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Em 2013, logo que saiu a condenação em primeira instância do Thor Batista fiz a seguinte previsão – “Se o Thor for condenado em 2ª Instância, eu corto meu saco!” Como vocês podem ver manterei meu saquinho intacto, isso porque tenho plena consciência de que no Brasil, só pobre que se fode na justiça.

Para quem quiser ver o artigo clique aqui, mas de forma resumida,fiz um paralelo do caso do Thor com o de um outro “cara” que teve a placa do seu carro adulterada por alguém que tinha a intenção de prejudica-lo. Enquanto o Thor foi condenado a 2 anos de prisão pelo assassinato de uma pessoa por Juíza de primeira instância, onde realmente ocorrem os julgamentos, esse outro cara foi absolvido também por outra Juíza, pois estava tão claro que não havia sido ele o autor da adulteração, pois do contrário ele teria que ser um inteiro idiota para mudar a placa de 3 para 8 justamente numa quinta-feira, dia que carros de final 8 não podem circular em São Paulo.

A diferença básica entre os dois casos é que enquanto o Thor era milionário (pelo menos até a época do acidente) o carinha era um fudido, que foi obrigado a ser defendido por um Defensor Público que acabou o fodendo ele ainda mais. No final das contas, enquanto o Thor conseguiu transformar sua condenação em absolvição na segunda instância, quando os desembargadores (minúsculo é intencional) julgam os recursos, esse “carinha fudido” teve sua absolvição reformada e foi condenado a 3 ANOS DE CADEIA por supostamente ter colocado uma fita na placa do seu carro. Esse fudido descreveu sua saga nesse outro link para quem quiser entender esse outro processo, até mesmo para criar seu juízo de valor.

Mas focando apenas no caso do ex-bilionário, primeiro fica claro que nossos desembargadores, muito provavelmente participantes do mesmo círculo social do assassino, começaram a dar sinais de que iriam passar um pano para seu camarada quando afastaram do processo o perito que constatou que o carro estava a 135 km/h. Minha leitura foi um sinal claro para que o Thor não esquentasse mais sua cabeça, já que quando chegar na vez deles tudo estaria resolvido, por isso que não recebi o resultado julgamento com surpresa.

Agora comparando mais uma vez os dois casos, esse episódio deixa claro que, para a justiça, o patrimônio dos seus protegidos tem muito mais valor que a vida humana. 2 anos para um assassinato e 3 anos para uma fita numa placa de carro? Tem alguma coisa errada aí.

Os juristas de plantão vão alegar que adulterar a placa é um crime contra a fé pública, mais ou menos. O legislador que criou essa lei estava preocupado em inibir o roubo de automóveis e principalmente a receptação, duvido que esse legislador imaginava que poderia colocar na cadeia um cidadão que tentasse burlar um rodízio.

Enquanto muitos países europeus estão aumentando as penas para os crimes que atentam contra a vida e atenuando as penas daqueles que atentam contra o patrimônio, no Brasil se reforça o oposto. Cada vez fica mais claro que o papel da nossa justiça é o de trabalhar para proteger os bem afortunados e trabalhar com muita determinação para lotar nossas cadeias de pobres e realizando assim uma certa higienização das nossas cidades. O mais legal é que no caso do Thor o serviço para a “sociedade” foi duplo, o primeiro de mostrar quem realmente manda nessa porra de país e segundo para sempre lembrarmos onde é o lugar do resto, na cadeia ou no cemitério.

Trabalho mesmo para a justiça, só quando o assassino mata alguém da mesma casta, nessas horas que nós, simples mortais, podemos nos divertir um pouco assistindo a briga de foice dos poderosos. Enquanto isso vamos levando nossa vida e torcendo para não cair nas mãos desses podres fdps.

André Pasqualini