Nada me impediu de chegar as montanhas, nem a Bikefobia da empresa Eucatur que, pra variar, criou caso com minha bicicleta no ônibus, nem meu app do WordPress que está se recusando a atualizar meu blog, tanto é que perdi todo o texto que havia preparado de ontem, mas vou juntar os dois dias em um só.
Saí de Tubarão-SC e meu objetivo inicial era subir o Morro da Igreja a 1822 metros de altitude, ponto mais alto de Santa Catarina, mas seria um pouco improvável, até porque eu não tinha noção das dificuldades que encontraria.
De Tubarão eu pedalaria até Gravatal, Braço do Norte e Grão Pará, última cidade antes da Serra do Corvo Branco, que me levaria ao Morro da Igreja e Urubuci, cidade já no alto da Serra.
Tubarão esta ao nível do mar e o trajeto até Grão Para foi bem plano, costeando um vale e subindo muito pouco. A pista de asfalto, com muito movimento, não era tão agradável, mas os motoristas, na sua maioria eram bem educados.
Depois que passei por Braço Forte, aí sim comecei minha cicloviagem, peguei uma estrada de asfalto com pouco movimento, costeando um lindo rio com algumas laranjeiras a minha disposição.
Minha intenção era dormir em Grão Pará, mas ao chegar na cidade descobri que não havia pousada, mas me deram a dica de acampar na vila de Aiure, a 17 kms da cidade e no pé da serra. Segui pedalando, agora em estrada de terra, mas ainda mais bela, sempre beirando o rio Ilha Grande.
Cheguei na vila antes das 16h00, até tinha mais tempo para pedalar, mas como eu tinha que acampar, fui procurar o melhor local. Ao lado da igreja havia um grupo de garotos com suas motos, sugeriram que eu ficasse numa cobertura ao lado da igreja, até consegui uma tomada para recarregar minhas baterias enfiando a mão dentro de uma janela.
A noite foi bem fria, mas nada insuportável, armei minha rede e estava pensando até em dormir ali, mas a chuva chegou de noite e aí tive que ir para a barraca. Cheguei na cidade com sol, mas trouxe uma frente fria e isso seria sinal de que encontraria muita névoa na serra e não deu outra.
Acordei com o barulho do sino da igreja, devia ser umas 122 da manhã. Isso mesmo, para acordar a cidade inteira, o coroinha tocou umas 100 vezes o sino. Enquanto a missa rolava eu desarmei minha barraca, comi um miojo no café da manhã e parti rumo ao morro.
Até Aiure eu pedalei uns 60 kms e subi apenas 200 metros, mas bastou cruzar o rio da cidade para encarar o primeiro morro. E que morro, não parei de subir…
Subi muito, no começo não teve alívio, inclinação beirando os 20 graus, a pista um pouco úmida devido a chuva do dia anterior mas sem muita lama. Com menos de 7 kms já estava a 700 metros, mas a neblina fez eu contemplar o visual de uma forma diferente.
Continuei subindo e cada vez ficava mais forte a inclinação, lembro que na Serra do Rio do Rastro, demorou para chegarmos aos 1000 metros, mas aqui foi rápido. A maior parte da subida é em terra, algumas curvas com asfalto, mas pouca proteção. Tem medo de altura? Tem que pedalar com neblina, pois cheguei perto de uma das bordas e vi um despenhadeiro com mais de 200 metros, parecia Estradas Mortais do History.
Subi até o topo e no final da subida encontrei um enorme corte numa rocha, com mais de 90 metros. Ali no topo há uma placa explicando que aquela rocha faz parte do aquífero Guarani. Tirei uma foto da placa e é possível ler a explicação, procure no meu album Rota da Neve no Facebook, vale a pena conferir.
Ao passar pelo corte da rocha encontrei um maravilhoso vale do outro lado. Lindas plantações de maçã e uma bela estrada asfaltada, com pouco tráfego de carros.
Pedalei até a entrada do Morro da Igreja mas o tempo estava muito fechado, subir quase mil metros pedalando para não conseguir ver nada lá de cima? Preferi seguir em frente direto para Urubici.
Estava bem frio, uns 5 graus e com um vento leve, mas que diferença pedalar com roupas adequadas. Já faço testes para os equipamentos da Curtlo desde 1996 e quando decidi vir pra cá, pedi a eles roupas para encarar o frio e eles me mandaram várias peças, segunda peles e posso dizer que isso garantiu um pedal com tranquilidade.
Cheguei em Urubici cedo, por volta das 16h00 e fiquei na Pousada das Flores, o dono dela é o Marcos que também é ciclista. Além de fazer um preço bem camarada, já me fez mudar a rota de amanhã.
Iria para São Joaquim, mas ele disse para ir por uma estrada de terra que me leva até Bom Jardim, que vai beirando a serra e vai me levar a 1700 metros de altitude. Vamos ver como o dia estará amanhã, agora está chovendo, mas se o tempo estiver mais firme, vou encarar o terrão, que dever ser bem mais bonito do que o asfalto que iria pedalar, nada melhor do que receber dicas de ciclistas.
E se você ainda não sabe, estou contando com sua ajuda para financiar meu livro, portanto não deixe de acessar o Catarse e fazer sua colaboração.
Veja também as fotos da viagem no álbum Rota da Neve no meu facebook, o álbum é aberto até para quem não é cadastrado. Amanhã tem mais, pois ainda tem muita serra até Porto Alegre.
André Pasqualini
Neste último final de semana, eu e meu marido nos aventuramos a conhecer o Cânion Espraiado, na cidade de Urubici, SC. Nossos parceiros de aventura foram para outras bandas e como estávamos com idéia fixa a semana toda de conhecer este Cânion, partimos no sábado de manhã cedinho em direção a Serra do Corvo Branco, Urubici, SC., que fica a 120 quilômetros de Içara, onde estamos localizados.
Outro lugar em que a natureza se mostra grandiosa é na Serra do Corvo Branco, onde passa a estrada que liga Urubici a Grão-Pará, incluindo justamente o ponto mais alto da serra, a 1.470 metros de altitude. Sem falar que, para sua construção, foi feito o maior corte em rocha do Brasil, de 90 metros.São 3 km de descida (ou subida) na serra, dos quais apenas 600 metros são asfaltados. Como na Serra do Rio do Rastro, as curvas na estrada são muitas e muito fechadas, dando um certo frio na barriga. Em compensação, a paisagem, mais uma vez, é sensacional, com a vegetação do Parque Nacional de São Joaquim a perder de vista e picos que apontam para o céu esbanjando beleza.
Essa chegada na Serra do Corvo Branco é “qualquer coisa além do paraíso”. No BR tem cada lugar lindo q mt pouca gente conhece. E o vento que passa ali….. PQP!!!!!!!!!!!! Um dia se eu puder vou passar por ali de bike.
Pasqualini. Parabéns. Estou aqui na torcida para que tudo ocorra bem na sua cicloviagem e para que o projeto do livro se torne realidade. Grande abraço. Tathi
Simplesmente fenomenal !!!!! Boa viagem !!!!!!!!!
Show! Depois passa a lista das roupas que você usou.
Meus parabéns por esta escolha.
Tenho o mesmo interesse de realizar um passeio como este
Inclusive estou já com meus equipamento
Um grande abraÇo
Grande viagem André. Bom pedal!
Abs
André,
Excelente post!!! A viagem deve estar sendo o máximo! Ainda vou fazer uma dessas aqui pelo Brasil!!!
Abração,
Igor
André, esse lugar é lindo mesmo, fiz o mesmo percurso em sentido contrário em 2005. Desci a Serra do Corvo Branco em poucos minutos, no meio da lama. Também tirei uma foto nesse corte da rocha, que ficou ótima. Meu relato aqui: http://vadebike.org/2006/07/ciclo-iagem-na-serra-catarinense/
André, a foto do corte na rocha está maravilhosa!
Boas pedaladas!