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Meus amigos mais próximos (bem como meus inimigos mais próximos) ao terem notícia da ação que entrei contra a Toyota por usarem minha imagem sem autorização, sabem muito bem que a motivação de enriquecimento fácil jamais existiu. Por um lado fiquei feliz quando a Justiça me deu ganho de causa, mas por outro acho que a Toyota também ficou feliz com a redução da multa de 100 mil reais para 8 mil reais. No final das contas eles conseguiram (contra minha vontade) usar a minha imagem numa propaganda de um carro por uma merreca sabendo que se tentassem pelas vias legais, JAMAIS conseguiriam associar a minha imagem a um carro SEJA LÁ QUAL FOSSE A QUANTIA!

Eu como qualquer pessoa, por mais que não concorde com isso, tenho a necessidade de dinheiro para sobreviver, mas mesmo sabendo dessa necessidade, tomei uma decisão importante em minha vida, jamais ganharia dinheiro fazendo algo em que não acreditasse. Como não acredito que os carros trazem mais soluções do que problemas (isso só para demonstrar que consigo ver os carros fazendo algo útil), nunca faria uma propaganda de carro, principalmente enquanto essa lógica não se inverter.

Um bom exemplo é que no meio desse ano eu e minha mulher fomos convidados a fazer parte de um projeto que se chamava Mochilão BR, um projeto contratado pelo Ministério do Planejamento que tinha como objetivo juntar vários jovens (enganei eles) para viajarem pelo Brasil fazendo vídeos mais despojados pelas obras do PAC. Quem me conhece sabe que mantenho uma relação de amor e ódio com o PT, mas além do dinheiro, mesmo não concordando com muitos projetos desse governo eu aprovo e bato palmas para muitos outros. Tanto é que pelo telefone a primeira coisa que disse foi para que não me mandassem para Belo Monte ou qualquer outra obra hidroelétrica. Pedi que se possível me mandassem para cobrir obras de mobilidade urbana, até porque como essa é minha área, poderia contribuir com informações mais específicas. O resultado tá aqui embaixo nessa playlist, gostei muito do meu trabalho, inclusive do Selfie com a Dilma, mesmo que ela jamais estivesse entre minhas candidatas preferidas.

Ou seja, perde tempo quem acha que minha motivação ao entrar com a ação fosse financeira, tanto é que desde o início deixei claro aos mais próximos que minha intenção era doar minha parte para alguma instituição e se realmente ganhar algo é isso que farei. Minha principal motivação era o de levantar dois debates, o primeiro é sobre o pouco caso por parte de muitas empresas, (não necessariamente as automobilísticas) com a imagem das pessoas, fica a sensação de que nossa imagem e nossos valores não significam nada para quem tem tanto poder (principalmente financeiro). Já a segunda motivação foi levantar minha bandeira, a da mobilidade urbana e o quanto veículos como esse do processo reforçam a minha tese de que os carros em geral, direta ou indiretamente, mais atrapalham do que ajudam nossas sociedades a evoluírem.

Num próximo post vou falar exclusivamente sobre essa questão das SUVs e tudo que acho sobre esses estúpidos veículos. Notem que bato nesse tipo de carro, portanto se existe algum “ódio” ele se concentra nesse tipo de veículo automotor, quanto aos demais foco minha crítica a sua Ode, tanto por parte de algumas pessoas como por parte de alguns governantes, ode essa que só traz malefícios a quem está fora ou não tem acesso a esses carros. Falando da primeira motivação, vamos a algumas respostas:

Porque processei a Toyota e não a Concessionária?

Primeiro que nem sabia que a marca Lexus pertencia a Toyota, a princípio iríamos processar a concessionária, mas durante as pesquisas realizadas, descobrimos que essa concessionária representa a Lexus no Brasil e que é ligada diretamente a Toyota. Por mais que a concessionária fizesse besteira, a Toyota sempre foi a responsável legal por tudo que diz respeito à sua imagem e ela é quem deveria não ter permitido o uso daquelas imagens e principalmente ter se RETRATADO comigo. Ela é responsável legal por seus funcionários ou empresas que divulgam sua marca.

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Essa página da Lexus ficou mais de 6 meses no ar até eu ser marcado. Uns dois meses após essa marcação ela foi retirada do ar. Pelas normas éticas qual seria o papel da Toyota ao ver que eu fui marcado e ofendido? No mínimo entrar em contato comigo, pedir desculpas pelo transtorno e principalmente tentar um acordo comigo. Falando sério, eu me contentaria com um simples pedido público de desculpas em sua página, nem faria questão de um acordo financeiro. Poderia até pensar em algum valor se eles propusessem doar uma quantia a alguma Ong que fomentasse o uso da bicicleta, mas nada disso ocorreu, simplesmente se calaram, provavelmente acreditando que nada iria acontecer.

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Não tive outra alternativa a não ser entrar com a ação. Apesar de saber que as chances de vitória na justiça fossem grandes, também sabia que é praxe do nosso judiciário determinar valores irrisórios nas indenizações por danos morais, mas confesso que achava que a juíza iria fazer um cálculo que não caracterizasse enriquecimento sem causa (provavelmente a juíza se equivocou, não acredito que ela quis usar o termo “ilícito”), mas tentaria dar alguma punição que realmente constrangesse a Toyota e que desestimulasse tais ações com base no seu poder financeiro.

Vamos combinar, 8 mil reais não paga nem o IPVA desse carro (algo em torno de 250 mil reais), provavelmente sequer cobriu seus gastos com advogados. Por isso que só consigo considerar que eles ficaram muito satisfeitos com tal decisão.

Quem quiser acessar a sentença, basta clicar aqui. Abaixo uma galeria com várias imagens que usei no processo, como disse no post anterior, essa página “Lexus Amazing” estava linkada no ícone do Facebook da página principal da Lexus do Brasil, hoje o link é para uma página gringa.

Tem outro detalhe, eles usaram o Parque da Serra do Mar como plano de fundo para suas fotos SEM AUTORIZAÇÃO DO PARQUE e muito provavelmente receberão um novo processo, dessa vez por parte do Estado.

Pra encerrar, pra deixar bem claro que minha intenção é, além de limpar essa mancha na minha história, ao final sentir que a justiça realmente foi feita e que a outra parte se sinta punida. Tanto é que (nem sei se isso é possível), mas sugeri ao meu advogado que inclua no recurso minha vontade, não importa o valor definido nas demais instâncias, que toda minha parte seja depositada na conta de uma Ong indicada por mim. Pois não será com esse dinheiro que pretendo resolver minha vida, mas sim com o suado dinheiro fruto do meu trabalho que necessariamente jamais poderá conflitar com minha causa.

André Pasqualini