Obviamente que faltou o fechamento da viagem que foi tão emocionante como quase todos os dias que vivi durante a viagem. Olha que foram 115 dias de pedal pelo Brasil.

Saímos  de São José dos Campos em 5 guerreiros, na foto abaixo temos o Bruno, que venho de São Paulo para fazer essa última perna com a gente, eu, o Oton, o Marcio e o Well.

Entramos na Dutra onde o Oton nos deixou, a princípio iríamos por ela até o acesso da Trabalhadores, pista mais tranquila, mais segura e com acostamento em praticamente toda extensão até a Marginal Tietê, mas isso aumentaria em 10 quilômetros a viagem. Como saímos tarde, decidimos seguir pela Dutra mesmo e ganhar tempo. Mas “melhor caminho” é sacanagem, ainda mais num trecho sem acostamento.

O trecho de São José não tem acostamento, totalmente em desrespeito a Lei Estadual 10095/98 do ex Deputado Walter Feldman. Raro é ver alguma rodovia de São Paulo respeitar essa lei. Coisas de Brasil, mas é algo que em breve começará a mudar, daqui a pouco começará chover ações judiciais contra essas concessionárias então quero ver. Logo a frente o acostamento voltou e seguimos mais tranquilos.

Quando entramos na região de Guarulhos, aí sim a coisa ficou feia. Acostamento virou pista, nem calçada existe e o lance foi negociar com ônibus e caminhões passando em alta velocidade pela gente. Foi muito tenso, alguns devem achar um absurdo pedalarmos ali, mas eu considero absurdo rodovias que passam em centros urbanos ignorarem a existênica de pedestres e ciclistas. Bem, chega de reclamar e vamos socar a bota pois tem uma galera nos esperando em Sampa.

Chegamos em São Paulo as 17h00 e cortamos pela Zona Norte, saindo na Ponte da Vila Guilherme, passando pelo Brás e saindo na Avenida do Estado. Ali fiz uma pergunta para a galera. “Vocês preferem o que? Subir pela Vergueiro ou ir pela 23 de maio?” Quem não é de São Paulo, a Vergueiro é uma avenida comum, movimentada mas com velocidades mais controladas. Já a 23 de maio é uma via expressa, sem semáforos, onde raramente há ciclistas. A diferença é que pela Vergueiro iríamos subir bem mais do que pela 23 de maio. Adivinhem qual pista escolhemos?

Para quem já havia encarado a tensão absurda da Dutra, a 23 de maio parecia uma Ciclovia. Mais legal é que os motoristas buzinavam me saudando, da mesma forma que ocorria quando estava na estrada. Subi num gás absurdo, meus amigos atrás sofriam para acompanhar meu ritmo, a vontade de chegar logo no Parque das Bicicletas, onde estava a minha família era o dopping que precisava. Desci a 23 de maio ultrapassando os carros, com certeza vários ali nos seus bólidos acharam que eu estava de moto.

Fim da descida e saímos no Parque do Ibirapuera, eram 17h40. Ali paramos para poder tomar um banho de pia. Já que iria abraçar um monte de gente, que fizesse com uma roupa e a cara limpa ao menos. Saímos de um parque e logo estávamos no outro. Lá chegando pude ver meus amigos e alguns parentes lá dentro.

Cheguei e parei no meio do balão, vi o Aragon, o Gallo, minha mãe, minha irmã, mas estava procurando uma única pessoa, até que olhei para a direita e lá vi meu pequeno. Quando nos olhamos ele venho correndo para mim. Ainda em cima da bicicleta, apenas consegui pega-lo em meu colo, a partir de então não consegui ver mais nada.

Minha aventura foi concluída, tudo valeu a pena mesmo, o contato com meu filho recarregou minhas energias e me tornou a pessoa mais forte do mundo. Uma sensação de que nada é impossível e que minha felicidade só depende de mim.

Quando comecei a viagem tinha sérias dúvidas de que conseguiria terminar, antes de entrar no Pantanal estava aterrorizado, pensei até em fazer um caminho mais fácil até Corumbá e de lá subir de barco até o Porto Jofre, mas me lembro da conversa com o Luis Guilherme de Campo Grande, conversa que eu tive por telefone. Quando disse a ele que estava pensando nesse plano B ele disse “André, vá por dentro mesmo, você vai conseguir”.

Fui por dentro e consegui, num momento tirei até onda desse medo de onça que tomava conta de todo mundo, fui elogiado até por pantaneiros por causa da minha coragem e devo ter sido o primeiro ciclista que cruzou o Pantanal sozinho, saindo no Porto Jofre, algo que vou carregar comigo pelo resto da minha vida.

Foram vários os momentos de dúvidas e superações, cheguei a desistir por não suportar tamanha saudades, depois voltei a pedalar determinado a cumprir o que eu havia planejado. Quem me acompanhou pelos mais de 106 dias, 90 posts, 6844 quilômetros, sofreu, chorou, sorriu, se indignou, se divertiu comigo. Garanto que muitos se sentiam pedalando ao meu lado. E tenham certeza que por diversos momentos vocês estavam ali, junto comigo, mais próximos do que podem imaginar.

A pedalada terminou, mas o Projeto Biomas ainda não e seus desdobramentos serão muitos. Agora vou me concentrar pois pretendo produzir dois livros nos próximos 3 meses. Um para-didático, onde usarei a experiência minha viagem para contar mais detalhes dos principais biomas brasileiros por onde passei. O outro será um livro motivacional, abordando um pouco mais dos perrengues, das superações e contando as histórias interessantes que por diversas motivos não foram parar no blog.

Para cada livro irei montar uma palestra audio-visual, com elas pretendo passar um pouco mais da minha experiência, fazendo um pequeno apanhado do que a pessoa irá encontrar no livro, dessa forma estimulando a leitura.

Tudo novo, vida nova, muita ação e trabalho pela frente. Chegou hora de por em prática tudo que aprendi nesses meses e esse será o meu foco a partir de agora. Obrigado a todos que de alguma forma colaboraram para o sucesso dessa viagem, saibam que voltei renovado e apesar de tudo, acreditando no ser humano, ainda mais depois de tantas demonstrações de solidariedade que eu recebi.

Pra fechar já deixo outro convite. Depois do Carnaval, devo marcar um local onde convidarei todos meus amigos reais e virtuais para uma pequena “palestra bate papo”, onde contarei um pouco da minha viagem com algumas fotos que selecionarei. Ainda estou negociando o espaço e logo depois do Carnaval devo divulgar data e local. Espero vê-los novamente lá.

Me despeço e mais uma vez agradeço a todos vocês que me acompanharam por esses 100 dias. Continuarei postando novidades no Blog, não com tanta frequência como antes mas sem nunca abandonar esse espaço maravilhoso. Abraços e todos e até breve.