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Realmente me sinto vitorioso quando chego em casa depois de mais uma Cicloexpedição e dessa vez não foi diferente. A vitória só acontece quando todos chegam inteiros em suas casa depois de passar um final de semana sendo guiados por mim, que responsa…

A primeira vez que ouvi falar da Serra do Rio do Rastro deve ter uns 10 anos, quando comecei a acompanhar as voltas europeias e “pirar” nas etapas de montanha dos Alpes, Pirineus. Ficava imaginando se haveria a possibilidade de haver uma etapa como aquela aqui no Brasil, um país que não tem grandes montanhas como na Europa. Não tem? Aí que nos enganamos, podemos não ter aquelas montanhas cobertas de gelo, mas temos sim montanhas e serras que não destoam de nenhuma “HC” do Tour de France.

Pesquisando acabei descobrindo que no Brasil também temos nossas voltas e uma das mais tradicionais era a de Santa Catarina que em todas as edições tinha sua etapa de montanha na Serra do Rio do Rastro. Desde então sempre tive a vontade de conhecer essa temível serra, até que em junho de 2012 consegui desbravar essa maravilha.

E que maravilha, a serra é imponente e linda, no seu topo, a cidade mais próxima fica a 10 quilômetros do seu mirante, sendo que a mais 40 tem a famosa cidade de São Joaquim. Depois dessa viagem e de postar fotos incríveis no meu facebook, muitos foram os que pediram para eu organizar uma Cicloexpedição para lá. Tentei uma no ano passado sem sucesso mas nesse ano ela aconteceu e lá fomos cerca de 22 guerreiros encarar as pirambas catarinenses.

A viagem de ônibus é longa, são 900 quilômetros de São Paulo a Bom Jardim, nós fretamos um ônibus Leito Turismo aqui em São Paulo pois passaríamos a noite toda na estrada para pararmos no pé da serra e começar a subida. Mas quem quiser ir por conta fica bem complicado fazer isso num simples final de semana, as opções são ir de avião até Criciúma e de lá ou ir pedalando, alugar um carro, ou fretar um transporte para te levar até o pé da serra. Dá para ir pedalando, mas de Criciúma até Lauro Muller, última cidade antes de começar a subir a serra são 52 quilômetros, um ciclista com um pedal bom até consegue fazer tudo em um dia só, mas vai ficar bem puxado. A melhor sugestão é pegar um feriado de 4 dias e fazer um dia de pedal até Lauro Muller, outro só para subir até Bom Jardim e mais dois dias de retorno.

Mas lá fomos nós, nosso plano era o de chegar por volta das 10h00 da manhã de sábado no pé da serra, mas devido a uma manifestação em Embu das Artes acabamos perdendo quase 3 horas estacionados no Rodoanel. Pior que nem dava para reclamar muito…

Chegamos as 13h00 no local de onde iniciaríamos a subida e lá foram os 23 guerreiros, cada um no seu ritmo. O começo da serra tem uma inclinação mais suave, enquanto ela progressivamente vai subindo junto ao cânion, mas quando chega próximo da parede, restando uns 400 metros para superar sua inclinação aumenta e muito.

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Dessa vez tivemos mais um fator preponderante, o frio com muito vento. Quando ele chegava perto da parede onde a pista vai fazendo vários “Z”s, o vento ficava absurdamente forte a ponto de quase te derrubar quando estava contra e até mesmo ajudar a subir quando estava a favor. Nunca em minha vida eu vi um vento a favor ajudar na subida!

Foi gostoso ver o encantamento do pessoal com o visual da serra, o mesmo deslumbramento que eu tive a um ano atrás. O Rodivam, motorista de Bom Jardim que fez o carro de apoio para nós, ao ver nosso encantamento começou a reparar na serra que ele subiu tantas vezes e de tudo que é jeito. Nem ele havia reparado em tanta beleza, precisou de um grupo de ciclistas malucos de São Paulo para despertar esse sentimento nele, que bom.

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O pessoal foi então chegando ao topo, um a um e a maioria emocionada com a vitória. Alguns foram até o Parque Eólico onde dá para ver uns Canions mais de perto bem como as imensas turbinas. O problema é que chegamos lá e demos de cara com um cara que queria cobrar 5 reais por cabeça só para poder entrar no Canion, segundo ele ali é uma área particular e ele pode fazer isso. Mesmo com uma placa ao lado dizendo que a entrada era gratuita.

Eu achei um absurdo aquele cara cobrar só porque segundo ele é uma área particular. Foi ele que fez os Canions? Não é mesquinharia, mas sei lá, ali é uma estrada que parece ser para ligar fazendas da região, tanto é que o Rodivan disse que dá para entrar por outro lado e ver os Canions sem pagar. Eu já vi tanta beleza natural sem pagar nada que me recusei a ir mas aconselhei o pessoal que estivesse disposto a conhecer o local a fazê-lo pois vai saber quando eles voltariam para lá. Alguns que saíram antes pagaram, mas ninguém daquela galera quis ir, até fiz uma brincadeira no face com a foto abaixo simulando um protesto. Não são apenas 5 reais.

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Nesse dia tivemos simplesmente a maior lua do ano, quando ela atingiu o seu “perigeu”, ponto em que ficou mais próximo da Terra (o oposto é apogeu). No perigeu ela estaria 14% maior e 30% mais brilhante que no apogeu lunar e quando o Sol ainda tentava se por ela surgiu no horizonte de forma mágica.

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Peço desde já desculpas pois como minha Sonyzinha guerreira, a mesma que resistiu bravamente a minha viagem do Projeto Biomas, sucumbiu depois da chuva que tomamos em São Roque e como não tinha mais a cia da minha fotógrafa oficial, tive que me virar com o meu celular e não deu para fazer muitas coisas.

O vento e o frio estavam de matar e seguimos então rumo a Bom Jardim e conforme o sol se punha a lua ia ganhando os céus e iluminando nosso trajeto até a cidade.

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Antes paramos num restaurante a 2 quilômetros de Bom Jardim, lá o pessoal monopolizou a lareira do restaurante e depois nos empanturramos com um churrasco divino. Depois voltamos para o hotel, ainda estava muito frio mas ao menos o vento havia parado de soprar e seguimos de volta para o hotel onde descansaríamos antes de encarar a alucinante descida do dia seguinte.

Amanheceu e encontramos o ônibus do lado de fora do hotel congelado, segundo o motorista a temperatura do lado de fora era de 0 C, enquanto dentro marcava -4 C, mais frio que minha geladeira!

O pessoal tomou café, alguns foram de ônibus até o mirante e outros seguiram pedalando para dar início a descida da serra, dessa vez não havia o vento torturante do dia anterior e realizamos a descida com relativa tranquilidade, apenas um ciclista levou um tombo durante a descida mas nada de grave, algumas raladas e um pneu “explodido”, mas por sorte só precisamos colocar uma câmera nova e terminamos a descida no ponto de encontro do ônibus. Abaixo alguns vídeos dessa descida que é realmente alucinante.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=o0bf3hx1hrs]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aitUbxrX3ko]

 

Depois tivemos uma longa jornada de volta e acabamos chegando em São Paulo por volta das 2h00 da manhã de domingo para segunda. Foi uma viagem bem difícil de ser organizada, por muito pouco não desisti de fazê-la, mas por sorte acabou dando certo e chegamos todos bem.

Quando organizei essa viagem eu tinha como principal objetivo mostrar para essa galera do Sudeste e Norte do país um pouco das maravilhas que temos no Sul, a Serra do Rio do Rastro não passou de um aperitivo, funcionou comigo quando fiz o pedal pela primeira vez e não demorou para voltar e percorrer o caminho que batizei como Rota da Neve (primeiro post).

A próxima viagem que organizarei será outro grande Desafio, dessa vez subiremos a estrada de Parati a Cunha até a Pedra da Macela. Na Serra do Rio do Rastro partimos de 500 e chegamos a 1400 metros e tudo por asfalto. Já nesse pedal partiremos de 0 e chegaremos a 1800, sendo que metade é em terra, um tremendo Desafio não?

Essa será a viagem final do Super DBM que realizaremos uma semana depois da descida da Rota Márcia Prado, será uma viagem para os Super Desafiantes que estão inscritos no 4º DBM, mas qualquer ciclista que acompanha meu blog poderá participar. Em breve farei sozinho o trajeto com o objetivo de estudar lugares para a gente se hospedar e ter a noção exata da dificuldade do trajeto, depois dessa viagem, quando tiver o custo exato divulgo aqui no Blog para quem quiser participar.

E aproveitem que essa será a última antes da minha viagem de outubro, porque ainda não sei se quando voltar (se eu voltar :p) ainda farei mais Cicloexpedições, mas vamos ver, até minha volta tem muita água para rolar e muito obrigado a todos que confiaram em mim e participaram dessa expedição.

André Pasqualini