Estava em Curitiba desde o início de outubro, trabalhando no desenvolvimento dos sensores da minha bicicleta, junto com o pessoal da UFPR. O desenvolvimento estava até indo bem, mas ficamos parados um tempo por causa da falta de dinheiro para compra de mais sensores e equipamentos, além disso, estava para ser iniciado o 8º Desafio Bicicletas ao Mar – São Paulo, DBM esse que seria o primeiro que eu ajudaria de longe.
Sim, minha partida de São Paulo foi bem difícil, havia muitas coisas além da preparação para o Projeto acontecendo, questões pessoais, a necessidade de dar início a viagem, autopressão que me impunha. A viagem até Curitiba foi revigorante, saí de São Paulo com 98 quilos e muito longe do meu condicionamento ideal, mas nada como a estrada pra me fazer tão bem. Os primeiros dias em Curitiba, apesar de todo apoio do André Mariano, o professor da UFPR que criou o Projeto de Extensão que está ajudando no Brasil em Ciclos, foram terríveis. A solidão dos primeiros dias, meus problemas pessoais, o clima muito frio, um inusitado problema intestinal, um péssimo hostel que decidi ficar… minha vida não estava nada fácil.
Mas uma hora as coisas começaram a mudar pra melhor, tudo se iniciou com minha mudança de casa, não aguentava mais aquele Hostel e saí pesquisando outros lugares para ficar. Com a ajuda do Google Maps e com base nos comentários do Booking, fui fazendo minhas pesquisas até que resolvi mudar para o Social Hostel, ainda desconfiado fui me ajeitando, mas não demorou e logo minha animação voltou.
De cara fui muito bem recebido pela Barbara, no meu primeiro café da manhã o Vitor perguntou seu eu queria ovos mexidos pois ele faria na hora pra mim. Lembrei do outro hostel que o máximo de contato que eu tinha com seus funcionários era um cartaz mandando a gente lavar a louça depois do café, que era servido num balcão sem a presença de ninguém. Comecei a me animar e para retribuir o carinho que estava recebendo, ao ponto de consertar a torneira deles que estava pingando há dias.
Não demorou para eu me sentir em casa, logo nos primeiros dias contei minha história, minha viagem e o pessoal ficou super empolgado, bem diferente do outro Hostel que só perguntaram da minha viagem no dia da minha saída, depois de ficar uma semana hospedado lá! E na universidade? As coisas iam se ajeitando, além do Professor Mariano, que nos dava todo suporte necessário, seus alunos, o André (mais um), o Orestes, o Arthur, o Giovani, iam para lá praticamente todos os dias e estávamos nos debruçando nos equipamentos, buscando uma solução, era bem divertido tudo aquilo.
Lá no Hostel conheci a famosa Maria, famosa porque em quase todos os comentários positivos do seu Hostel, lá estava seu nome. Ela disse que gostava de pedalar mas não muita coragem de sair sozinha. Comentei com o pessoal minha idéia de realizar o DBM Curitiba e descer a Estrada da Graciosa, então ela foi a primeira que quis treinar, depois o Victor também se animou. Demos início aos treinos, o Victor se empolgou tanto que acabou até comprando uma bicicleta novinha, então começamos nossos treinos.
Estava indo tudo bem, até esbarrarmos em dois problemas, o primeiro eram os equipamentos que faltavam para continuarmos desenvolvendo os sensores, em Curitiba era difícil encontrar, sem falar no preço, sempre mais caro. O segundo era a proximidade do 8º DBM – São Paulo, percebi um certo pânico no pessoal ao tocar o DBM comigo longe. Infelizmente tem muitas coisas que é difícil descentralizar, principalmente as questões mais burocráticas, as autorizações, essas coisas, até mesmo o evento de entrega dos Kits.
Pra complicar a situação, cometemos o erro de aceitar o pagamento em cartão de crédito, então mais da metade do dinheiro que recebemos para comprar os coletes e as placas (que os Desafiantes pagaram apenas 10 reais) estavam presos, como então pagar os fornecedores que precisam do dinheiro na hora? Como seriam vários os problemas que nossos Guias teriam que enfrentar, resolvi pegar um busão, colocar minha bike no bagageiro voltei pra São Paulo para ser o para-raios do pessoal.
Agora que escrevi esse post estávamos entrando na última semana do Desafio. Decidi que vou ficar em São Paulo para passar o Natal aqui, portanto vou adiar um pouco a continuidade do Projeto Brasil em Ciclos, apesar de ser gratificante ver a evolução do pessoal do DBM, está me fazendo muita falta ficar longe da estrada.
Mas eu não tinha prometido levar o pessoal de Curitiba pra Morretes? Pois bem, dia 16 de dezembro (sexta), eu e provavelmente uns 30 amigos, embarcamos num ônibus rumo a Curitiba e no dia 17 vamos todos descer a Graciosa. Depois desse final de semana retorno a São Paulo, passo o Natal aqui e depois veremos. Tem algumas coisas (que não posso contar agora) acontecendo, mas o certo é que depois do Natal terei as coisas bem mais definidas, então voltarei aqui no blog para anunciar meu destino, a única coisa que eu sei é que, independente do meu rumo, com certeza não só eu mas muitas pessoas estarão felizes com minhas escolhas, portanto até breve.
André Pasqualini