No primeiro trajeto eu incluí a Serra da Canastra, depois devido a pressa para voltar pra casa tirei a Canastra. Como acabei ganhando um tempo resolvi recolocá-la no trajeto. Indecisão é meu sobrenome.
Além dos biomas, quis colocar alguns pontos turísticos no trajeto, para mostrar aos ciclistas que acompanham meu blog. como o Brasil é cheio de lugares maravilhosos para pedalar e a Serra da Canastra é mais um pico maravilhoso que não poderia faltar nessa aventura.
Minha aventura na Canastra começou em Tapira, seriam “apenas” 40 quilômetros até São João Batista da Canastra, onde ficaria na Pousada da Serra, do Ricardo. Mas acordei com uma tremenda dor nas costas, tinha dificuldade até para levantar da cama.
Essa dor me acompanha a meses, desde o Pantanal. Diminuiu até desaparecer, mas voltou depois de Araxá, sendo que de manhã é sempre pior. Estou com um monte de remédios comigo, amostras que ganhei de vários hipocondriacos que conheci no caminho, mas como não gosto de tomar remédio por conta própria, achei melhor ir ao hospital de Tapira para me consultar com um médico.
Lá ele constatou que era uma contratura muscular e me receitou uns anti-inflamatórios para tomar. Ele viu os remédios que carregava e receitou um deles, além de me dar mais duas injeções, uma na veia e outra na poupança.
Estava numa pousada em Tapira, passei no médico as 9h00 da manhã e se as dores diminuissem eu iria para a São João de tarde. Dei uma cochilada até o meio dia e para a minha felicidade as dores diminuiram de forma drástica, então montei a bike e caí na estrada.
O Ricardo me disse que o trajeto era pesado e eu teria que passar por 5 pontes até São João. Ou seja, teria que subir uns 6 morros no mínimo. Na saída da cidade já encarei uma bela piramba e encontro dois ciclistas descendo. Eles são de Araxá e Uberlândia, eram o Gordim e o Eloi da equipe Rasta (se os nomes estiverem errados me corrijam) que estavam treinando para participar do Cape Epic na Africa do Sul.
Subi muito, saí de Tapira com uns 1000 metros e atingi quase 1300. Lá do alto vejo o trajeto da estrada, o visual é fantástico, mas deixava claro que iria ter que descer muito para subir tudo novamente. Trechos planos? Nenhum com mais de 100 metros.
O visual das montanhas parece com grandes pastos, mas isso é a vegetação natural daqui, dá impressão que o Cerrado foi desmatado mas não foi. Muito semelhante com o Jalapão, aqui o Cerrado parece uma Savana, poucas árvores e quando elas estão em abundância, pode ir até lá que você encontrará um rio ou uma nascente. Com isso temos esse belo visual mostrando detalhes do relevo da Canastra.
Apesar desse trecho pertencer a Serra da Canastra, essa área está fora do parque, portanto são áreas particulares onde há várias plantações e muitas criações de gado. Como não há cercas junto a estrada, apenas mata-burros nas porteiras, é comum darmos de cara com o gado na estrada.
O sobe e desce era constante, atingia 1300 e descia até 1050, a altimetria desse trecho vai parecer um eletrocardiograma e sempre que chegava perto dos rios a inclinação era muito forte.
Pra piorar as pontes estavam caindo aos pedaços, se o ciclista abusar, tentando passar num gás pra ganhar embalo pra subir, corre o risco é de ficar pela ponte.
Até esse dia não havia empurrado a bike uma vez sequer. Não importava a inclinação da ladeira, subia pedalando, parava no meio para descansar e continuava subindo. Mas dessa vez foi diferente, não tinha mais forças para subir e pela primeira vez tive que empurrar. Meus batimentos nem eram fortes, uma hora medi e estavam a 130 bpm, mas não tinha forças nas pernas, sinal claro de fadiga.
Não sou atleta, mas todo atleta tem uns picos de condicionamento e força. Ficou claro que esse meu pico ocorreu no mês passado, agora eu tenho que tentar administrar para não travar até o final da viagem (o que será bem complicado de fazer).
Quando passei pela 6 ponte (e não 5 como o Ricardo havia falado) avistei o Arraial de São João Batista lá do alto.
Para fechar com chave de ouro, chegando no vilarejo tenho que descer e depois subir mais 100 metros, para finalmente, chegar na pousada do Ricardo.
Iria fazer um post apenas sobre a Canastra, mas como ele ficou enorme, dividi em dois, o outro publicarei hoje a tarde durante meu pedal. Quando postei esse texto estava almoçando em São João Batista da Glória saindo da Canastra. Pelos meus planos, hoje meu destino deveria ser Poços de Caldas, que segundo o GPS está a 170 kms daqui.
Minha sorte é que meu amigo que iria me encontrar hoje lá, só virá na terça ou quarta, então nã precisarei correr como um louco, mas hoje pedalo até Muzambinho e amanhã sigo até Pouso Alegre, recuperando o terreno perdido.
A tarde publico o outro texto da Canastra que está pronto e bem legal, portanto até logo.
Graças a você, venho conhecendo muitos lugares que nunca tinha ouvido falar. E estou com vontade de conhecer todos os lugares. Além das suas fotos, vejo mais no Google Earth. Estou marcando todo o seu trajeto no meu GE. Nada de se achar indeciso, há que se recuar quando é necessário. Cuide-se bem, falta pouco. Abraço grande.
André…
Cada subida, cara!
Nossa, fiquei imaginando o gás necessário.
Vc tá muito forte mas o corpo cobra o descanso necessário.
Já tá chegando.
Parabéns.
Talvez dê certo de te encontrar em São José dos Campos.
Se der, mando email pra ti.
Abraços.