uma rodovia secundária onde eles poderiam pedalar com segurança e ainde deu o mapa de presente.

Esse é só um exemplo de civilidade, na Alemanha existem mais de 65 mil quilômetros de vias para ciclistas, todas sinalizadas. Lá apenas o cicloturismo movimenta 5 bilhões de Euros por ano. Pra ter uma idéia, é o mesmo valor que o Brasil movimenta com todo o seu turismo.

Enfim, não quero ser maluco, muito menos aventureiro, mas tenho que concordar com quem assim me considera, pois estamos longe de termos um nível de civilidade que encontramos nesses países que invejamos.

O que mais me revolta é que o povo brasileiro é super atencioso e acolhedor, mas quando esse mesmo povo entra num carro, essa galera se transforma, como no filme do pateta. Parece que a única coisa que importa é chegar rápido ao seu destino, mesmo se para isso tiver que ceifar a vida de outros, quando não a dele mesmo.