O texto é longo, mas considerem um estudo e não um artigo pasteurizado de um blog, esse texto servirá para consultas, debates e foi escrito com base nas minhas experiências.
Logo depois que cheguei ao Shopping Eldorado e encontrei o estacionamento lotado de bicicletas, fiquei orgulhoso e não perdi tempo em dar uma twittada para o Shopping, reclamando da falta de organização e espaço do bicicletário. Eu considero isso uma enorme evolução, pois anos atrás eu estaria brigando com o segurança porque estariam impedindo que eu colocasse minha bike lá.
Mas o post não é sobre isso, é que na hora de abrir meu twitter para mandar a foto, vejo uma twittada da Livia Araujo, do @bikedrops que dizia o seguinte:
“Ciclista, faça tb a sua parte: não ande NUNCA na contramão e, à noite, use roupas claras e iluminação e refletores na bici. #vadebike”
Hehe, minutos atrás, no meu trajeto de Perdizes até o Shopping Eldorado eu andei na calçada, peguei duas ruas pequenas na contramão, cruzei algumas ruas pela faixa de pedestre… Durante o meu trajeto podemos constatar duas coisas que são fatos. Sim, cometi diversas infrações de trânsito no meu deslocamento, mas em nenhum momento eu coloquei alguém (nem eu) em risco.
Sei que a maioria dos ciclistas sonha em ver milhares de bicicletas nas ruas e na tentativa de estimular novos ciclistas muitas vezes sem querer, acabamos impondo nossas “verdades”, que podem até desestimular os iniciantes fazendo com que nossa iniciativa se torne um tiro no pé. Os que me conhecem a mais tempo sabe que eu era um defensor sintomático do capacete, mas com o tempo acabei mudando de opinião.
Mas o que fazer? Como ensinar os novos ciclistas a pedalarem? Devemos nos ater a cobrar o respeito irrestrito das regras de trânsito? Em minha opinião não.
Claro que eu não gosto de ter que andar na calçada, na contramão, ocorre que em todas as situações que faço isso é porque o fato de andar dentro da lei me colocaria em risco. Ou porque, caso seguisse a regra de trânsito, não tornaria o ato de pedalar vantajoso, fugindo totalmente da lógica do deslocamento não motorizado.
Primeiro vamos aos fatos. O sistema viário da maioria das cidades brasileiras é unicamente pensado no deslocamento dos carros. Quando há alguma infraestrutura para ciclistas ou pedestres, na maioria das vezes é feito para que o não-motorizado não atrapalhe o fluxo dos motorizados. Raramente isso é feito pensando de forma efetiva no incentivo ao ciclista ou mesmo na sua proteção.
Não, proibir única e exclusivamente o ciclista de atravessar uma ponte, túnel, avenida ou rodovia, sem dar uma alternativa segura e lógica, não é fazer algo pela segurança do ciclista. E qualquer infraestrutura para o ciclista tem que levar em consideração que a bicicleta não tem motor, portanto é penoso dar uma volta no quarteirão ou encarar um morro, sendo que o mais lógico é seguir em frente. O melhor caminho para o ciclista será sempre o mais curto e o menos íngreme.
Eu pedalo a mais de 20 anos e graças as minhas cicloviagens, posso dizer que já pedalei em diversas cidades brasileiras, esse número passaria facilmente de umas 500 cidades de todos os tamanhos. E raras são as cidades onde a bicicleta é realmente tratada como veículo, o melhor exemplo que temos no Brasil é a cidade de Sorocaba, mesmo assim ela está longe de ser ideal. Considero ideal o que temos em algumas cidades européias, japonesas e até mesmo algumas americanas como Portland ou São Francisco.
Essa desconsideração para com o ciclista é uma atrocidade, pois apesar do IBGE contar quantas geladeiras ou televisões há em cada casa, até hoje nunca colocaram no seu questionário quantas bicicletas nossa população tem. Mas há estudos que indicam um número de 50 milhões de pessoas no Brasil usando a bicicleta como meio de transporte.
E tirando as grandes capitais onde realmente há um desestímulo do uso da bicicleta por parte do poder público, é fácil comprovar que os ciclistas são maioria em milhares de cidades brasileiras. Tanto é que o Brasil é o terceiro maior produtor de bicicleta, com cerca de 5 milhões de unidades fabricadas por ano, sendo que toda sua produção é para consumo interno. Proporcionalmente, no Brasil é vendido mais bicicletas do que na China (isso se compararmos número de bicicletas vendidas com sua população).
Estacionamento de um supermercado em Lucas do Rio Verde – MT
Com tudo isso, apesar da bicicleta ser o veículo mais usado no país, o que eu mais vi em minhas viagens é desestímulo ao uso da bicicleta, forçando um número cada vez maior, trocar a bicicleta pela moto. E como vem esse desestímulo?
De diversas maneiras, desde estimulando o comércio de motos, tornando mais fácil comprar uma moto do que uma bicicleta, seja desvalorizando o ciclista para ele se sentir uma pessoa menor, ou mesmo devido a tentativa cega de dar fluidez aos veículos particulares motorizados, ignorando o fato de que há outras “formas de vida” se deslocando em nossas cidades.
Nem vou entrar na discussão do grave problema que é migrar as pessoas da bicicleta para as motos. Em Três Lagoas, por exemplo, cidade que a 10 anos atrás as bicicletas eram quase a totalidade dos veículos da cidade e haviam poucos casos de acidentes. Hoje pelo menos 1 pessoa morre por semana em acidentes de moto.
Nas cidades onde as bicicletas são estimuladas, há um sistema cicloviário que é totalmente independente do sistema viário dos carros. Cada sistema tem a sua lógica, tanto o cicloviário como o viário e sempre que os sistemas se encontram, no caso de conflito, a preferência deveria ser sempre do ciclista.
Há duas variações de lógica nos sistemas viários (para os carros) há aqueles que privilegiam a segurança e aqueles que privilegiam a maior velocidade dos carros (não confundam velocidade com fluidez).
Quando optam pela segurança, fica mais fácil implantar um sistema cicloviário eficiente, trazendo segurança ao ciclista, evitando aclives, avenidas movimentadas e ao mesmo tempo sendo o mais curto.
Já quando a opção é pela velocidade dos carros (conhecido no Brasil como “fluidez”) dificilmente haverá a possibilidade de se criar um sistema cicloviário lógico ou seguro.
Infelizmente no nosso país, domina essa lógica mais perversa, onde a velocidade dos carros é priorizada ante a segurança das pessoas fora dos carros. Os resultados são nítidos, enquanto em cidades de primeiro mundo, 70% das vítimas de acidentes de trânsito são motoristas e passageiro, na cidade de São Paulo essa proporção é de 18% em média.
O sistema viário de praticamente todas as cidades brasileiras é organizado de forma que os carros andem cada vez mais rápidos. Para isso nossos gestores abrem mão de diversas “técnicas”, seja afastar a faixa de pedestres das esquinas, forçando o pedestre a andar mais quando pela lógica, ele teria que fazer o trajeto mais curto. Isso quando essas faixas simplesmente não existem.
Uma esquina qualquer na cidade de Cuiabá. #comofaz?
Outro caso interessante são as cidades com ciclovias no canteiro central. Ciclovias tem que estar a direita da via, para que o ciclista tenha um acesso fácil a ela e também ao comércio e aos pontos de destinos que raramente ficam no canteiro central. Mas poucas as cidades planejam ciclovias com essa visão e no espaço onde deveriam estar essas ciclovias é justamente onde estão os estacionamentos de carros.
Ciclovia em Três Lagoas com ciclista tentando acessar
As ciclovias no canteiro central, geralmente são perigosas, estreitas, de difícil acesso. Isso sem falar que como ficamos perto da faixa de ultrapassagem das vias, o risco de que um carro perca o controle e invada a ciclovia é enorme. Em cima dessa lógica, os gestores até ignoram as leis e pior, as diretrizes do Código de Trânsito Brasileiro, fazendo o ciclista dar prioridade aos carros e principalmente induzindo ele a não dar prioridade ao pedestre, como deveria ser.
Ciclovia em Três Lagoas. Note que ao contrário do que manda o CTB, o ciclista tem que dar preferência ao carro e não ao pedestre
Outra forma de forçar os ciclistas a cometerem infrações é a inversão de sentido das ruas, ou torná-las de mão única como forma de controlar o fluxo dos carros. Geralmente quando isso é feito, ignoram o fato de que haver ciclistas passando e acabam tentando impor a lógica viária dos carros ao ciclista. O resultado? O ciclista acaba fazendo o que ele considera mais fácil e seguro. Se em sua avaliação o melhor é seguir na contramão, com certeza ele o fará.
Vamos então voltar ao ponto principal, porque os ciclistas cometem infrações de trânsito? Com base na minha experiência, raramente é por safadeza. A maioria das infrações seriam evitadas caso os gestores de tráfego, ao planejarem a construção ou mudanças no sistema viário, levassem em consideração a existência de ciclistas. Bastava seguir as diretrizes do Código de Trânsito Brasileiro, priorizando a segurança e fazendo com que o veículo maior protegesse o menor.
Tem outro detalhe, no antigo Codigo Nacional de Transito (Lei 5.108 de 21/09/1966, regulamentado pelo decreto 62.127 de 16/01/1968) a bicicleta quase nem era citada. No código há mais citações a veículos de propulsão humana do que bicicleta em isso causa uma certa confusão, como vou explicar abaixo. Só a título de informação, essas leis perderam o valor com a aprovação em 1997 do Código de Transito Brasileiro.
Falando sobre a confusão, vejam o que diz o código antigo em relação aos pedestres.
Art 178. É dever do pedestre:
I – Nas estradas, andar sempre em sentido contrário ao dos veículos e em fila única, utilizando, obrigatoriamente, o acostamento, onde existir.
II – Nas vias urbanas, onde não houver calçadas ou faixas privativas a êle destinadas, andar sempre à esquerda da via, em fila única, e em sentido contrário ao dos veículos.
Agora vejam o que diz o artigo seguinte em relação as Motocicletas.
Art 179. Os condutores de motocicletas e similares devem:
II – Conduzir seus veículos pela direita da pista junto à guia da calçada (meio-fio) ou acostamento, mantendo-se em fila única, quando em grupo, sempre que não houver faixa especial a êles destinada.
Parágrafo único. Estendem-se aos condutores de veículos de propulsão humana e aos de tração animal os mesmos deveres dêste artigo.
Pra mim está claro que a bicicleta tem que seguir a norma da motocicleta, mas é complicado cobrar essa interpretação de um ciclista que na maioria das vezes não tem carteira de habilitação e nunca teve educação de trânsito na escola. Isso quando ele chegou a ir para a escola um dia.
Nesse momento vale a experiência de campo e também a desinformação. Como a lógica de deslocamento do ciclista está mais próxima com a do pedestre do que a do motociclista, criou-se essa falsa interpretação de que a regra que vale para o pedestre é a mesma para o ciclista, ou seja, que ele tem que andar na contramão. Simples, vá em uma cidade do interior e pergunte a um ciclista com mais de 50 anos, que esteja na contramão, porque ele faz isso. Muitos vão dizer que fazem porque a lei manda.
Vamos somar a isso, o fato de que nossos motoristas são treinados nas auto-escolas, não para aprender a dirigir e sim a passar na prova de habilitação. Por isso que é raro encontrar um motorista com bons conhecimentos de legislação. Vamos somar também a conivência por parte das prefeituras que faz vistas grossas as infrações de trânsito, principalmente se essas infrações não impactam na fluidez e também ao medo de impor restrições sérias aos infratores, o que comumente causa repercussão negativa (vide cultura da “Indústria de Multas). Com tudo isso temos esse nosso caos instalado, onde o que vale é a lei do mais forte e os mais fracos tem que simplesmente sobreviver nessa selva, já que não pode contar com a proteção do estado, pois esse considera a falta de respeito as leis de trânsito algo cultural.
Voltando a discussão sobre como o ciclista tem que andar no trânsito, o que é melhor? Termos ciclistas pedalando direitinho, respeitando as leis de trânsito e em muitos casos deixando de pedalar por essa diretriz tornar o ato de pedalar desinteressante ou perigoso ou termos uma enorme massa de ciclistas nas ruas, pedalando cada um do seu jeito?
Pra ser sincero eu prefiro o caos “não-motorizado”, com ciclistas pedalando da forma que eles consideram mais segura, desde que sempre pensando na proteção dos pedestres.
Aliás isso já é a prática, basta ir na periferia e observar os ciclistas atravessando pontes, pedalando em calçadões. Primeiro porque a maioria dos ciclistas desenvolvem velocidades baixas e como na periferia a coisa é muito mais “feia” que no centro expandido da capital, lá é muito mais comum vermos ciclistas e pedestres dividindo o mesmo espaço. O mais interessante, sem stress de ambas as partes.
Ponte João Dias em São Paulo (zona sul)
Agora vamos analisar o comportamento dos ciclistas, vejam os resultados do Desafio Intermodal de São Paulo em 2010.
Ciclista Fixa – 20,56 min
Ciclista Speed – 21.32 min
Ciclista Cycle Chic – 57 min
Motorista – 61 min
Pedestre correndo – 62 min
Pedestre caminhando – 89 min
Note que enquanto os velocistas fizeram o trajeto em cerca de 20 minutos, a ciclista que pedalou com as roupas que iria trabalhar (Cycle Chic) e com a preocupação de não chegar transpirando no destino, realizou o trajeto num tempo próximo ao carro.
Há muitos ciclistas atletas, que conseguem facilmente disputar em velocidade e agilidade com as motos, mas a maioria dos ciclistas brasileiros pedalam como a ciclista Cycle Chic, devagar e com um gasto energético muito próximo ao de uma pessoa caminhando. E fica fácil de comprovar que mesmo gastando pouca energia, a bicicleta pode ser muito mais eficiente que o carro e sempre será mais eficiente do que andar a pé.
Um ciclista veloz, geralmente, possui boa experiência e habilidade para andar no trânsito, portanto esses já sabem que é perigoso andar na contramão, além de não ter quase nenhuma dificuldade em dividir espaço com os demais veículo motorizados. Por isso é raro ver um ciclista velocista andando na contramão ou na calçada, pois ele consegue se encaixar mais facilmente na lógica de deslocamento que é imposta aos carros.
Já o ciclista comum (a maioria) vai fazer o que acha mais seguro e o trajeto mais curto. Se sentir que é melhor andar na contramão, ou na calçada, com certeza ele fará e na maioria das vezes sem maiores problemas.
Por isso que ao invés de gastar energia tentando fazer o ciclista andar da minha maneira, ou dentro das leis de trânsito, prefiro pedir para ele sempre proteger o mais fraco, fazer o que ele considera mais seguro, mas principalmente jamais deixe de pedalar. Com ou sem capacete, rápido ou devagar, na calçada ou na contramão, se ele pedalar de forma segura com a preocupação de proteger a vida, não me importa se ele vai fazer dentro ou fora da lei, até porque as leis que deveriam proteger os ciclistas não são fiscalizadas pelo estado, consequentemente, tornando o ato de pedalar não tão seguro como deveria ser.
Mas é claro que eu quero que os ciclistas não cometam infrações e qual seria a solução?
Simples, pressionar nossos gestores de trânsito a cumprirem a lei e passar a considerar as pessoas que se deslocam sem motor na hora de planejar o sistema viário. Mas é preciso estar atento para que eles façam isso de uma forma que fomente o uso da bicicleta e não com o objetivo de tentar fazer com que a bicicleta não atrapalhe a fluidez motorizada. Não se esqueçam que as ciclovias se popularizaram na Alemanha, durante o nazismo, com o objetivo de livrar as ruas das bicicletas, fazendo com que os carros pudessem andar com mais tranqüilidade.
Infelizmente sabemos que a maioria dos nossos políticos só criam políticas públicas com base em demandas da população e não como uma forma visionária de planejar o futuro. Portanto enquanto não perceberem que a bicicleta já é uma realidade, dificilmente os veremos fazendo algo por nós. E se criarem um plano cicloviário decente, dificilmente teremos ciclistas cometendo infrações de trânsito.
Pelo menos aqui em São Paulo, um primeiro passo já foi dado, dia 14 de abril de 2011, as 19h00, será assinado o contrato da Secretaria de Esportes (não de Transportes) do Município de São Paulo com o CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) para a criação de um mapa de rotas ciclistas (ciclo-rotas) para a cidade de São Paulo.
Mas o que é esse mapa?
Um mapa de ciclorrotas é um estudo das rotas já utilizadas pelos ciclistas mais experientes para se deslocar na cidade. Quem pedala a mais tempo, acaba descobrindo os caminhos mais planos, mais tranquilos e até mais rápidos para chegar de um ponto a outro. A idéia é juntar essas informações num único mapa e torná-lo público, com acesso a todos.
Atualizando em abril de 2012: Esse mapa já está disponível na página do Cebrap.
Mas de forma prática para que serve um mapa de rotas?
Esse mapa pode servir como base para a criação de um sistema cicloviário totalmente independente do sistema viário dos carros. Ou seja, com essas informações, a Google pode usar esse mapa para traçar rotas em seu sistema do Google Maps, como já ocorre em diversas cidades americanas.
Mais do que isso, os gestores de tráfego das cidades, com base nessas informações, poderão sinalizar essas rotas e projetar infraestruturas pontuais, resolvendo determinados conflitos e como base para o planejamento de um sistema cicloviário eficiente para a cidade. Com o tempo e a experiência prática, nossos gestores de tráfego vão aprender a implantar melhorias cicloviárias (não ciclovias) na cidade.
Não existe regra inflexível, os conflitos tem que ser resolvidos caso a caso, o mais importante é a diretriz, as soluções sempre tem que buscar o menor esforço ao ciclista e sua segurança, do contrário, não importa o que façam, não funcionará.
Nossos gestores de tráfego no Brasil inteiro não sabem desenvolver infraestruturas cicloviárias, esse é outro fato. Pela minha experiência, não existe nenhuma teoria da conspiração para priorizar apenas a fluidez motorizada, o que há é uma forte pressão por parte da sociedade para que os carros possam andar sempre mais rápidos, mas que de um tempo para cá vem perdendo força graças a muitos movimentos da sociedade, principalmente o movimento cicloativista.
Outro fato, apesar dos nossos gestores não saberem planejar melhoramentos cicloviários, muitos querem fazer algo, mas se sentem inseguros pois não querem correr o risco de ter que responder judicialmente caso façam algo mal feito. Até porque atualmente, nós ciclistas temos muita voz e se fizerem algo mal feito, com certeza serão criticados e a sociedade dará voz as nossas críticas. Embora sejam raros os ciclistas de relativa influência que além de criticar, batam palma quando ocorre alguma boa iniciativa.
Mas o que eu vejo como luz no fim do túnel até porque os caras (técnicos) são bons, principalmente aqueles que planejam o tráfego na cidade de São Paulo. Vamos combinar, a cidade com 7 milhões de carros ainda não parou porque esses caras fazem mágica.
Com base nessa capacidade técnica, creio que será questão de tempo para que eles aprendam a criar essa melhorias cicloviárias e comecem a espalhar isso pela cidade inteira. E sabemos que a consequência disso é que se der certo em São Paulo, graças a repercussão positiva, logo a maioria das cidades passarão a copiar esse modelo, ocorrendo assim uma espécie de contaminação nacional.
Quem é de São Paulo pode conferir essa evolução por parte dos técnicos, observando a Ciclofaixa de Lazer. Quando fizeram o primeiro trecho, ligando os Parques os do Ibirapuera, Bicicletas e Povo, cometeram diversos erros e logo na apresentação do projeto receberam várias críticas nossas, pois obrigavam o ciclista a desmontar, andar pela calçada, etc.
Uma semana após a implementação da Ciclofaixa de Lazer, muito em função da confirmação das nossas previsões, fizeram as correções necessárias. Já agora quando fizeram a expansão da Ciclofaixa de Lazer até o Parque Villa Lobos, mesmo sem a ajuda dos ciclistas, realizaram diversas pequenas obras pontuais, sendo que muitas das soluções seguiam a nossa lógica de deslocamento. Apesar de que não ter visto nenhum ciclista (ou cicloativista) se atentando a esse detalhe, notei essa evolução logo em meu primeiro passeio, uns dois meses após a inauguração.
Isso me deixou muito feliz, pois significa que, ao menos os técnicos, estão aprendendo rapidamente a criar essa infraestrutura para os ciclistas. Já aproveito para dar o meu parabéns aos técnicos da CET de São Paulo que foram os responsáveis pelo planejamento da expansão da Ciclofaixa de Lazer.
Pra encerrar, qual é a minha conclusão?
O ciclista tem que pedalar, não importa como, mas ele tem que pedalar e seguir uma única lei, a do bom senso. E que continuemos cobrando das autoridades essas melhorias que quando elas realmente vierem, com certeza irá reduzir demais o número de infrações dos ciclistas e o seu comportamento deixará de ser uma preocupação para nós.
E devemos concentrar nossa energia, principalmente na abertura de um diálogo com os representantes do poder público, principalmente com os técnicos de trânsito. Pois essa conversa e troca de experiências tende a trazer muito mais benefícios do que ficarmos só de um lado, atirando pedras e especulando em cima de teorias conspiratórias.
Vamos deixar as teorias de lado e perceber que “do outro lado”, trabalhando em nossas prefeituras, existem pessoas como nós e um número significativo de pessoas dispostas a fazer algo pela sociedade. Mesmo quando não sabem o que fazer, na maioria das vezes estão dispostas a nos receber e trocar experiências.
Olá André!
Gostei muito do seu texto e colocações! Estou produzindo uma reportagem sobre todas estas questões envolvendo bicicleta e trânsito em São Paulo e gostaria muito de conversar com você, com certeza vai ser muito válido obter o depoimento de uma pessoa que conhece bem essa realidade. Como faço pra entrar em contato com você? Bom, de qualquer maneira informei meu email para este post. Se puder retornar de alguma forma, muito obrigada!
Oi Gisele, meu email é o bicicreteiro@gmail.com. Abs
Cara! Simplesmente! Magnifico seu texto e suas colocações! Onde assino??? kkkkk
Olha eu pedalo extamente como vc e concordo com tudo, menos com o não uso do capacete, pois acho que capacete e luva são itens de proteção importante e não luxo! Mas ai vai da responsabilidade de cada um com a sua própria segurança!
Agora de resto concordo totalmente com suas colocações! Se eu tiver que andar na calçada, vou andar SIM !!!! Mas da seguinte maneira, se não tiver pedestre na calçada eu pedalo e devagar, se tiver muitos pedestres, desço da bike e vou empurrando a pé, o importante é sempre respeitar o pedestre pois a calçada é prioridade e território dele e de mais ninguém, portanto cabe ao ciclista ter bom senso e EDUCAÇÃO!
Não vejo também nenhum problema em pegar um pequeno trecho em contra-mão ou cortar um caminho usando a calçada, como vc disse se isto for feito com calma, segurança, respeito e educação dá para fazer sim e sem por a sua ou a vida de outro em risco.
As pessoas Pedestres, Ciclistas, Motoristas, Motociclistas,Governo,Cicloativistas, todos, todos mesmo pois cada um tem sua opinião, todos tem que entender o seguinte, nem todo ciclista é atleta adpto do Speed, nem todo cilcista é DOIDO VARRIDO de sair em uma avenida super movimentada fazendo zigue zague e disputando espaço com carros, onibus,caminhões,motos acima de 40,50,60,70,80 km por hora, O motor de uma bicileta são as pernas do ciclista e não um motor movido a gasolina que não cança em pista alguma, não cança em subida e tem uma aceleração em questão de segundos!
Vejo tanto Cicloativista e outros falarem de suas bikes como se elas tivessem motor ! Gente temos que aterrizar no chão, amo bicicleta, amo pedalar e vou sempre pedalar enquanto respirar, porém eu sei muito bem qual é o meu limite, e qual é o limite da minha bike!
Já que não tenho o minimo de SEGURANÇA nas ruas, no transito, na lei, então eu mesmo vou fazer os meus caminhos e as pedaladas que eu julgue muito mais seguro para mim em primeiro lugar e para todos que estiverem a minha volta com respeito, educação e segurança!
Não é porque aqui não é a Holanda que eu vou deixar de praticar o que mais amo que é andar de bike, por causa das cisrcunstancias, eu procuro me adaptar e faço com que as mesmas estejam a meu favor!
É isso mesmo, sou um Ciclista Urbano simples minha bike não é de grife, uso minha ela para curtir minha cidade, as ciclofaixas,ciclovias,pequenas trilhas,praia etc, mas uma coisa nunca vou deixar de fazer, pedalar, ser livre e ter na minha conciencia que meu direito acaba justamente onde começa o do meu próximo, o resto é pedalar,pedalar e pedalar!
legal vc citar a antiga lei de trânsito: eu tinha certeza q havia aprendido no primário, qd da visita de oficiais de trânsito para ensinar as crianças como se portar nas ruas, q o correto era andar de bicicleta na contramão… veja só, tenho isso gravado em minha mente desde a infância mesmo sabendo q na prática não funciona, até já tinha comentado com meus amigos e todos me disseram q era proibido… é q a lei mudou, ainda bem!… imagine a confusão q isso não causou em muitas pessoas!! Nas ultimas vezes q fui abordada por oficiais de trânsito q me dizem q não posso trafegar ali de bicicleta (no caso de curitiba, nas vias exclusivas de onibus) sempre questiono onde posso andar então, e as respostas são as mais confusas possiveis, uns dizem pela calçada, outros pela ciclovia mas não sabem me dizer onde elas estão, enfim, o q vemos realmente é um grande despreparo do poder público em relação as bicicletas, não sabem sequer instruir um ciclista de como se portar no trânsito, ou não sabem como isso é possível. Enfim, tenho fé q essa situação mudará em breve ; )
Muito com o teu texto. Quero saber o seguinte, existe alguma alternativa pro pedestre ou ciclista passar por aquela ponte no início do post. Esses dias eu vi que a ponte Rio – Niterói também é proibido a circulação a pé e de bicicleta. Como assim ? Que porra é essa ? Os nojentos constroem as coisas pra pessoas não usarem ??? Seguindo em frente, sou ciclista e odeio ciclista na contra-mão. Claro que como ciclista eu tenho melhor mobilidade e consigo ver melhor o trânsito, em que isso me beneficia?: consigo andar poucas quadras na contra-mão (nem sempre), para evitar que tenha que pedalar mais 1, ou 2 Km para chegar em casa, ou pegar uma via mais movimentada. Consigo ultrapassar um sinal vermelho justamente por ter uma melhor visão do trânsito, não estou dizendo pra passar direto num sinal vermelho, não sou idiota, dou uma parada se não vem carro, não tem pedestres na minha frente, sigo em frente, isto é que faz a bicicleta ter melhor mobilidade em relação aos veículos automotores. Mas o que falta realmente nas cidades brasileiras, são verdadeiras ciclovias, como aquelas encontradas na Holanda. com sinalização, onde o ciclista é obrigado a respeitar a sinalização, etc. Se houvesse uma via decente pra eu andar, própria para bicicleta, com sinalização específica para ciclistas, com certeza seria muito mais fiel as normas de trânsito, pois entenderia que o estado construiu uma infra-estrutura para a minha segurança. No momento eu me sinto mais um NINJA quando pedalo pelas ruas de minha cidade (Curitiba).
Não Luís, não há outra opção para ninguém naquela ponte, só para quem está de carro.
Não concordo que faltam ciclovias, o que falta é um planejamento cicloviário e nas cidades que isso existe os ciclistas não tem motivos para fazer pequenas contravenções, principalmente andar na contramão. O dia que as pessoas que gerenciam o trânsito trabalharem para a bicicleta tudo vai mudar de forma mais rápida do que você imagina.
Abs
André
Muito bom o texto, e concordo! Apenas uma ressalva, contramão nunca, melhor subir na calçada, o sentimento de segurança na contramão é ilusão.
Acho interessante: querem nos cobrar conhecimentos de regras de transito, o que poderia ser parte de alguma disciplina escolar, como em alguns países europeus ou EUA, não é, se algum professor nos passa algo sobre leis de transito, é por espontânea vontade, pois não faz parte de nenhuma grade escolar. E quanto as infrações em si, alguns acham ruim quando passamos em cima do passeio, mas ninguém fala nada se tiver um carro estacionado num “puxadinho”.
Como em outras cidades, onde moro há um complexo de viadutos e mais um túnel – espaço pra pedestres e ciclistas neles? Não, para se passar ali de bike, só se for correndo, sempre em velocidade mais alta, senão é “engolido” pelo fluxo de veículos.
E apenas em alguns viadutos do centro tem passagem para pedestres, para não ser necessária a construção de passarelas além das pontes (semelhantes a foto do texto).
E pra chegar ao centro, da região que moro também não há opções, tenho que pegar uma das principais avenidas da cidade, porque: 1 – É a única passagem pelo anel rodoviário da cidade, 2 – depois do anel rodoviário, qualquer outro caminho implica: Não ser direto, vira esquina pra lá, depois pra cá…. Muitas subidas fortes, algumas onde se chega a jogar na menor coroa de uma MTB, e mesmo sendo mais tranquilas quanto ao transito, são terriveis quanto ao esforço físico ao qual estamos sujeitos.
A escolha da bicicleta ideal para o ciclista e feita tendo consciencia de que e a maquina que se deve ajustar ao homem e nao o contrario..A medida mais importante do ciclista e a ALTURA DE ENTRE-PERNAS inseam length ou crotch to floor distance . Se o resultado for superior a 2 2 o ciclista e do tipo tronco longo se for inferior a 2 0 e do tipo tronco curto entre 2 0 e 2 2 e do tipo tronco proporcional ..Por ultimo e necessario medir a LARGURA DE OMBRO-A-OMBRO..TAMANHO DO QUADRO.O tamanho do quadro e em funcao da altura de entre-pernas..O angulo mais importante na GEOMETRIA DO QUADRO e o formado entre o tubo do selim e o chao.
SAUDAÇÕES PEDALÍSTICAS!!!!!!!!
Ótimo post André!
Com certeza me esclaresceu muitas dúvidas sobre algumas leis de transito palicadas à ciclistas.
Infelizmente, mesmo que hajam politicos interessados em melhorar a vida dos ciclistas na cidades, ainda há um caminho muito grande à percorrer. Digo isso porque, carros pagam IPVA, gasolina, revisão, inspesão veicular todo ano, multas, renovação da carteira de motorista, etc. Esse mercado de impostos gera muito dinheiro para o governo. E bicicleta, gera o que? Vc paga algum imposto na hora da compra e deve pagar algum outro imposto na hora de fazer manutenção. Se todos simplesmente pararem de andar de carro amanhã e saissem com suas bicicletas, o governo ganharia menos de impostos e isso duvido que aconteça com facilidade num pais que já está marcando R$ 418.642.900.000.000 no impostometro de 2011 (http://www.impostometro.com.br/ – 21:48h do dia 19/04/2011).
Abraços
Erros de portugues e digitação à parte:
– palicadas = Aplicadas
– inspesão = inspeção
– valor do impostometro = R$ 418.677.326.575,00 – 22:01h – Mais R$ 34.426.575,00 em 12 minutos.
Oi Pedro, muito ouço este argumento dos impostos que o carro dá para o governo e que essa seria uma das causas da priorização do automóvel. No entanto tirando o valor aplicado das multas (que podem ser aplicadas às bicis tb) o restante do argumento não é consistente. Isso porque o dinheiro investido em carros não “desaparece” do mercado se ele não for utilizado para adquirir um “possante”. Ele pode ser usado para adquirir outros bens ou serviços que continuarão a dar impostos para o governo. E outra: governo não é empresa que precisa de receita a qualquer custo, ele precisa e dar os serviços básicos para a população ou apenas reguá-los. A questão mesmo é a roubalheira e o apadrinhamento de políticos pela industria do automóvel, que concentra capital. Ou seja pura safadeza humana básica chamada corrupção (falta de valores aliada à ignorância).
Ótimo texto André!
Procuro sempre respeitar a lei, mas quando o local coloca minha vida em risco vou pela calçada e uso alguma contramão.
Eu achei que você fosse falar sobre sair antes do sinal verde abrir. Eu não tenho certeza, mas acho que li uma vez você dizendo que era permitido ao ciclista fazer isso. Como disse, não sei se foi você quem disse isso. Mas agradeceria se falasse algo sobre isso.
Obrigado.
Opa, primeiro isso não é permitido não. O que ocorre é que em algumas cidades europeias o sinal abre primeiro para as bicicletas e depois de alguns segundos abrem para os carros, outra formula para evitar com que o ciclista saia no vermelho.
Aliás é muito perigoso cruzar um farol vermelho, a maioria das colisões envolvendo ciclistas são justamente nos cruzamentos, portanto eu não recomendo que façam isso, pois os riscos são grandes.
Abs
André,
achei ótimo esse detalhamento, cuidadoso em reproduzir todas as situações em que um ciclista realmente precisa infringir uma regra que não foi criada tendo como base suas necessidades e realidade de locomoção. Acho que, com meu “NUNCA”, quis enfatizar o quanto pode ser perigoso estar na contramão em geral (inclusive reforçando a ideia do quanto o ambiente do trânsito não nos é amigável – nem a pedestres nem a cadeirantes também), quando melhor teria sido, conforme tu apontaste, dizer “EVITE andar na contramão”. Fazendo um mea culpa, eu mesma, em situações diversas – mas avaliando a viabilidade – trafego pela calçada ou pego um trecho no sentido contrário. Só acho realmente que usar o argumento da “visibilidade” (eu vejo o carro e portanto ele me oferece menos perigo) não é aplicável em qualquer via, já que a soma da velocidade do carro + da bicicleta em sentidos contrários pode ser bem pior do que ser atingido por trás. Aqui em Porto Alegre algumas pessoas resolveram a questão da visibilidade acoplando um pequeno retrovisor no capacete (não funciona para os sem-capacete): a engenhoca não é bonita, mas diminui a trepidação de colocar o retrovisor no guidão e é impressionante como funciona bem. A gente vê a aproximação, pede pro cidadão lá no carro maneirar, agradece a quem já se aproximou devagarinho… mudou minha vida, rs.
Obrigada pelo post. 😉 Grande beijo.
Oi Lívia, o objetivo desse post é até passar um pouco da minha experiência para essa galera que tá começando a se envolver mais no ativismo, que está formando opinião, mas que também precisa de algumas informações. Não sei a quanto tempo você pedala (e isso nem é tão relevante assim), mas você não deixa de ser uma pessoa que de alguma forma pode estimular alguém a pedalar. Com certeza você é exemplo e muitas pessoas tem vontade de seguir o seu exemplo mas as vezes até por uma certa mensagem subliminar que você passa, essa pessoa pode se desmotivar.
Eu não acho interessante o ciclista passar uma mensagem de que pedalar é perigoso. Todos nós sabemos que é, mas quem pedala sabe que apesar de ser perigoso, dá para pedalar.
Não precisamos falar que é perigoso, quem quer pedalar e não faz por medo, já sabe disso. Nosso papel é provar que é possivel apenas. Quando um motorista fala que pedalar é perigoso, já é senso comum e nem dão muita bola. Mas quando isso vem da gente, aqueles que estavam quase vencendo o medo recebem banho de água fria.
Além do mais, não precisamos dizer com todas as letras que é perigoso. Um dos motivos que fez eu abandonar o capacete na cidade é porque indiretamente, usar o capacete passa uma sensação de que pedalar é um ato perigoso.
Quando só andamos com roupas de atleta faz com que aquele cara de terno, ou até mesmo com roupas comuns, não se identifiquem com a gente.
Sabe, minha luta não é para que todo mundo queime seus carros e passem a usar só a bicicleta. Mas quero ajudar quem quer pedalar a entrar nesse nosso mundo. E essa entrada pode ser no trajeto da padaria, na ciclofaixa de lazer, em passeios noturnos e na ida para o trabalho.
Falo que não é perigoso, falo que existem algumas técnicas e sugiro as vezes que ele cometa algumas infrações se dentro da lei eu (e ele) considerarmos perigoso.
Depois que mudei essa minha pegada, comecei a ser mais efetivo nessa “abdução” e gostaria de passar essa minha experiência aos demais ciclistas que como eu, querem ver cada vez mais bikes nas ruas.
Mas é isso, apesar de já ter pedalado em diversas cidades, não tive o prazer de pedalar em Poa, mas como os Pampas é o único bioma que eu não conheço ainda, em breve devo fazer uma escala por aí.
Abraços e parabéns pela sua garra.
André Pasqualini
legal cara. tenho pensado muito nessa questão…
andar na contramão em avenidas, para mim, nem pensar! agora, e numa rua tranquila do bairro? afinal, antes de haver tantos carros, todas as vias eram de mão dupla!!!
o pessoal anda muito impaciente. motos e bicicletas (motos principalmente) parecem baratas se enfiando nas frestas deixadas entre carros ou entre carros e meio-fio. às vezes para ganhar 1 metro a frente.
mas acredito que vc tocou na ferida quando falou da tal “fluidez”. se os veiculos trafegassem mais devagar, a rua seria muito – muito – mais segura para ciclistas e pedestres. Um cara na TV outro dia observou bem: as vias rápidas estão tão congestionadas que os carros aproveitam as ruas dos bairros para acelerar o máximo para compensar o tempo perdido. é verdade!
moro num bairro tranquilo aqui em Santos. Outro dia estava atravessando a rua e um carro lá da esquina do outro quarteirão – acelerando – já estava buzinando pra eu sair da frente. em pleno final de semana! hahaha
Excelente.
A primeira foto mostra um descumprimento da lei pela própria autoridade, já que o § 5º do artigo 68 da CTB diz que “nas obras de arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio destinado à circulação dos pedestres,…”.
Mais uma coisinha: O usuário da bicicleta comete infração circulando no sentido contrário ao da via quando trafegar nos bordos da pista, já que lhe é exigido pelo artigo 58 do CTB seguir o mesmo sentido do fluxo.
Mas quando não for essa a situação, ou seja, ele circular por ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, não há uma exigência geral. No caso de ciclovia e ciclofaixa, terá de seguir a sinalização específica. Mas e no caso do acostamento?
Acho que não tem contramão para bicicleta no acostamento, embora algumas pessoas tendam a generalizar a exigência de mesmo sentido de circulação dos carros. Só que acostamento, por definição, não é área de circulação de carros e motorizados, mas de parada emergencial destes e circulação de pedestres e ciclistas. Saber disso pode ser importante em rodovias, quando o acostamento acaba em certo trechos (terceira pista, p. ex.) e pode ser mais seguro seguir pelo lado oposto – se é que não o seja em qualquer outra circunstância nas rodovias.
Em tempo eu disse que considero mais eficiente conversar com o poder público do que tentar fazer o ciclista andar dentro de umas regras de trânsito feitas para as pessoas se deslocarem de carro.
Gritar, reclamar, protestar, isso nunca podemos deixar de fazer. E na minha opinião, protesto são bem mais úteis para “desalienar” esse povão que não sabe o que quer do que fazer com que os gestores de trânsito façam alguma coisa pró bicicleta. O gestor faz o que mandam ele fazer e hoje, eles são mandados se virar pra fazer a cidade não parar, trazendo o mínimo de desconforto para quem está de carro.
Abração
André
Hmm… gostei do post! Intermodal, nem sabia o que era, foi bom conhecer! Mas acho legal arrumar essa frase “a maioria dos nossos políticos só criam políticas públicas com base em demandas da população” – a gente sabe que não é bem assim, os interesses atendidos são os de quem tem mais grana… Senão Sampa teria muito mais acesso para bikes e a passagem do busão não tava caríssima, totalmente contra a população mais necessitada e contribuindo para mais colapso!
Oi Suzana, na verdade tem duas questões ai. Primeiro a maioria da população, no fundo quer é ver obras viárias, pessoas que questionam (como nós) são minoria ainda. A diferença é que essas pessoas estão fazendo um bom barulho, do contrário a coisa seria bem pior, acredite.
E o povão, que se ferra no transporte público, obviamente não gosta do preço da tarifa, mas se fizer uma pesquisa dentro de um busão indo pro Jardim Ângela, verá que 100% vai dizer que o transporte é péssimo, que a tarifa é cara.
Mas se perguntar novamente o que ele faria para resolver esse problema, a minoria vai falar em melhorar a qualidade do transporte público. A grande massa mesmo vai dizer que não vê a hora de comprar um carro para se ver livre do busão.
Por isso que eu digo que os políticos fazem o que a maioria quer, pois esses políticos sabem que se melhorarem o transporte público, vão ganhar menos votos do que se fizerem uma ponte estaiada lindona.
O terceiro ponto é porque eu disse a “maioria”, ou seja, tem alguns visionários que preferem investir em ciclovias, transporte público e qualidade de vida e procuram explicar a população os benefícios dessa opção. Não vou dizer que não existem políticos assim, aqui no Brasil eu conheci dois, o Vitor Lippi de Sorocaba(SP) e o Prefeito e Vice Prefeito de Timbó(SC).
Mas de qualquer forma obrigado pela mensagem, mesmo tentando ser o mais didático possível, as vezes deixamos de ser claro em alguns pontos. Abs
Jardim Ângela? Não, os do Ângela até que tão bons viu, vários novos e grandes, e não demora muito pra passarem, pior mesmo são os do que vão mais pro fundo ainda, como Jardim Jacira e etc… moro lá na zona sul, é meio foda mermo =P
É assim mesmo, uma pessoa mais normal vai querer sim ter seu carro, mas creio que enquanto isso, ela quer sim pagar menos e ter um busão melhor. Ela vê a ponte “da Globo” todo dia no jornal e na novela, acha lindo, quando vota, é no cara que fez ela, sim, ela vai ser a favor, mas por pura falta de noção e não porque ela queria a ponte da Globo, mas já que fez, tá linda, tem que fazer alguma coisa mesmo. Quem faz uma ponte dessa, faz pra Globo e porque sabe que ela e toda a propaganda vai dizer que é lindo e vai conseguir voto por isso, não por ajudar a maioria.
Sim, conheço o projeto de Sorocaba, inclusive aqui em Rio Claro – SP, cidade muito conhecida por ter muitas bicicletas, já vieram representantes de lá em um seminário muito bom que teve, sobre mobilidade urbana. Eles sempre falam que estão abertos e que querem ajudar, mas fazem muito pouco, diante de obras grandes priorizando grandes.
Acho que a via governamental é uma, até a mais importante, levando em conta da sua “legitimação”. Mas é gritar com surdo, e pra uma população estressada que quer se matar ( e matar os outros) todos os dias tudo fica muito mais difícil. Não defendo ficar quietx, temos que ir às ruas, mas acho que seria foda se um dia a pista da direita da 23 de Maio amanhecesse pintada de vermelho como se fosse uma ciclovia.
Belo texto André, mas acho que poderia ter ficado melhor dividido em capítulos! 😉
E por fim uma grave correção. Transporte não-motorizado é uma coisa, bicicleta é outra! 😉
http://blog.ta.org.br/2009/12/09/transporte-nao-motorizado/
Olha lá a opinião de um jornalista, blogueiro inverterado que nunca vi escrever mais de 3000 caracteres… rs
Pensei em dividir em capítulos, mas como eu disse, não é um artigo, ou post. É sim um estudo, espero que o texto sirva um dia de referência e será mais fácil de se achar num futuro, quando for apenas mais um post perdido no blog.
Quanto ao termo não-motorizado, também não gosto mas usei é o termo usado no código que ainda assim é confuso. Propulsão humana, depois tração animal, como se não fossemos animais
Abraços
Gostei Pasqualini,
Sabe que diversas vezes me comparei com você, quando você disse que era programador web foi foda…(pois tbm sou)
Divido o mesmo pensamento… Respeitando os pedestres é melhor o ciclista(inexperiente) ir pela calçada mesmo.
Conforme a experiencia vai aflorando a tendencia é ele descer da calçada, digo pelo meu caso mesmo
Mas na contramão sempre que pedalei foi uma merda então aconselho não usa-la mesmo!
Oi Phil, também não aconselho, não como se fosse uma forma mais segura como infelizmente muitos ciclistas consideram. Mas tem uma diferença enorme de pegar uma contramão na avenida Paulista e uma quadra numa rua de bairro residencial na região dos Jardins.
Um exemplo clássico é a Rua Sampaio Vidal que é paralela a Rebouças. Sempre foi uma excelente alternativa para mim para evitar pedalar na estreita Rebouças, até que de repente, inverteram a sua mão em algumas quadras pois a via (que é residencial) estava se tornando rota de fuga. O que eu fiz? Continuei encarando a via, mesmo na contramão, do que ter que pedalar na Rebouças.
Mas nada melhor do que a experiência e prudência, faço isso porque devido a inversão da mão, são poucos os carros que trafegam na via, portanto é mais seguro pedalar por ela do que seguir pela avenida. E caso nossos gestores de tráfego seguissem exemplos de cidades com boa infra cicloviária, poderiam inverter a mão dos carros mas manter mão dupla para o ciclista. Se houvesse uma boa sinalização a esse respeito dificilmente ocorreria algum problema.
Bem mencionado! Experiência e prudência…
A pouco tempo atrás postei que um ciclista(performance) veio reclamar que eu não usava capacete, porém poucos metros depois ele foi custurando carros, pedestres subindo com tudo em calçadas… em fim botava em risco a vida de “menores”, mas a dele “tava salva”!