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Tá difícil acertar meus horários, ainda mais com essa uma hora a mais no fuso, só me complico. Quando cruzei o Araguaia fiquei todo feliz pois voltava para o meu fuso. Mas descobri que Tocantins não aderiu ao horário de verão, que beleza.

Acordei até cedo, umas 6h00 no meu horário, mas enrolei pois sabia que o café só as 7h00, no horário daqui. No final das contas saí de Ponte Alta quase 12h00, com apenas mais 7 horas de luz natural, ou seja, tenho que tomar na cabeça mesmo.

O Jalapão é um local fantástico, não demorou muito e cheguei a primeira atração, a Cachoeira Sussuapara a 15 kms de Ponte Alta. Uma simples ponte e um córrego, se não fosse uma placa e a confirmação de um ciclista que estava comigo, teria passado batido. Entrei numa trilha, caminhei uns 100 metros e cheguei a esse local surreal.

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Logo depois chegaram o Eduardo e seu filho Torquato. Pai e filho, ambos de São Paulo e estão viajando pelo país. Meu sonho é meu filho tomar gosto pelas minhas viagens e me fazer companhia um dia. Quem sabe…

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O trajeto é lindo, as árvores baixas e escassas do Cerrado te dão ampla visão panorâmica, formações rochosas belíssimas no entorno inspiram e motivam. Vejo ao lado uma pequena trilha num campo e observo que há um vale próximo. Entro no campo, pedalo até onde dá. Quando não dá mais paro e tiro a foto.

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O trajeto não é fácil e contratempos começam a ocorrer. Meu objetivo era pedalar 90 kms até a Cachoeira da Velha, mas já via que dificilmente iria chegar com luz natural. Pra complicar, o bico do meu pneu abre e além do tempo perdido, perdi uma câmara reserva.

Depois minha água acabou e pedalei uns 20 kms até chegar num rio. Ainda bem que estou numa das regiões mais ricas em água potável do mundo. Parei no Rio Vermelho e encantado com a transparência da água, dispensei o clorin e enchi minhas reservas de água.

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Na saída do rio encontrei o Rodrigo e o Rogério que levavam a mãe de um deles. Não sei se eram irmãos mas eles estavam viajando a dias pelo Brasil com a mãe de tira colo. Nessa hora já imaginei a minha mãe fazendo uma viagem dessa (de carro obviamente) comigo e o quanto ela iria curtir. Guenta aí velhinha, pois ainda apronto uma dessas pra você.

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A essa altura tinha apenas mais uma hora de sol e ainda uns 40 kms até a Cachoeira da Velha. Já estava pensando em abortar o camping na praínha da cachoeira e pra complicar, antes da subida dessa serrinha, o parafuso do meu bagageiro quebrou novamente. Primeiro foi no Pantanal, me obrigando a mudar de buraco no quadro pois o parafuso ficou dentro. Agora me quebra novamente no outro buraco. Fiz uma gambiarra e consegui seguir viagem.

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Encarei a serrinha onde tem o único trecho de asfalto da estrada que contorna o Jalapão. A subida é curta mais bem inclinada, subi fazendo careta mas subi, sem descer da bike.

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Logo no final da subida tem uma bifurcação. Não há nenhuma sinalização, mas sabia que a esquerda tem a Cachoeira da Velha e a direita a estrada que segue rumo a Mateiros. São 28 kms até a cachoeira e no dia seguinte teria que voltar tudo novamente para ir a Mateiros.

Não iria mais acampar na cachoeira e a dica de pouso seria dormir na Pousada Jalapão a 20 kms, no caminho da cachoeira. Essa pousada está desativada há anos, mas tem um caseiro cuidando dela. Pedalei por quase duas horas até ver uma luz que não fosse dos vagalumes.

Cheguei na fazenda no breu e o caseiro deixou eu passar a noite ali. Achei um canto para armar a rede e caí rapidamente no sono. O detalhe que essa é a tão falada fazenda do “Pablo Escobar”. Mas deixa que no post do dia seguinte conto melhor essa história.