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Sempre que cruzar um estado, farei um post específico com minhas impressões gerais, começando por São Paulo.

Numa das Bicicletadas Paulistana, fiz essa alegoria da foto inicial em referência ao popular carro “Ecosport”. Lembro que parei ao lado de um ecosport e brincando com o motorista falei “te enganaram, o original é esse aqui”. Daí ele me respondeu; “Mas é a álcool”.

Se você tem um carro flex e usa álcool porque é mais barato, tudo bem. Agora se está abastecendo achando que está fazendo um bem para a natureza, se informe melhor.

Como já cruzei o estado duas vezes beirando o Tietê (em 1997 e 2004), creio que tenho dados suficientes para afirmar que muita coisa mudou e para pior.

Falando do movimento das estradas, o aumento do número de carros foi estrondoso e a qualidade das rodovias não era como eu esperava.

Nas rodovias privatizadas, o asfalto é bom, sempre tem acostamento, o problema é a sujeira da pista que me rendeu várias camaras furadas e um pneu cortado. Sem falar que é desagradável pedalar com aquele barulho das rodovias.

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Sempre que possivel, até mesmo pela necessidade de ir parando nas prainhas do Tietê, optava pelas vicinais de asfalto ou terra. Nas de terra sempre eram mais tranquilas, embora exigissem mais do físico.

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Já as asfaltadas, raramente tinham acostamento e você era obrigado a conviver com motoristas insanos, pois sabendo da ausência de fiscalização, abusavam da velocidade, colocando a vida deles e a sua em risco. Apesar do risco, você incrivelmente se acostuma e passa a lidar com isso sem se estressar.

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Mas o que mais me surpreendeu de forma triste, foi a devastação que o cultivo da cana trouxe ao estado. Inspirado na savana, batizei esse “novo bioma” de São Paulo de saCANA. Interpretem como quiserem.

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Não se planta mais nada no estado que não for cana. Vi poucas fazendas de laranja na região de Limeira e apenas alguns sitios aqui e ali plantando algo diferente. Até as fazendas de gado que eram abundantes estão sumindo.

Conversando com alguns fazendeiros, eles dizem que as usinas arrendam o terreno deles por 5 anos, cultivam, colhem, pagam (e bem) e depois devolvem o terreno judiado e o dono tem que se virar para consertar os prejuízos que a monocultura da cana trás.

A Cana precisa de muita água e deixa o solo arenoso, parecendo praia. Seca as nascentes e contamina os rios com tantos agrotóxicos que são usados. Eu mesmo não tive coragem de chupar uma cana sequer, depois que eu senti o cheiro daquilo que eles jogam na cana.

O resultado são sinalizações em praias como Barra Bonita de imprópria para banho.

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O calor na região onde há cana plantada aumenta demais. Na poucas oportunidades que passei por regiões com mata original, a temperatura caia uns 5 graus.

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Há também uma proliferação de algas, que segundo conversei com alguns biólogos, elas crescem porque o rio está poluido, que pode ser tanto pelo cultivo da cana, como do despejo de esgoto das cidades.

O estado de São Paulo está devastado. Tirando poucos parques no seu litoral, cerca de 90% da área do estado virou plantação e pela região por onde passei só dá cana.

Mata ciliar, que deveria proteger os rios inexiste, principalmente no Tietê e nos seus afluentes. Falando só do Tietê, por incrível que pareça, apesar do “suposto” Projeto de despoluição do Tietê ter avançado, o rio hoje está bem mais poluído do que em 1997.

Resumindo, fiquei triste com o futuro do nosso estado, se continuar caminhando nesse ritmo, em breve o Tietê e grande parte dos nossos rios não passarão de um super esgoto a céu aberto, o pouco de mata preservada que temos, logo vai pro espaço.

Por incrível que pareça, em 1997, nosso estado estava bem melhor e mais agradável para se pedalar. Hoje não vejo tantos atrativos para isso.