Sempre gostei de desafios. Desafios servem para mostrar que temos uma força bem maior do que imaginamos, provando que subestimamos demais nossa força.

Para fechar essa viagem com chave de ouro, resolvi incluir um trecho do Caminho da Fé. Escolhi um trecho que ainda não conhecia, já percorri o caminho em 2005 e chegando em Paraisópolis, seguimos para São Bento do Sapucaí e São Carlos do Pinhal. Mas em 2006 o caminho sofreu uma alteração, seguindo para Campos do Jordão.

O trecho de Paraisópolis a Campos tem 48 kms. Para quem já percorreu 200 em um dia, seria fácil percorrer esse curto trecho. Mas meu otimismo fez eu esquecer das dificuldades que tinha no Pantanal quando percorria apenas 40 kms/dia em média. Se eu tivesse pesquisado um pouco mais sobre o trecho, jamais teria programado para fazer em apenas um dia, ainda mais com tanto peso.

Saímos por volta das 8h00 de Luminosa e começamos a subir, lá de baixo dava para ter uma noção de que não seria nada fácil.

Pedalamos uns 3 quilômetros até a Pousada da Dona Inês, onde o senhor José Ferreira, seu marido, nos recebeu com um cafezinho e carimbou nossas credenciais.

A subida era pesada demais, sabia que chegaria perto dos 1900 metros, já tínhamos quase duas horas de pedal e o GPS ainda marcava “apenas” 1000 metros.

Durante a subida sempre ouvíamos o barulho da água corrente, havia um canal de água que vinha da montanha e ia beirando a pista, isso era sinal de que teríamos algum ponto para nos refrescar no caminho, não demorou e lá estava o primeiro ponto.

O Marcio cruzou a ponte e começou a apontar para a direita e gritar “Olha! Olha!”. Me assustei, até achei que era um bicho, mas ele se encantou com essa cachoeira. Claro que eu também me encantaria mas acho que estou meio mal acostumado depois de tantos lugares que passei nesses 3 meses, rs.

Depois de nos refrescar seguimos subindo, em boa parte da subida tínhamos que empurrar, foram várias vezes que o Marcio ou o Well subia com sua bike e depois descia para me ajudar.

Nada de alívio, a subida era constante, já eram mais de 11h00 e ainda não tínhamos chegado na metade da subida, mas era impressionante o visual lá de cima.

As 14h20, depois 6 horas só subindo, finalmente conseguimos chegar no asfalto. Isso tudo num trecho que não passou de 13 quilômetros, onde atingimos 1740 metros de altitude.

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Chegamos no asfalto e continuamos a subir, o GPS bateu a marca dos 1820 metros, a essa altura o Oton de São José dos Campos estava desesperado esperando notícias nossas, já que achávamos que encontraríamos ele as 12h00 no pé da serra de Campos do Jordão. Como não havia sinal de celular para ninguém, não conseguimos avisa-lo.

Do asfalto ainda restavam mais 20 kms até Campos, começamos a descer até 1400 metros, quando chegamos na divisa de Campos do Campista. Ainda restavam mais 10 quilômetros de muita subida. E como subimos, batemos novamente a casa dos 1700 para só então começar a descer para a cidade.

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Chegamos em Campos as 18h00, fizemos um pedal de uns 35 quilômetros em 10h00 e ainda tinhamos que pedalar até São José dos Campos a 90 kms de lá. Passamos por Campos e descemos a serra já de noite.

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Descemos a Serra e encontramos o Oton lá no posto rodoviário, já era noite e pedalamos por uma estrada de terra até São José, chegando na cidade a meia noite, consequentemente perdemos a Bicicletada daqui.

Agora estamos partindo, e hoje chegamos a São Paulo. O trecho hoje é tranquilo e chegaremos as 17h00 no Parque das Bicicletas em São Paulo. Se tiver em Sampa apareça lá e vamos comemorar juntos o final dessa aventura.