No dia 12 de setembro de 2000, marcando o início de um novo ciclo em minha vida, registrei o domínio www.ciclobr.com.br. Novo ciclo porque em novembro do ano anterior havia entrado no PDV (Plano de Demissão Voluntária) da Comgás, empresa qual trabalhei por 8 anos e começava a vida em nova profissão, na área de informática. De Operador de Rádio, antiga função minha na Comgás, passei a ser “Web Designer”, nome que era dado a todos que faziam sites naquela época.

Já pedalava a quase 10 anos e sempre tive vontade de divulgar minhas viagens. Como também precisava de algum trabalho para começar o meu portfólio, porque não um site sobre viagens de bicicleta? Assim nasceu o CicloBR, que se iniciou como um site de cicloturismo, mas com o tempo passou a se comunicar com o Ciclista urbano, trazendo também informações relevantes para eles.

Foi pensando na produção de conteúdo para esse grupo de ciclistas passei, não apenas a cobrir as ações de cicloativismo, como participei diretamente da articulação de várias e com isso fui um dos ciclistas que cobriu esse vácuo de informações ao ciclista urbano e também servindo de canal de informações para os ciclistas do Brasil inteiro, fazendo jús ao seu sobrenome “BR”.

Não demorou e junto com o crescimento desse movimento cicloativista, surgiu a necessidade de uma formalização e uma representatividade. Mas a tão sonhada “Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo” não passava de intermináveis reuniões vazias, da minha inquietacão surgiu a idéia. Porque não aproveitar a “marca” CicloBR, que já estava consolidade e transformá-la numa Ong, num Instituto?

Passei a conversar com vários ciclistas sobre essa possibilidade, alguns foram contra pois achavam que eu devia continuar tentando criar aquela associação dos ciclistas, já outros acharam a idéia interessante e disseram que me apoiariam se eu seguisse em frente.

Sendo assim, no dia 08 de agosto de 2009, foi fundado o Instituto CicloBR e eu fui eleito o Diretor Geral. A partir de então passei a me dedicar intensamente ao Instituto, queria que ele se torna-se realidade e ganhasse a confiança das demais instituições, como mais uma instituição séria que busca a defesa, não apenas dos ciclistas, mas de todos que desejam se deslocar de forma sustentável.

Foram muitas as conquistas, conseguimos realizar por duas vezes o Passeio pela Rota Marcia Prado, sendo que na primeira edição reunimos mais de mil ciclistas e vem sendo uma ótima ferramenta para pressionar as autoridades para torná-la oficial. Produzimos o Calendário CicloBR “Como Nus Sentimos” o Festival CicloBR, os Desafios Intermodais, a Bici-Balada e atualmente temos uma parceria com a Bradesco Seguros no SOS Bike, um serviço que visa ajudar os ciclistas iniciantes na Ciclofaixa de Lazer, resolvendo problemas mecânicos de graça, dando ajuda técnica e estimulando esses ciclistas a continuarem pedalando.

Eu já realizava inúmeras reuniões com o poder público, para cobrar e tentar viabilizar propostas para os ciclistas em São Paulo. Depois da criação do Instituto, nada mudou, a diferença é que na recepção dos prédios, quando me perguntavam qual a empresa eu respondia, “Instituto CicloBR”.

Entre minhas participações, misturando o que fiz antes e depois da criação da Ong, trabalhei nos Bicicletários da CPTM, da instalação dos Paraciclos do Metro, na construção da Ciclovia da Radial Leste, na abertura da Ciclovia da Marginal Pinheiros, auxiliei os técnicos durante a elaboração da Ciclofaixa, do mapeamento das ciclorrotas, palestra a motoristas de ônibus…

Já nem sei de cabeça todos os projetos que meti o bedelho.

Ocorre que sempre sofri muito com inveja, e sempre recebi muitas críticas pela minha forma de agir, mas não levo elas a sério, porque de cada crítica eu recebo uns 10 elogios, justamente pela minha forma de ser e agir. Portanto encarava essas críticas, mais com incompatibilidade de perfil, do que uma maneira errada de agir mesma forma que recebo críticas ded alguns, foram tantas calúnias, acusações sérias, isso mesmo antes da criação da Ong. Mas sempre encarei isso como “ossos do ofício”. Toda a minha ação, de certa forma me colocou na vitrine e quem é vidro, tem que estar preparado para ser vidraça. Mas tudo tem limite.

Desde o ano passado venho encerrando vários ciclos em minha vida, mas faltava um. Quando resolvi transformar o CicloBR numa ONG, (falo assim pois apesar de sem o apoio de muitos, se não aceitasse a idéia nada teria rolado, pois a marca era minha), nunca tive ambições de me perpetuar como “dono” da ONG, como infelizmente muitos fazem (e me acusam).

A minha felicidade viria no legado que estaria deixando, um sonho que virou realidade e com participação direta minha. Mas desde o início tinha planos de me afastar do Instituto, assim que ele tivesse uma base sólida e pudesse caminhar com suas próprias pernas.

São tantos fatos que infelizmente não posso mais esperar, em minha vida estão aparecendo algumas encruzilhadas e tenho que fazer escolhas. A última foi seguir meu rumo e abreviar algo que iria acontecer inevitavelmente em breve.

Quando voltei da minha viagem, entreguei minha renúncia ao cargo de Diretor Geral, mas a pedido de alguns membros do Instituto, até porque saindo ou não do Instituto, muitas pessoas, principalmente jornalistas, ainda me procuram e precisam me associar a um cargo e até mesmo para eu continuar conversas institucionais com diversas empresas e órgãos do poder público, conversas que já tenho antes mesmo da criação da Ong, foi criado o cargo de Diretor de Relações Públicas do Instituto e a partir de então, passei a falar em nome desse cargo.

Mas desde a criação do Instituto, havia algumas pessoas que participaram dela não para trabalhar pela causa ou missão, mas apenas para criar dificuldades. Com o passar do tempo, percebi que o problema era mais pessoal do que ideológico, pessoas usando alguma prerrogativa de poder para me prejudicar de diversas maneiras, consequentemente, desvirtuando a própria missão da Instituição.

Até então apenas ignorava essas pessoas, até porque eu tinha sempre o apoio da maioria. Desentendimentos ideológicos ocorreram (e irão ocorrer) e como consequência, algumas pessoas, com dignidade, resolveram sair do Instituto e trilhar seu rumo. Mas outras continuaram mesmo com essas diferenças e de um tempo para cá, já não fazem nada em pról do Instituto e apenas se manifestam com o claro objetivo de me prejudicar.

Bem, tudo tem um limite e esse limite foi ultrapassado ontem. Por isso resolvi me afastar de vez do Instituto CicloBR. Hoje fiz uma carta de renuncia que será entregue aos membros da Diretoria e NADA me fará voltar atrás.

Mas não pensem que eu quero o fim do Instituto, pelo contrário. Meu ciclo no CicloBR se encerrou e até mesmo o da própria instituição esta se encerrando. Mas a partir de agora, um novo ciclo se inicia e é fundamental que as pessoas que acreditam no Instituto, dêem continuidade a esse processo de formação.

Confesso que apesar de sair, sou muito feliz por ter participado da criação do CicloBR, por ter feito tantas coisas e por ter deixado esse legado. Espero que com a minha atitude, algumas pessoas façam o que eu sempre desejei. Se apropriem do CicloBR que, antes mesmo da criação da Associação, já era de vocês.

Agora espero que isso sirva para mais pessoas se dedicarem e participar da vida do Instituto. Saibam que qualquer associado pode participar, pode se candidatar a algum cargo e mesmo como voluntário, participar de forma mais ativa da vida do Instituto.

Apesar de estar me despedindo, como já era algo que eu previa, não há tristeza e sim muita felicidade pelo seu terceiro ano de vida e de todas suas conquistas. Ainda quero ver ele com todo seu potencial, crescer e ajudar de forma real, todos os ciclistas do Brasil.

Enquanto isso sigo minha nova caminhada e fazendo ainda tudo que eu puder para melhorar a vida dos ciclistas do Brasil, só que agora de uma forma diferente.

André Pasqualini