Hoje meu bebê faz quatro anos de idade e em breve ele começará a planejar seu futuro, dizendo que quando crescer vai ser bombeiro, médico, ciclista. Aos oito anos, plantei na escola um feijão num copo com algodão molhado. Bastou ver a semente brotar para instigar meu lado megalomaníaco e resolvi fazer minha plantação de feijão num terreno baldio ao lado de casa.

Resultado: 2 kg de feijão depois de alguns meses e um orgulho enorme por ter conseguido, já tão cedo, transformar uma ideia em realidade. Logo depois disso, já começaram a enxergar cifrões em mim… “Ele vai ser fazendeiro.” “Não, ele vai ser engenheiro agrônomo.” Imaginem uma criança de oito anos, sem internet, tentando descobrir o que fazia um engenheiro agrônomo.

Quando fiz 12 anos, tivemos a famosa visita do cometa Halley. Ganhei uma lunetinha simples do meu pai e fui um dos poucos que conseguiram enxergar o cometa. Pronto, já deixei a agronomia de lado e decidi que seria astrônomo. Hoje não sou nada disso do que sonhei e quando bateu a “crise dos 30”, fiquei frustrado, pois a maioria dos meus planos, que fiz na adolescência, estava longe de se realizar. Por isso, quando meu filho vier falar sobre o que vai ser quando crescer, vou dizer: “Filho, se preocupe em ser feliz!”.

Tenho amigos que se matam de trabalhar e, apesar de já conseguirem dinheiro suficiente para sustentar duas gerações, vivem reclamando que não fazem nem têm tempo para fazer o que gostam. Já outros gostam tanto do trabalho que só isso já basta para deixá-los felizes, os workaholics com orgulho. Mas a maioria, infelizmente, é formada pelos que vivem para trabalhar e descobrem só depois de velhos que escolheram a profissão errada.

Hoje, penso apenas em ser feliz, quero fazer o que gosto, precisar de pouco dinheiro para sobreviver, estar perto das pessoas que eu amo, curtir meus amigos, fazer várias viagens de bicicleta e, principalmente, quero viver cada dia de uma vez.

Por isso, filhão, quando estiver na dúvida do que ser quando crescer, pegue este jornal e leia o conselho do papai. Desde cedo, queremos ser felizes; não deixe a rabugice estragar seus planos. Seja feliz e saiba que estarei sempre à disposição para ajudar na eterna busca pela felicidade, na certeza de que isso me fará feliz também.

Todas as terças escrevo para o Jornal Destak de São Paulo, na coluna “Seu Destak”. Clique e veja a coluna no site do Jornal.