Esse Brasil e seu povo são maravilhosos. Impossível chegar em algum lugar com minha bicicleta e não causar alguma reação. Alguns motoristas ficam andando ao meu lado conversando, teve um que já me encontrou duas vezes na estrada.
Quando chego em qualquer lugar que tenha pessoas, todos os olhares vem na minha direção, alguns chegam na lata perguntando, outros ficam rodeando e geralmente já respondo para quebrar o gelo, antes mesmo de haver uma pergunta, até porque são sempre as mesmas.
Dos bate-papos já surgiram vários adjetivos, uns bacanas como corajoso, valente e por aí vai. Já teve um mais preconceituoso, quando um senhor disse que isso era coisa de quem não tem o que fazer (me chamou de vagabundo) e retruquei que remunerado ou não, não deixava de ser um trabalho.
Mas de todos os adjetivos, dois marcaram mais. O primeiro foi de um Pantaneiro, depois que contei meu objetivo e que estava atravessando sozinho o Pantanal, ele mandou essa: “Caramba, você é um legítimo aventureiro!” Vindo de um pantaneiro, considero o máximo de um elogio.
Já o outro foi dito por diversas pessoas aqui do Mato Grosso: “Tem que ter opinião”, “Esse cara tem opinião”. Vários me disseram isso e pelo que percebi esse elogio é parecido com o que falamos quando uma pessoa é de “atitude”.
Adjetivos a parte, vamos para o pedal, a princípio pretendia chegar em Matupa até a hora do almoço e depois seguir pela BR 080 a dentro, já partindo logo para leste, mas mais uma vez acabei dormindo tarde e saindo tarde.
De qualquer forma foi bom, o trajeto de hoje passa por algumas serras leves, com desníveis de 150 metros no máximo, que torna o trajeto mais puxado e mais bonito.
A paisagem aqui é uma mescla entre cerrado e floresta, não vi tantas castanheiras, não vi tantas plantações também, mas vi muitas fazendas de gado.
Procurei pedalar com poucas paradas, fiz a 20 kms de Itaúba em Nova Santa Helena. Fica nítido a diferença das demais cidades por onde passei antes de Sinop. Percebe-se que há movimentação de dinheiro mas não tanto como nas demais cidades.
Em compensação vi várias pequenas fazendas no caminho e pontos de parada, diferente das enormes fazendas de soja entre Mutum e Sinop.
Apesar de ter um movimento de carros e caminhões infinitamente menor que antes de Sinop, aqui os animais continuam sendo vítimas das velocidades estúpidas imposta pela maioria dos motoristas.
Ah, como tem muitas fazendas pequenas perto da estrada, sobram aqueles cachorros estúpidos que com carros e caminhões não fazem nada, mas não podem ver uma bicicleta na rua que lá vem. Os amantes dos caninos que me perdoem, mas nessa hora, a vontade que eu tenho é parar a bike e dar uma bicuda nesses cães folgados. Antes até acelerava o passo mas agora deixo eles ficarem latindo para a minha mala como umas bestas. Quando são pequenos como esse nem esquento tanto, mas o dia que algum pegar minha perna, aí já viu!
Toda paisagem de regiões serranas é linda e gosto muito do cenário quando algumas arvores, na competição por mais sol, crescem tanto que se destacam na floresta.
Pedalei até Peixoto e hoje cheguei cedo. De lá atravessei o Rio Peixoto e fui para Matupa.
Aqui ainda tem conexão com internet, mas saindo daqui devo só achar sinal da Tim em Confresa, bem depois de cruzar o Xingu e já próximo da divisa com Tocantins. Vou ficar uns dias sem conexão, mas não tanto como durante o Pantanal. De qualquer forma deixarei pelo menos dois posts agendados para vocês não passarem tanto tempo em branco.
…e se quebrar mete o facão…
Grandes filhos da puta que fazem isso com os cães. Chute a boca da putaquepariu!
Phil, tive “vontade” de dar um chute na boca desses cachorros, mas não fiz isso não. Se tivesse que fazer algo, faria com os donos deles que na maioria dos casos, viam os cachorros correndo em minha direção e nada faziam.
Mas depois desse dia, passei a andar com um cabo de vassoura junto a bike, daí quando estava para ser atacado de forma covarde por esses “cãos bunitinhos” bastava sacar o pedaço de pau que eles já abortavam a perseguição.
Agressão a animais, só em caso extremo, mas uma coisa é certa, se tivesse que pensar entre uma paulada na cabeça do bicho e uma perna estraçalhada, não pensaria duas vezes, iria (e irei) defender minha perna.
…Exato, mete o pau mesmo…
Ae parceiro camarada de opinião e aventureiro mesmo, aqui em Campo Grande vc encontra mais um pouso se quiser, ofereço meu humilde barraco para seu descanço, assim aprendo um pouco mais sobre bike e como pedalar longe. Parabéns, vc é um exemplo e tanto para nós que curtimos bike seja lah de que maneira que for. Pretendo me aposentar em breve e dai vou fazer um lance desse, Campo Grande MS – Natal RN.
Que decepção ler esse post…
Como pode posar de amante do meio ambiente e da vida, se não compreende que cada bicho tem na sua natureza o instinto de sobrevivência e preservação?
Vc também chutaria uma onça que viesse a atacá-lo, ou só faria isso com os cães pq vc sabe que é mais forte do que eles? Ah, acho que isso tem um nome: covardia.
“Cachorros estúpidos”, como vc diz, fazem companhia, dão amor, trabalham em resgates, localizam pessoas em meio a catástrofes ambientais, salvam vidas, auxiliam a polícia no combate à violência e ao tráfico, são companheiros de pessoas com necessidades especiais diferenciadas (e não apenas deficientes visuais), fazem tudo isso e muito mais, sem pedir nada em troca. Quanta estupidez, não?
Hehe… demorou…
Lúcia, não chamei todos os cachorros do mundo de estúpidos. Só aqueles que só tem “instinto de sobrevivência” em relação a ciclistas, pois eles não correm atrás de motos, carros, caminhões e nem de pessoas a pé.
E que fique claro, não são todos os cachorros, são apenas alguns, muitos ficam quietinhos observando eu passar.
Se eu sofrer um ataque, seja de onça ou cachorro, vou reagir sim. Por isso que levo facão e agora um cabo de vassora. A maioria dos cachorros só enchem o saco, correm como uns retardados perto da gente e é só ameaçar descer da bike eles param. Mas há sim o risco de ser mordido por um desses cachorros e amando ou não os animais, tenha certeza que vou me defender.
Mas fica tranquila, dificilmente isso irá acontecer pois o que eu puder fazer para evitar um confronto eu farei.
Abs
André
Uma vez chutei a boca de um cachorro q latia e rosnava se aproximmando do meu pé, em uma rua da V.Mariana, aqui em São Paulo. Ele parou na hora, mas depois me arrependi e fiquei dias/pensando q devo ter machucado o bicho, que não fazia isso por mal, mas porque é de sua natureza. Por algum motivo q ainda não compreendo, eles nos vêem como ameaça a seu território.
Na próxima vez, vou tentar espirrar água da caramanhola.
Territorio brother? Rs. Entao esses bostas sao preconceituosos, que de caminhao, carro e até a pé eles nao enchem o saco né! O problema é que nem todos são inofensivos. O lance da água as vezes funciona, mas me deram uma dica de uma caixa de biribinhas, assim que tiver oportunidade eu compro uma e faço o teste.
De um ponto de vista moral, é importante não ter prazer ao bater no cachorro, senão o cabra é mau mesmo! 😀
Nem em legitima defesa? Nao é prazer, é vontade, pois a cabra pode passar a pé, de moto, carro, caminhao e os cachorros nao fazem nada. Já um ciclista eles vem como uma alcateia. Como eu disse, a maioria é inofensiva mas já conheço ciclistas que foram mordidos. Mas vou comprar umas biribinhas, fazer o teste e depois conto pra voces.
É isso quem pedala tem que ter opinião mesmo… boa amazonia!!!!
Belo post e ótimas paisagens. Continue assim, campeão!!!
Obs.: E não esqueça de fazer o post contando sobre todos os seus “parangolés” dentro das mochilas.. =)